Capítulo 13•

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A primeira vez que ouvi gemidos e barulho de coisas quebrando não fazia ideia do que era, aliás, eu imaginava ser mais uma festinha dada por Alejandro mas a casa em si, o resto dos cantos estava quieto demais, somente na porta do quarto havia barulhos desconfortáveis e hostil, eu odiava ouvir, principalmente nas madrugadas a qual eu não conseguia dormir direito, fazia um bom tempo desde que cheguei naquela casa que eu não dormia, os dias foram se passando, virando semanas e as semanas longas e cansativas se tornaram meses, e os meses, bom, eles não foram lentos ou piedosos e quando menos esperei eles se tornaram alguns anos, não o suficiente para que eu pudesse sair daquela casa, tinha tanta coisa errada naquela casa os dois anos em que eu vivia ali eu via coisas, eu ouvia coisas, eu era como um fantasma que andava por aí tentando observar cada movimento, detalhe ou ouvir cada conversa, sozinha naqueles corredores ou presa em um quarto que era lindo mas tão estranho e solitário, tão desconfortável tudo nele me lembrava que aqui não era minha casa, eu não conhecia essas pessoas, eu não me sentia segura envolta dessas pessoas, aquele quarto era o único lugar onde eu conseguia me esconder

Nesses dois anos em que eu estava nessa casa, eu fazia muitas coisas escondidas, eu lia escondida os livros que minha vó me dava, os filmes sobre heróis, as revisitas, receitas novas e até mesmo jogos de palavras cruzadas, eu praticava karatê por mais que eu tivesse sido proibida minha abuela sempre dava um jeito de me levar quando podia, além de ficar observando secretamente os meninos, o filho de Alejandro e seu amigo, o seu cão de guarda ou como apelidei " animal de estimação." Treinando em uma sala que mais parecia um ring, analisava cada passo que eles davam, Edgar era apresado, ele não se importava se seu oponente estava preparado ou não, ele era ágil, tinha força e sua técnica era boa, ele era habilidoso então não me surpreendia quando seus oponentes iam ao chão rapidamente com seus golpes, a maioria de box e ele o desacordava sem piedade, com um sorriso no rosto de puro prazer, como se fosse satisfatório ver alguém naquele estado.

Ele não tinha nenhuma piedade em seu olhar, os mesmos olhos, o mesmo olhar, o mesmo jeito de Alejandro.

O dia todo em que estive na minha cama assistindo a séries nova da Marvel foram ótimo, recebi o convite de Ana para ir almoçar em sua casa mas meu corpo doia muito para fazer qualquer movimento possível, meu almoço foi exatamente dois comprimidos para dor e uma garrafa de água, minhas costas estavam me matando de dor, no final da tarde quase ao anoitecer eu desci até a cozinha rezando para que não encontrasse com ninguém mas como todas as minhas preces não funciona, não adiantou de nada pois assim que eu entro na cozinha dou de cara com Donavam.

Eu odeio a forma como Edgar dava fácil acesso a qualquer um naquela casa, como aqui parecia mais uma boate do que uma casa, mas afinal isso algum dia foi um casa?.

— Pensei que estivesse morta no quarto.— Ele fala me fitando enquanto morde um pedaço do sanduíche.

— Eu gostaria de estar morta.— Digo sem humor.

O silêncio era tão aliviante mas a presença de qualquer um nessa caso me causava náusea, eu abro a geladeira e vejo uma maçã, automaticamente meu cérebro faz uma piada, desejando que não esteja envenenada, aproveito para pegar um pouco de gelo para colocar nos meus machucados.

— Ele te acertou feio no rosto.— Continua Donavam.

Meus lábios estavam inchados e sensíveis, além do corte que ardia, meu rosto estava com uma coloração vermelha indo para o roxo, o lugar onde o maldito fez questão de acertar, além do meu corpo que ainda doía como se eu tivesse caído de escadas mesmo assim eu ainda estava contente por saber que eu dei uma surra em Nestor, idiota nojento, eu deveria ter acabado com ele.

— Ele também não saiu bem, podia ter saído pior se você não tivesse me atrapalhado.— Reviro os olhos.

— E o que exatamente ia fazer Cecília? Matar Nestor?.— Ele debocha.

— Se você necessário sim.

Era a mais pura verdade, eu não mediria esforços caso tivesse que matar Nestor e ao meu ver, faria isso com o imenso prazer.

— Você não sabe o que é matar de verdade.— Donavan me encara.— Aquilo, o que você fez no passado, não chega nem perto de matar por vontade, muito menos com o prazer de ver uma vida se esvaindo de suas mãos.

As vezes eu me perguntava porque Donavan andava junto com Edgar, por que veio até aqui e se podia sair, ir embora sem olhar para trás, porque ele ainda continuava aqui, nessa casa, com aquele Hijo de una puta, seria algum tipo de castigo divino, karma, pagando promessa.

Coloco meu gelo no copo e procuro algum remédio que poderia acabar com minha dor de cabeça mas não tinha nenhum, gemo em frustração e pego minha maçã e meu copo voltando para meu quarto e me trancando, checo meu celular e percebo que havia mais mensagens no grupo avisando sobre os ensaios do casamento de Morgana começarem semana que vem, uma conversa animada se iniciou mas eu não estava afim de participar então apenas ignorei as mensagens, antes de deitar eu vou até um certo local do piso de madeira que era falso e tiro a madeira de lá, pego minha caixinha e abro pegando a foto que eu tinha com minha vó, eu e ela juntas em sua casa fazendo bolinhos enquanto assistíamos alguma novela, minha vó era amante de novelas.

— Te extranõ abuelita.— Sussurro com uma lágrima na bochecha.— feliz cumpleaños.

Guardo novamente a caixinha pequena e velha no lugar secreto e volto para a cama, dou play novamente na minha série e fico praticamente até de madrugada assistindo, não sei que horas exatamente eu fui dormir, talvez tenha sido depois do longo banho quente e delicioso, como sempre fiquei acordando no meio da noite tendo picos de insônia, era horrível fechar os olhos para dormir, eu não me sentia segura, não me sentia confortável, eu não podia abaixar a guarda então meu período de sono era breve, não me lembro mais quando tive uma semana inteira de noites de sonos bem dormidas, me questiono quando eu voltaria a ter.

Olívia Morreti.⬇️ nossa Morreti patricinha.

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