Capitulo 02•

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Eu tenho vivido tantas vidas, já fui chamada por tantos nomes e já fui xingada por tantos também alguns era leves, outros eram assustadores, o pior para mim era os apelidos disfarçados de intenções nojentas e pervertidas, os dias era seguros a luz do sol iluminava tudo deixava nítido cada sombra, cada rosto, já a noite era perigosa, ela abrigava toda a escuridão que havia escondida em cada parede, em cada rosto, em cada movimento. Com o tempo eu aprendi a me camuflar, a me esconder nas sombras mas o problema de se esconder e que um dia você é pega.

Me olho no espelho mais uma vez conferindo minha roupa, uma saia roxa que ia até minha panturrilha, uma blusa grande de frio preta, minha botas coturnos, meu cabelo amarrado em um coque  e uma bolsa de pano.

Sim o terror de Olívia Morreti, isso seria a morte aos olhos dela.

Confiro meu relógio novamente percebendo que eu teria que sair exatamente agora, não podia deixar mais nenhum momento passar mesmo que minha barriga roncasse de fome e eu tivesse alguma queda de pressão no meio da rua mesmo assim, não valia eu ficar alguns minutos ali, pego minhas coisas e em passos rápidos desço a escada olhando ao redor e vendo tudo apagado e silencioso, Donavan, amigo de Edgar estava jogado no sofá com um braço no rosto e um perna caída, passo por ele em passos rápidos e quando estou chegando na porta eu escuto sua voz.

— Você já vai?.— Ele meio que sussurra.

Me viro olhando ele se sentar no sofá e coçar os olhos.

— Sim.

— Certo! Até.— Ele diz e eu não o respondo de volta, apenas abro a porta e saio sem olhar para trás.

Eu ainda tinha duas horas antes de começar meu horário de trabalho, desde então eu prometi fazer algo para mim nesse tempo, algo que valesse a pena. Pego o ônibus e me sento no fundo depois de alguns minutos desço no ponto que preciso e ando mais um pouco até chegar finalmente chegar.

— Bom dia.— Sorrio para Elias.

— Dois minutos atrasada.— Ele diz olhando o relógio imaginário em seu pulso.

— Desculpe a Ferrari quebrou no meio do caminho.— Brinco.

Ele me da passagem para que eu entrasse, o frio estava chegando fortemente na Europa, vou até o vestiário e troco minha roupa por uma de ginástica mais confortável, Coloco minha luvas e subo no tatame, Elias já estava me esperando.

— Começou a sessão de terapia.— Ele diz rindo, era assim que ele chamava nossas aulas de lutas.

Autodefesa, é o que eu faço a muito tempo. Todos os tipos possíveis de luta e suas técnicas, eu absorvo tudo que posso, movimentos, golpes, truques, qualquer coisa porque eu precisava sobreviver, porque eu ainda preciso sobreviver.

— Direita e esquerda e o resto você sabe.— Ele pisca para mim dando o sinal para que eu começasse.

As palmas das mãos de Elias se levanta indicando que eu podia prosseguir, o primeiro golpe liga a adrenalina em meu corpo, o segundo o faz correr por meu sangue, no terceiro eu já me sentia mais viva, no quarto eu pego velocidade e continuo constantemente minha sequência de golpes, Elias agora começa a interagir comigo, ele tenta me acertar mas eu esquivo, ele tenta novamente e eu esquivo para a direita dessa vez, ele tenta acertar minhas pernas mas eu pulo e acerto sua mão.

— Vamos Cecília, cadê sua força.— Ele diz sério, como um general.

Seguimos assim por uma hora repetindo os movimentos como se fosse um aquecimento, até que ele para e tira a proteção em sua mão e eu faço o mesmo, agora é a hora em que ele me faz dar tudo nesse ringue, Elias ataca e grita para que eu somente me defendesse com técnicas de kung fu é assim eu fiz, meus pés giravam era como se estivéssemos dançando, as mãos de Elias era agis, suas mãos eram fortes mas ele diz que eu tinha que me mover como o ar e atacar como o fogo, foi assim que desde que eu cheguei, em um momento de distração sinto meu corpo ir ao chão, rapidamente eu rolo para o canto e fico de pé.

— Hora do ataque.— Ele diz levantando a sobrancelha.

O chamo com a mão e ele da um sorriso confiante, Elias se aproxima de mim tentando acertar meu rosto mas eu seguro sua mão e aplico um golpe em sua barriga o afastando, ele sorri orgulhoso mas isso duro milésimos de segundo pois logo ele volta a me atacar e ficamos assim por muito tempo até que sinto sua perna me derrubar no tatame.

— Temos que melhorar sua força nas pernas, isso.— Ele aponta para mim ainda no chão.— Não devia acontecer, porque quando você estiver no chão ele terá uma chance, uma mínima chance.

Elias nunca soube o que se passará comigo mas recebendo sempre inúmeras mulheres em sua academia atrás de proteger a si mesma ele adquiriu uma habilidade de saber o que cada uma procurava sem ao menos precisar perguntar.

— Eu só vou cair no chão se eu tiver morta.— Cuspo levantando com dor na costela, onde eu bati no chão.

— Então me prometa que isso nunca acontecerá, não é para isso que eu a treino.— Ele diz me ajudando a ficar de pé por completo.

— Tenho que ir, se não me atraso para o trabalho.— Comento verificando as horas.

— Certo, por hoje foi o suficiente mas na próxima vamos fazer suas pernas trabalhar.

Confirmo com a cabeça bebendo minha água, meu corpo ainda era pura adrenalina, minhas mãos estavam um pouco dolorida e meus cabelo em completo caos, vou em direção ao banheiro e tomo um ducha ouço o barulho das portas de ferro da academia sendo apertas, finalizo meu banho colocando minha roupa e arrumando meu cabelo, pego minha bolsa e me despeço de Elias.

— Ei.— Ele me chama.— Aqui, come.

Aceito de bom grado seu sanduíche eu estava realmente faminta, e enquanto mastigo o delicioso sanduíche de salame eu vou caminhando até a empresa. Graças a Deus o senhor Erick e Lilith ainda não haviam chegado assim podia colocar um pouco de gelo do refeitório nas minhas costelas.

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