Capitulo 73•

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Sentadas na mesa agora ambas com um xícara de chá de maçã e canela na mão e um troca de olhares rápidas enquanto o por do sol fazia o cenário digno de uma cena de filme, Morgana continuava a bater as unhas contra a pedra de granito enquanto eu limpava minha garganta.

— Sabe que uma coisa não tem a haver com a outra né?.— Começo.

Péssimo começo.

— Vai me dizendo tudo, a tempos eu sei que você esconde algo.— Ela não pediu, definitivamente não era um pedido.

— Okay, certo... eu sou do México como bem sabe, minha mãe engravidou de mim e minha Abuela cuidava de mim, eu nunca conheci meu pai.— Suspiro.— Nem ao menos sabia quem ele era, até que um dia eu soube.

Morgana ouvia tudo com atenção, agora com a expressão mas relaxada.

— Aconteceu coisas, uma acidente que fez com que eu o procurasse.— Tomo um gole do chá.— Meu pai.

— O que aconteceu?.— Ela quis saber.

— Um incêndio na casa onde eu morava, minha abuela me salvou e bem, ela me disse algumas informações do meu pai antes de tudo acontecer eu tinha pistas, assim como você.— Ela pisca concordando com a cabeça.— Nome, sobrenome, lugar, trabalho. Algumas informações útil. Quando eu a perdi eu vim em buscas de respostas, talvez até mesmo de ajuda.

Eu precisava das pausas, precisava pensar sobre as próximas frases.

— Meu Deus!.— Morgana alarmou esbarrando na xícara de chá e fazendo ela cair no balcão de granito. — Você é minha irmã, é outra filha perdida do Mateo? Aquele velho safado.

Dou uma risada sincera, enquanto ela ainda tinha os lábios aberto em surpresa.

— Não sou sua irmã Morg. Eu sou sua prima.— Assumo.

Essa era verdade.

Ao chegar na Itália e depois de alguns meses trabalhando com Erick Morreti eu o conheci, acontece que o sobrenome do senhor Mateo é bem famoso na Itália, claro que no mundo por aí também mas aqui era referência de qualidade de vinhos e quando eu conheci vocês e passei a frenquentar a casa do senhor Mateo eu tive a absoluta certeza. Mário Martinno era meu pai.

— Que porra.— Morgana ainda estava em choque me observando com os olhos regalados.

— Porra isso é serio? O tio Mário tem uma filha?.

Felippo surge me assustando, eu e Morgana olhamos ao mesmo tempo em sua direção, atrás dele estava o senhor Mateo, igualmente travado me observando.

— Senhor Mateo, me desculpe eu não queria...

Ele levanta a mão e eu me calo imediatamente, as lágrimas já estavam nos meus olhos.

— Droga! Eu tinha certeza que você era mais um filha minha mas você é minha sobrinha perdida.— Ele se aproxima.— Porque eu e meu irmão somos assim.

Ele diz com humor antes de me abraçar.

— Me desculpe por não ter contato, eu fiquei com medo de...

Ele me aberta um pouco mais em seus braços.

— Você é a coisa mais bonita que meu irmão poderia ter me deixado.

Aquelas palavras me fizeram desmanchar e eu chorei como uma criança abraçando o senhor Mateo de volta, chorei porque nós os merecia, porque não conheceria meu pai mas sentia a presença dele naquela casa, no abraço do irmão dele, no amor que eles tinham, abracei o senhor Mateo enquanto chorava pois estava cansada e finalmente me permitir ter esse relaxamento mesmo que por brevemente, havia tanta coisa guardada em mim a anos, eu segurava isso a tanto tempo que só queria esquecer e sentir que finalmente estava segura novamente pertencendo a algum lugar.

— Não se preocupe querida, eu vou amar você como um bom pai que sei que ele seria. Você é a princesa cacheada do titio ou papai você que escolhe.

Ele sorriu ao dizer isso, eu sorri ao ouvir.

Sinto outros braços me envolvendo e vejo Morgana e Felippo junto a nós.

— Não acredito, porra Cecy, sempre soube que era dessa família.— Felippo diz me apertando.— Quer dizer, antes de ser oficialmente você já era também.

— Cecília além de minha amiga agora você também é minha prima, aí meu Deus eu sempre quis ter uma prima que fosse como minha irma, e agora eu tenho você.— Morgana diz deitando a cabeça no meu ombro.

Eu tinha uma família italiana sensacional a qual não merecia mas sempre quis, só faltava minha abuela e Isabela aqui e claro, Oziel, a pessoa por qual eu estou apaixonada e crio milhares de universos diferentes para nos dois.

— Porque sua mãe não te disse antes sobre nós, sua família?.— Mateo questiona.

Nos reunimos ao redor do balcão e como sempre Felippo me pede para fazer um lanche para ele, como a fazer enquanto tentava encontrar palavras que pudessem ser definidas nesse dialogo, como não assusta-lo.

— A minha mãe era uma mulher que se apaixonava pelo menor gesto de qualquer coisa parecida com amor feita para ela, uma vez, infelizmente, ela conheceu um cara que bem, não era muito legal e então ela se casou com ele e passamos a viver em uma grande casa onde tinha tudo o que ela desejou, um jardim grande, um cozinha equipada, empregados servindo ela a qualquer momento e claro, um marido aparentemente perfeito e rico.— Término de colocar a maionese no frango e mexo.— Ela acreditava fielmente que ele era como um pai para mim, que substituiria a ausência que eu tinha de um desde que comecei a entender que todo mundo tem um pai.

— E você nunca perguntou? Ou quis saber?.— Morgana questiona.

— Sempre quis saber.— Mordo os lábios.— Mas quando pequena minha mãe me disse que minha abuela se chateava todas as vezes que eu tocava nesse assunto, e bem, eu uma criança acreditei e nunca mais perguntei sobre. Até aquele dia, o dia em que mi abuela revelou.

— Caraca, isso é muito forte.— Felippo diz dando a mordida em seu pão assim que eu o entreguei o prato.

— E sua mãe querida?.— Senhor Mateo quis ser delicado mas eu entendi o que ela pergunta significava.

Onde estava a minha mãe.

Fecho os olhos segurando as lágrimas, respiro fundo contando lentamente até cinco e solto o ar.

— Ela foi assasinada.— Revelo e vejo choque no rosto de todos.— Eu fugi do meu passado.

— Pode desabafar com a gente querida.— Senhor Mateo, meu querido tio, me incentiva tocando minha mão.

Balanço a cabeça em negação.

— Eu vou contar tudo, prometo. Chega de mentiras.— Aperto a mão do senhor Mateo.— Mas antes eu preciso falar com uma pessoa, eu preciso contar tudo a ela. Peço por favor que vocês nunca me odeiem.

— Nunca Cecy, não importa o que seja.— Morgana dá um sorriso leve para mim.

— Nos vamos esperar o seu tempo entretanto saiba que você não está mais sozinha, somos sua família.— Senhor Mateo com toda a sua doçura me diz.

— Obrigada por todo, por me receberem na vida de vocês.— Algumas lágrimas derramam dos meus olhos.

Eu sentia um misto de emoções, felicidade, medo, empolgação, angústia e aconchego.

— Vem vamos nos arrumar, vou te deixar ainda mais linda priminha, irmã.— Morgana me puxa pela mão rindo.

Uma nova família, a por parte de pai. Nunca pensei que os acharia mas aqui estou eu.

Conseguimos abuelita, eu os encontrei!.

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