Capitulo 53•

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Já fazia dois dias que eu não tinha mais visto Oziel, ambos cheios de trabalhos, contratempos e eu com a desculpa de estar sem tempo mas acontece que, depois da nossa ida ao cinema eu senti meu coração acelerar, sentir que iria doer demais ter que deixá-lo então eu precisava ficar sozinha sem ele para que meu coração entendesse o quão fodida era nossa situação porém esta manhã enquanto eu fazia planilhas que o Erick pediu,  Ana chegou com sua barriga enorme e pés de patos, a mesma me disse que depois de anos o irmão dela estava doente a princípio eu achei que era Orfeu, o mais novo mas quando o nome de "Oziel" saiu de sua boca eu não consegui mais me concentrar no trabalho e não tinha coragem para mandar mensagem, fiquei aflita o restante do meu dia sentada naquela cadeira me perguntando se eu deveria ir ou não vê-lo, então assim que deu meu horário de expediente eu deixei meu coração comandar, passei no mercado e comprei ingredientes o suficiente para um sopa forte.

Peguei um ônibus até lá e fui vendo diferentes receitas na internet mas a única que eu sabia que iria cura-lo era o da minha Abuela, ela fazia a melhor sopa "levanta difunto" como ela chamava, desci no ponto e andei um pouco até seu prédio o porteiro me recebeu com um sorriso acolhedor e me deixou subir já que Oziel tinha autorizado minha presença ali, a cada andar que o elevador subia meu coração saltava, minha mão suava e meu sorriso ganhava vida, quando finalmente as portas de ferro se abriram minhas pernas não esperaram nenhum comando, elas simplesmente foram até a porta batendo levemente enquanto meu corpo todo se arrepiava ao ouvir um barulho do lado de dentro.  Um Oziel com cabelos loiros bagunçados e pijama de seda abriu a porta, o nariz vermelho e os olhos também além da olheira de quem não havia dormido bem.

—Oziel.— O cumprimento.

— Cecília.— Ele diz com aquela voz de trovão.

— Posso entrar?.— Pergunto olhando para o chão meio desconfortável.

— Claro, o que te trouxe aqui?.— Ele diz com deboche.

— Você.— Digo sincera entrando.

— Eu? O que alegria que se lembrou de mim.— Ele cruza os braços.

— Eu não esqueci você Oziel, eu nem conseguiria.— Digo indo para cozinha.— Só estava com muito trabalho, a loucura de sempre.

Começo a mexer nas sacolas evitando o máximo de encarar os olhos azuis que mexiam com a minha alma.

— Tão ocupada que nem ao menos podia jantar ou dormir comigo?.— Ele estava atrás de mim.

— Muito ocupada, aliás, essa coisa de dormir sempre com você não vai dar bom porque o que vamos fazer quando o prazo acabar?.— Pergunto ainda de costas tirando as coisas da sacola.

— eu vou dar um jeito.— Ele diz e seu tom de voz de despreocupada me incomodou.

— Nossa como você é um cara de boa com tudo, né.— Tento disfarçar o amargo na minha fala.

Sinto os dedos dele na minha cintura e ele me vira me fazendo fitar os olhos azuis que eu tanto gosto de olhar.

— Você está bem?.— Pergunto.

— Estou doente acho que não seja nada que vá te passar.— Ele diz dando os ombros.

— Trouxe coisas para fazer sopa, e a melhor do México minha Abuela que ensinou, você vai melhorar.— Digo tocando em seu rosto e o sentindo quente.

Coloco a mão em sua testa e afirmo que o mesmo está com febre.

— Dios, você tá queimando Oziel.

Minha preocupação era evidente e ele abre um sorriso satisfatório.

— E você veio cuidar de mim gatinha?.— Ele pergunta manhoso.

— Si carinõ.

Quando eu vi o apelido já havia escapado e eu coloco a mão na boca olhando para cima, Oziel da uma risada de jogar a cabeça para trás.

— Vai para o sofá descansar, eu faço a sopa.— Digo o empurrando de leve.

— Não precisa, eu posso pedir algo para nós comer.— Ele contesta.

— Oziel Pellegrin, não ouse recusar a sopa de mi Abuelita.— Fingo estar brava com as mãos na cintura.

— Sim senhora, perdão abuelita. Prometo não contestar mais minha linda e doce Cecília quando ela for fazer a sopa da família.

Ele diz se deitando no sofá, eu pego a coberta e o cobrindo.

— Ahora si, muy bom.— Dou um beijo em sua testa.— Abuelita está feliz com você.

Oziel colocou em algum filme enquanto eu prendia meu cabelo e colocava seu avental, começo a cantarolar músicas da "Danna Paola" eu amo ela, fazia tudo com cuidado e carinho cada passo me lembrava da minha abuela cuidado de mim, em certo momento eu estava dançando um pouco enquanto cortava o cheiro verde, o cheiro das coisas no fogão era gostoso. Sempre que eu terminava um procedimento levava um pouco de líquido para Oziel, checava sua temperatura e dava um beijo no seu rosto.

Acho que isso o fazia ficar cada vez mais dengoso.

Quando finalmente terminei de lavar a louça que sujei a sopa havia ficado pronta e eu servi uma tijela para Oziel, levei até ele e coloquei em seu colo, ele cheirou dando um sorriso e assim que colocou a primeira colher na boca abriu um sorriso lindo.

— Vai pegar para você que eu vou colocar o nosso programa de culinária, estou atrasado por sua culpa.

Vou até a cozinha colocar um pouco para mim enquanto ouvia ele reclamar.

— Fico esperando você e não assisti, viu como sou bonzinho.— Ele diz e eu rio.

— Estou aqui agora, vamos começa.

— E ainda manda, ousada, eu deveria dar uns pelos tapas nessa sua bunda gostosa, deixa eu melhorar para você ver só.— Ele me ameaça apontando o controle.

— Quando melhorar vamos fazer o que você quiser mas agora come sua sopa todinha para melhorar.— Aviso com carinho.

— Vou me lembrar bem dessas palavras gatinha.— Ele diz voltando a comer.

— Sim senhor Juiz.— O provoco.

— Já sei até o que vou fazer com você.— Ele sorri como se tivesse tido uma brilhante ideia.

Começamos a assistir e a comer, Oziel ainda pegou mais dois pratos e comeu com vontade o que foi minha felicidade por vê-lo se alimentando muito bem, um tempo depois eu medi sua febre e ela já tinha ido embora, dei seu remédio e continuei ali até que nossos episódios terminassem.

— Cecília?.— Ele me chamou.

Estava deitado com a cabeça no meu colo e quando eu fazia carinho.

— Sim?.

— Fica comigo hoje, não vai embora não.— Ele pede de forma fofa.— vai que tenho febre de novo, então dorme comigo.

Por mais que minha razão dissesse "não" repetitivamente, dizendo que não era o certo meu coração estava feliz pulando, e bem, hoje ele que estava no comando então...

— Eu fico com você, cuidando a noite toda.— digo passando a mão por seu cabelo.

Oziel pega minha mão e leva ao lábios dando um beijo carinhoso nela e naquele momento eu me questionei se estava errada, e se o amor realmente existir, para mim?.

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