Capitulo 76•

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Oi gente desculpa a demora, semana BEM corrida mas tirei um tempo para escrever um pouco, não queria deixar vocês sem nada, sei que ficam ansiosos para o final de semana. Então obrigada por estarem aqui.💕💕

A última briga que houve naquela enorme casa foi repleta de gritos, insultos, ameaças e principalmente apelos de misericórdia e piedade, gostaria de dizer que os piores descritos era da minha mama porém a casa inteira podia ouvir os gritos de dor a cada vez que Alejandro a acertava. Tudo isso porque na cabeça maldita e doente dele minha mãe deu encima de outro homem no último jantar que fizeram antes do dia das eleições, quando eles voltaram a noite, lá pela madrugada, Alejandro a acusou de ser uma mulher interesseira, fútil e oportunista, claro, além de xinga-la de "vadia" e "puta de todos." Ela tentou explicar como todas as outras vezes mas ele estava bebedado demais para ouvi-la e drogado de mais de coca para entendê-lá, mas sendo honesta nem mesmo se ele estivesse sóbrio ele a ouviria e ainda sim ela irá apanhar como apanhou aquela noite.

Na manhã seguinte a mesa estava em completo silêncio, nem mesmo Edgar ousou soltar piadas sem graças em minha direção, minha mama tentou ficar isolada no quarto mas os planos de Alejandro eram outros, arrastada por brutamontes minha mãe foi obrigada a se sentar na mesa com o rosto completamente machucado, os lábios cortados assim como sua bochecha, um olho roxo e inchada, havia marcas de dedos no seu braço e além de arranhões, ela mal conseguia abrir a boca para comer algo.

— Esses pãozinho estão delicioso.— Ele comenta fingindo que nada aconteceu.

Aperto minhas pernas com força suficiente para ver minhas mãos ficando brancas, as lágrimas rolam pela minha bochecha, Edgar morde o bom e concorda com a fala do pai, minha mãe me olhava com tanto lamento que parecia um despedida.

— Acho que a cozinha acertou desta vez, aquela vaca nunca faz nada certo.— Alejandro diz rindo.

— Vai se fuder você seu mostro de merda.— Digo me levantando e batendo na mesa derrubando o copo de suco de laranja.

Ando em direção as escadas mas antes que eu alcance-se o primeiro degrau sinto mais segurando meus cabelos firmes, solto um grito pela dor.

— Acha que pode me enfrentar na minha própria casa e sair impune.— A voz de Alejandro chega aos meus ouvidos.

Não reajo, não consigo me mover mas consigo ver minha mãe tendo dificuldade de levantar da cadeira enquanto Alejandro me arrasta pelos cabelos atravessando na frente dos empregados a sala de jantar, Edgar sorri como se eu fosse sua série de comédia favorita, eu tento me soltar mas ele continua a me arrastar com força.

— ME SOLTA SEU MALDITO FILHO DA PUTA.— Grito enquanto me debatia.

— Você vai aprender quem manda nessa merda sua pequena puta.— Ele diz me segurando pelo pescoço.

Um de seus capangas abre a porta, mira a arma e atira na lâmpada que estava acessa e foi arruada naquela semana, as empregadas acharam que se colocassem luz me ajudariam mas alguém deixou ela acessa.

Alguém fez isso de propósito.

— Alejandro não por favor, eu imploro.— Minha mãe tenta se aproximar.

— CALA BOCA SUA VADIA, SERÁ QUE NENHUMA SURRA QUE VOCÊ LEVA VOCÊ APRENDE.— Ele grita no seu rosto.

Dou uma cotovelada em seu abdômen ouvindo um gemido de dor e quando ele afrouxa eu sujo de seu braços mas não o suficiente para não ser pega, seus homens estavam por todos os lugares, eles me pegam devolvendo a Alejandro que não mede nenhuma força ao socar o meu rosto, sinto um líquido quente descendo pelo rosto e meus olhos se encherem de água. Minha mãe continua a gritar por misericórdia.

— Vai ficar aqui até me respeitar, sua ratinha.— Ele me empurra no porão escuro e medonho fechando a porta rapidamente.

— Alejandro no.— Minha mãe pede e ouço seu choro.— Ela no.

— Cala essa merda de boca mulher.— Ele diz nervoso.— Narvarro, liga para Nestor e diz que semana que vem essa putinha e toda dele.

Ele diz se referindo a mim e eu dou um grito, tão alto e estridente que faz minha garganta doer.

— Me tira daqui, me tira daqui.— Bato na porta tendo uma crise de pânico.— SOCORRO.

— SOLTA A MINHA FILHA SEU FILHO DE UMA PUTA.

Minha mãe grita e eu ouço o som da mão dele a atingindo novamente.

— Eu cansei de você.— Ele diz e de repente os gritos da minha mãe são abafados e distantes.

Deixo meu corpo cair no chão sentindo a exaustão de tudo o que aconteceu, eu estava fodida e morrendo de medo.

Não sei quanto tempo eu chorei e fiquei gritando pela minha mãe, por alguém mas novamente eu estava sozinha no escuro. Ando até a outra ponta da parede e esbarro em algo no chão, tateio até pegar o objeto e vejo que era uma lanterna, alguém tinha deixado uma lanterna, possivelmente prevendo que irão descobrir da lâmpada nova, começo a vasculhar o porão que antes nunca foi visto com clareza por mim. Acho algumas caixas de papelão, pregos e alguns arrames soltos.

Eu precisava sair de lá.

Pego o arrame e vou até a porta, encosto meu rosto nela e tento ouvir qualquer que seja um passos e depois de alguns minutos eu enfio o arrame na fechadura e vou em passos rápidos e silêncioso até a cozinha, já era de noite e eu estava morrendo de fome. Pego um sanduíche já feito na geladeira e volto para o porão.

Eu fiquei três dias e meio vivendo daquela maneira, trancada dentro do porão. Uma vez por dia Alejandro permitia que uma das empregadas me levassem algo para comer, algumas delas me traziam pilhas para trocar a lanterna e Edgar fazia questão de cantar qualquer música animada na frente da porta, na última noite que fiquei presa naquela buraco esperai dar de madruga quando todo mundo estaria dormindo e aproveitei para sair do porão imundo, vou até o escritório de Alejandro me guiando pelas sombras, abro a porta com cuidado e entro na enorme sala decorada com alguns animais empalhados e uma cheiro forte de bebida e charuto. Apreço meu passos até chegar em seu notebook, a algum tempo descobri por uma empregada que a senha era a data de falecimento do seu pai e com facilidade consigo entrar na suas contas a que eu mais queria porém alguém já havia tirado uma enorme quantia do dinheiro a quatro dias atrás. Volto ao plano de transferir uma boa quantia de dinheiro para a conta fantasma mas nesse momento ouço passos e vozes vindo em direção onde eu estava, me escondo de baixo da enorme mesa de madeira orando para que não me encontrem, a porta é aberta.

— Aquelas caixas ali que o chefe quer, vamos pegar e ir logo porque essa eleição vai começar.—Um dos capangas informa e eu ouço a movimentação.

Eles começam a retirar as caixas de papelão uma por uma.

— Ele vai ganhar de qualquer forma, nesse país de merda tudo se ganha a base do dinheiro.— Um deles diz.

— E daqui a pouco terá uma nova primeira dama nesta casa, a outra demorou besta te dessa vez.— Outro diz e eu presto ainda mais atenção.

— O que ele vai fazer com a filha dela? A menina do porão.— Ele me cita com humor.

" a menina do porão." Um apelido dado por todos nessa casa, enfatizando o meu sofrimento com aquele lugar.

— Ele vai vendê-la para Nestor, aquele pervertido, em troca de mais terras e um parte do negócio de tráfico.

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