𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑳

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~ Maria

Sunny e Bill estavam cada vez mais próximos, o amor que eles já sentiam um pelo outro era inegável, acho que essa é uma das maiores características dos Kaulitz, eles se amam incondicionalmente apesar de toda e qualquer situação. Nossa pequena Sun ainda não sabia sobre seu tio e muito menos sobre seu pai, mas para ela, Bill já era parte da nossa família.

Apesar de amar vê-los juntos, o medo que eu sentia de tudo desmoronar ainda era grande. Todas as noites eu tinha pesadelos com o momento em que Tom descobriria sobre sua paternidade da pior maneira possível e com a possibilidade dele tirar minha filha de mim. Afinal, ele era alguém influente e se ele quisesse tirá-la de mim, haveriam meios para que ele conseguisse.

Bill havia me pedido para levar Sunny à sua sorveteria favorita na orla da praia, que era também a favorita de Tom. Aquela seria a primeira vez que eu os deixaria sair do apartamento, até aquele dia todas as nossas visitas eram em casa, onde não haveria risco de encontros inesperados. Sunny havia ficado radiante com a ideia do passeio, e devo confessar que Bill tinha ganhado minha confiança nos últimos dias. Nós dois chegamos à um consenso, no qual ele concordou em respeitar o tempo que eu precisava para contar ao seu irmão sobre a paternidade.

Concordei com o passeio e resolvi que aquele seria o dia em que daríamos mais um passo, eu deixaria que ele a levasse e que os dois passassem um tempo juntos, mas eu ficaria na praia caso precisassem de mim, afinal, apesar de já serem melhores amigos, Bill era novo no que se referia a cuidar de crianças.

Enquanto os dois partiram animados em direção à sorveteria, eu me sentei na areia de frente para o mar, observando o vai e vem das ondas, inevitavelmente mergulhando em meus pensamentos que variavam desde lembranças passadas à imaginar como tudo poderia ter sido diferente para todos nós. Àquela altura, algumas horas já haviam se passado, ainda mergulhada no lugar mais profundo de minha mente, me senti imergir novamente quando senti que alguém havia se sentado há menos de um metro de mim, ainda sem olhar para o lado, respirei com pesar, sabendo exatamente quem era. Quando enfim criei coragem para me virar, aqueles olhos que eu via todos os dias estavam fixados em mim, aquele que tinha exatamente os mesmos olhos de nossa filha estava sentado ao meu lado, nós dois nos olhamos em silêncio por alguns minutos e apenas pelo seu olhar eu sabia exatamente o que ele estava prestes a dizer.

Tom, que eu imagino ter ficado em silêncio procurando as palavras certas, finalmente quebrou o silêncio indo direto ao ponto. Após fechar os olhos e suspirar profundamente, o homem olhou no fundo dos meus olhos e me lançou a fatídica pergunta:

- Ela é minha filha? - Perguntou, sem desviar o olhar por um segundo sequer.

Naquele instante, meu coração quase errava as batidas de tão acelerado. Mesmo com todas as palavras que vieram em minha mente e mesmo com todas as vezes que eu havia ensaiado aquele momento, nada realmente saiu de minha boca. Eu permaneci imóvel, olhando em seus olhos enquanto uma lágrima escorria pelo meu rosto. Tom em seu instinto mais protetor, estendeu sua mão para limpá-lá, mas parece ter desistido da idéia e a abaixou antes que pudesse chegar até meu rosto. Eu mesma a limpei enquanto me levantava da areia, quando finalmente criei coragem para respondê-lo.

- Ela é MINHA filha. - Respondi, o vendo também se levantar. - Você não tem nada a ver com isso, Tom. Não se preocupe. - Completei vendo sua expressão que me dizia claramente o quão perdido ele estava naquele momento. Ele me olhou mais uma vez nos olhos, pressionando seu maxilar e em completo silêncio.
"Diga alguma coisa, Tom. Qualquer coisa. Só não me olhe assim." - Pensei, desviando meu olhar do dele.

- Pois eu nunca senti que algo fosse tão meu quanto eu sinto que ela é. Vou te perguntar mais uma vez, Maria. Ela é minha filha? - Disse ele, com rispidez em sua voz.

𝗪𝗛𝗘𝗡 𝗜 𝗟𝗢𝗦𝗘 𝗠𝗬𝗦𝗘𝗟𝗙 | 𝗧𝗢𝗠 𝗞𝗔𝗨𝗟𝗜𝗧𝗭Onde histórias criam vida. Descubra agora