Capitulo 34•

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Estava em semana de provas galera, perdão por não postar semana passada.

Eu socava aquele saco de treinamento com tanta força que meus dedos certamente iriam ficar doloridos após mas eu não ligava, na verdade, tinha tanta raiva no meu corpo que qualquer coisa que eu pudesse socar ou quebrar não iria adiantar muito, meu cérebro ainda me fazia pensar na noite em que o nojento de Nestor entrou no meu quarto, o modo como minha mae duvidou da minha palavra, a forma como ela ficou parada me observando enquanto o filha da puta do Alejandro me batia dizendo coisas sem sentidos, e mesmo assim por algum motivo eu não conseguia deixa- la aqui, sozinha nessa casa com toda essa gente estranha.

— O que o saco te fez hoje hija?.— O treinador César ri.

— Ele apenas existe para isso.— Não rio, apenas continuo socando mais.

— Certo, acho que por hoje nós já terminamos.— Ele diz segurando o saco.

Paro de socar sentindo o suor descendo pela minha testa e suspiro balançando as mãos.

— Chica, não deixe a raiva entrar em seu coração.— Ele avisa sério.— Ela não é nada fácil de sair e costuma aumentar desproporcionalmente.

Eu não o respondo, apenas o agradeço pela aula e o ignoro não queria conversar sobre todos os demônios que me atormentava naquele momento. Mais tarde naquele dia após eu ter tomado banho, decidi ler meus livros de super heróis no jardim era o único lugar calmo dessa casa, eu estava sentada na grama o dia estava gostoso, debaixo daquela árvore eu tinha um sombra mas o sol estava brilhante e o céu sem nenhuma nuvem, eu tomo um gole do meu refrigerante e viro a página começando um novo capítulo, eu amava as lutas as técnicas da viuva negra, como ela tinha tido uma vida difícil e mesmo assim se esforça para ser alguém melhor.

— Não cansa de ler esses quadrinhos ridículos?.

Olho para cima e me deparo Edgar, ele me observava como um menino encrenqueiro que era, apenas o ignoro voltando a ler meu quadrinho, estava na parte emocionante da luta quando o sinto ser retirado da minha mão rapidamente, furiosa me levantando olhando para Edgar que tinha um sorriso no rosto.

— Me devolve isso agora.— Eu estico minhas mãos tentando alcançar meu quadrinho.

— Por que você gosta tanto disso, credo, isso é coisa para gente ridículas, como você.— Ele diz arrancando uma página e rindo.

Dou um grito e vou para cima de Edgar, tento pegar sua mão mas ele era mais alto que eu e mais forte, ele jogo a revista no chão e segura minha mão com força.

— Gosta de brincar?.

Ele diz e eu faço que não com a cabeça mas mesmo assim ele continua a segurar minha mão com força e a rodar, ele aumenta a velocidade e eu tento por diversas vezes não tropeçar nos meus próprios pés.

— Para com isso Edgar, eu não quero.— Digo vendo ele me ignorar.

Ele me gira com mais força ainda sem me deixar outra opção.

— Me solta!.

Era inútil pedir para que ele parasse, parecia que a cada pedido meu ele queria ainda mais me fazer rodar, em um momento eu estava rodando e no outro sinto meu pé entortar e neste exato momento sinto as mãos de Edgar me soltarem tão rápido que eu tropeço para traz e caio por cima do meu braço a dor que me atinge era absurda, mas quando me mexo um pouco solto um grito ao ver que meu braço estava quebrado e o copo de refrigerante havia se quebrado fazendo alguns cacos de vidro entrarem na minha perna. Eu gritava enquanto minhas lágrimas corriam pelo meu rosto, vejo os empregados vindo em nossa direção, logo o rosto da minha mãe surge.

— Hija, o que passo?.— Ela pergunta aterrorizada.

Meu braço doía tanto que eu não conseguia dizer nenhuma palavra, apenas chorava enquanto tentava tirar os cacos de vidro com o outro braço.

— Ela caiu, a gente estava brincando e ela tropeçou enquanto girávamos e caiu por cima do copo e do braço.— Edgar explica e eu queria mandá-lo a merda.

— Madre de Dios, mi hija.— Minha mãe se aproxima.

— E eu avisei a ela que algo assim poderia acontecer mas ela insistiu, só queria fazer algo legal por ela.— Edgar continuava com suas mentiras.

De repente eu estava cercada de seguranças que me pegaram e me levaram até o hospital, me lembro bem quando o médico disse que eu ia precisa usar gesso até o final daquele mês e provavelmente do próximo também, me lembro da sensação horrível da anestesia para poder fazer a sutura onde estava os cacos de vidros, lembro do apavoro no rosto da minha avó quando me viu naquele estado, o quanto culpou minha mãe, o quanto ela se lamentou por eu ter passado por algo como aquilo, e do choro sentido da minha mãe, mostrando que realmente o sentimento que a assombrava naquele momento era o de arrependimento lembro-me do rosto sem expressão de Alejandro quando voltamos para casa.— Depois de uma briga feia da minha abuela e da minha mãe no corredor do hospital.—dizendo " brincadeira de criança são assim mesmo." E do sorriso de Edgar escondido atrás da escada. Naquela mesma noite eu tomei alguns remédios antes de ir para cama, a dor estava voltando e eu estava morrendo de medo, minha mãe tentou ficar comigo mas naquele momento eu estava com raiva dela, raiva daquele lugar, raiva de mim mesma por não ter o enfrentado direito, eu estava exausta de todo aquele sentimento em mim, fiquei até de madrugada com medo de que Edgar pudesse entrar e fazer algo então eu tranquei a porta e dormir com meu pequeno estilete debaixo do travesseiro, vencida pelos remédios eu simplesmente apaguei, tentando esquecer aquele dia.

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