Capítulo 54•

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A semana passou muito rápido, eu diria que os dias estavam passando numa velocidade que me deixava ansiosa, por um lado por saber que a cada que passava o meu tempo com Oziel se acabava e por outro o silêncio repentino de Edgar, ele que sempre adorou ser o centro das atenções e fazia qualquer coisa possível para se demonstrar superior ou melhor, agora está calado, me questiono se ainda estava no México ou se havia voltado e estava planejando algo nojento e maquiavélico. Hoje era sábado e eu estava acordada às 6 da manhã ajudando a senhora Angela arrumar um evento que seu restaurante iria cobrir, além do senhor Mateo me dar a missão de selecionar pessoalmente os melhores vinhos para esse evento, combinando cada sabor com os pratos e deixando exposto as novas garrafas de safras feitas, eu estava animada por receber tão tarefa isso significava que o senhor Mateo confiava em mim para cuidar de algo tão precioso para ele, e a senhora Ângela disse que era a melhor pupila que ela já teve, muito talentosa o que fez meu ego inflar.

Pego uma caixa a levando para a cozinha onde estavam todos colocando as comidas que irá ser preparada essa noite, eu estava tentando abrir a porta quando vejo uma mão masculina a empurrando para mim, logo em seguida o rosto de James surgi com um sorriso.

— James, oi.— Digo surpresa por vê-lo aqui.

— Eu achei que você poderia querer ajuda.— Ele diz pegando a caixa de vinho das minhas mãos e levando para a cozinha.

James coloca sutilmente a caixa encima da mesa e volta novamente a me olhar.

— Como me encontrou aqui?.— Pergunto curiosa.

— Eu ouvi a conversa de Ana com Morgana, então passei para dar um "oi."

Ele coloca as mãos no bolso de sua calça preta e da um sorriso de lado.

— Você já tomou café?.— Ele pergunta.

—  O que você quer James?.— Vou direto ao ponto.

Saber que James estava aqui significava apenas uma coisa.

— Tomar café!.— Ele se empoem e eu percebo que ele só iria me deixar em paz no dia de hoje depois desse café.

— Vou avisar a senhorita Angela, só me espera lá fora tá.

Peço dando as costas para ele e indo procurar a senhorita Angela, a encontro conversando com alguns chefes de cozinha, aviso em seu ouvido que iria tomar um café e já voltava, ela não se opôs apenas me pediu para que lhe trouxesse um café quente sem açúcar. Encontro James do lado de fora e decido que devíamos ir na cafeteria perto dali, me sento na mesa enquanto James pede nosso café da manhã no balcão, ele volta segurando uma bandeja com seu café preto e o meu com um pouco de leite e chantilly, além de alguns pãozinho amanteigado.

— Como você costumava gostar.— Ele diz me entregando.

Esse gesto, saber que ele ainda se lembra de alguns detalhes me faz dar um sorriso.

— É, isso mesmo.— Agradeço tomando um gole do delicioso café. — Então... pode começar a falar.

— Eu pensei em tudo o que você me contou, eu tive muito tempo para pensar na verdade e Cecilia, não podemos deixar as coisas assim...

— Não podemos? Nos?.— Pergunto o olhando seria.

— Sim, nós não podemos, o que fizeram com Isabela com você, e quer saber acho que isso está longe de acabar talvez eles até estejam atrás de você...

— James, para!.— O interrompo.

Eu sabia que no momento em que James soubesse da verdade, por menor detalhe que ele saiba, ele não deixaria passar como se não fosse nada, James e sua alma de vingador dos oprimidos esse foi um dos motivos por qual Bela se apaixonou por ele, a segurança a qual ele nos oferecia.

— Não existe essa coisa de " nos podemos" você não pode James, não pode!.— Tento suar suave mas sei que isso não saiu nada gentil, pelo contrário.

— Cecilia eu não estou pedindo.— Ele deixa claro.

— E eu não estou disposta a isso.— Passo a mão nas bochechas.— Olha James, eu sinto muito por você está vivendo isso de novo, entretanto isso é muito maior do que imagina e não, eu não vou envolver você nessa merda.

James parece assustado com o que eu acabo de dizer, tanto que ele deixa pingos do café quente cair em sua mão.

— Isso quer dizer que você ainda tá nessa merda.

E foi a minha vez de ficar surpresa.

— James...

— Cecília que merda, você, meu Deus, aqueles caras ainda estão perto de você te ameaçando.— Ele conclui seu pensamento.— Alguém assassinou Isabela, perseguiu você e me tirou a pessoas que eu mais amava.

Eu podia ver a dor em seus olhos, eles mostravam o quanto foi difícil todos esses anos sem nenhuma resposta.

— Sei que quer ajudar, fazer algo que lhe traga justiça e até mesmo paz mas você não sabe o que é isso, o quão perigoso é esse mundo eu não tive escolhas James e eu não vou permitir que todo esforço de Isabela para te proteger dessa merda respingue em você ou pior, te afogue.— Era isso, tudo o que eu disse era verdade.

— Isso não cabe a você decidir, porra, Cecília entende que isso não vai ter fim.— Dizer a verdade em voz alta só enfatizava que isso não parecia estar longe do fim.

— E qual seria o plano James? Virar o super man? Já que sabemos que não dá para contar com ninguém.— Eu estava cansada de procurar soluções para essa merda e me frustrar com todas as opções.

Na melhor das hipóteses eu estaria morta com uma bala na cabeça de uma maneira rápida e menos indolor.

— A gente pensa em algo Cecília, não estamos mais no México.— Ele diz e eu afundo na cadeira macia de couro.

— Não estou mas mesmo assim meus pesadelos ainda são reais e constante, eu não vivo James isso aqui, minha vida, sou só eu tentando sobreviver a mais um dia tentando buscar a liberdade que me foi tirada, você não sabe do inferno que eu passei todos os dias então não, você não tem direito de achar que conhece essa merda, as séries que você provavelmente começou a ver depois da nossa conversa não chega aos pés do inferno que pessoas desse mundo vive constantemente, inclusive agora mesmo você pode virar a esquina e ser morto "acidentalmente" somente por ter se sentado aqui comigo e eles descobrirem que tem algo relacionado a um passado meu com Isabela e isso acabaria comigo, ter mais sangue nas minhas mão, eu estou cansada demais para acreditar que esperança existe, eu tentando sozinha fazer algo por mim porque eu sei que no final esse merda só vai me afogar mas eu já tô acostumada de alguma forma.

James me fez lembrar de que minha vida, o conto de fada que eu estava vivendo, os momentos felizes e reais que eu podia até tocar não passava de uma pequena ilusão dado por minha pequena sensação de liberdade que muito em breve iria acabar e dizer "adeus" todas as vezes destruía comigo, então pelo meu próprio bem eu deveria parar de me imaginar sento tão feliz aqui.

— Para com essa merda e esquece, por seu próprio bem e o meu, já me doe o bastante saber que isso vai acabar um dia, não preciso chorar a morte de mais um amigo.

Me levanto pegando minha bolsa e saindo às pressa deixando James sentado na mesa, não olhei para trás não queria ver o olhar de dor ou pena dele. Prendo meu cabelo num coque e volto ao trabalho arrumando os vinhos conforme senhorita Ângela me informa o menu do jantar, seria um longo dia.

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