𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑿𝑿𝑿𝑽𝑰

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~ Tom

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~ Tom

       Eu havia alugado um vôo num jatinho e voado 9.310 km da Alemanha até Los Angeles. Estava ali na frente de Maria, pronto para contar tudo a ela, em minha cabeça era isso que eu deveria ter feito desde o início. Mas foi quando atendi a uma ligação de Bill que todos os meus planos mudaram mais uma vez.

          em ligação…

- Oi Bill, me desculpe não ter te avisado que viria aqui, você teria me impedido e eu precisava-

- Irmão, eu sei o que você está prestes a fazer, inclusive liguei ontem e disse que esperava que ela a ouvisse. Mas preciso te dizer algo antes que você o faça- Me interrompeu meu irmão.

- O que houve, irmão? - Perguntei, passando a mão em meu rosto, já ficando um pouco nervoso. Eu sabia que nada que viesse após aquilo seria algo bom.

- Bem, de alguma forma os produtores sabem que você está em L.A e sabem que é por Maria - Disse Bill, e pude o ouvir suspirar.

- É bom que saibam, Bill. Eu tenho feito tudo que eles querem, eu dei tudo o que eles exigiram de mim, me afastei de Maria quando me pediram, tirei aquelas fotos ridículas e-

- Tom! - Me interrompeu mais uma vez - Eles disseram que se você contar a ela ou a qualquer outra pessoa sobre esse namoro de marketing será uma quebra de contrato. Teremos que pagar uma multa de 500 mil euros e ficaremos mais 10 anos presos à eles - Completou, suspirando com pesar.

       Eu e os rapazes sabíamos o quanto estávamos contando cada dia para nos livrar daquela gravadora. Sairíamos assim que a turnê acabasse e poderíamos enfim ter a liberdade com a qual sempre sonhamos. Nós éramos a banda mais popular da Alemanha, desde que fomos descobertos estávamos sempre no topo das paradas de sucesso e agora anos depois, nossas músicas ainda estavam espalhadas por todos os lugares, tínhamos fãs pelos quatro cantos do mundo, mas o fato é que nunca fomos livres, sempre estivemos presos à contratos e cláusulas desde que começamos. No início éramos apenas garotos sonhadores nos divertindo e querendo fazer música, contratos e burocracia? Isso não nos importava. Mas com o passar do tempo não tínhamos mais uma vida nossa, éramos sempre as marionetes da gravadora e para onde quer que eles dissessem nós teríamos que ir. Como eu havia ouvido recentemente, a sensação de que tínhamos qualquer escolha sobre nossa vida não passava de uma mera ilusão.

- Eu entendi, irmão - O respondi, respirando fundo e sentindo uma lágrima rolar pelo meu rosto.

- Sinto muito, Tom - Disse Bill.

- Eu também sinto, Bill - O respondi.

- Bem, tem um carro esperando por você do lado de fora da faculdade de Maria - Completou ele.

       Nos despedimos e desligamos a chamada, limpei meu rosto e continuei sentado onde estava, com os olhos fixados no chão. Maria saiu do banheiro e sentou-se ao meu lado olhando para mim. Eu estava ali completamente atordoado e sem saber o que dizer a ela.

- E então? Podemos terminar a nossa conversa? - A garota perguntou enquanto se sentava.

       Respirei fundo antes de responde-la, eu sabia que qualquer coisa que eu dissesse agora a magoaria. Eu não conseguia olhar em seus olhos pois eles me fariam desistir de tudo no instante em que se encontrassem com os meus. E então, sem levantar o olhar eu a respondi:

- Na verdade não. Eu não devia ter vindo até aqui. Me desculpe fada, eu não posso te explicar agora, tem muita coisa acontecendo e eu não posso ser tão egoista a ponto de prejudicar outras pessoas por… - Pausei, olhando rapidamente para ela e suspirando. Eu ia dizer “por meus erros”, mas eu não queria que ela pensasse que foi um erro para mim, pois em todos esses anos ela havia sido meu maior acerto.

- Por mim - Completou, e eu novamente abaixei minha cabeça, fixando meus os olhos no chão.

- Preciso ir agora. Tem um carro esperando por mim do lado de fora - Falei me levantando sem olhar para ela. Por vezes antes de me levantar, pensei em largar tudo e ficar ali com ela, mas dessa vez eu não poderia pensar apenas em mim mesmo. Eu devia isso aos garotos e não podia colocar minha felicidade acima disso.

- Tom! Por que é que você veio aqui? Para me machucar mais uma vez? Já não bastava me machucar de longe, você veio fazer isso pessoalmente? - Perguntou entrando em minha frente antes que eu pudesse abrir a porta e sair. Olhei de relance para o seu rosto e vi que haviam lágrimas em seus olhos, mais uma vez eu estava quebrando seu coração, aquele a qual eu só queria proteger de tudo isso.

- Me desculpe, por favor! Eu não queria te machucar, foi um erro ter vindo - Respondi com pesar, ainda sem conseguir olhar em seus olhos. Aquelas foram as únicas palavras que eu consegui pronunciar sem que eu desmoronasse em sua frente.

- Tem razão, foi um erro. Vá embora, Tom! Não volte nunca mais - Disse ela, abrindo a porta e as lágrimas já escorriam em seu rosto.

       Enquanto passei por ela, a olhei mais uma vez rapidamente e ver suas lágrimas me atingiu como uma flecha, direto em meu coração. Limpei seu rosto e disse a ela que não precisava mais chorar por mim. Mais uma vez saí pela porta sem olhar para trás e sem me despedir. Dessa vez com a certeza de que eu estava perdendo o amor da minha vida.

       Eu havia entrado na vida de Maria como uma tormenta, ela já não era mais como aquela garota sorridente que eu havia conhecido em Berlim, eu fiz isso com ela, eu a machuquei de todas as formas possíveis mesmo quando a minha intenção era fazê-la feliz. Eu a trouxe para o meio do meu caos e fui a ruína dos seus dias felizes e cada vez que eu tentava consertar eu piorava as coisas ainda mais. Entrei no carro que esperava por mim e dei uma última olhada na faculdade que agora era o lar de minha amada, eu não voltaria ali tão cedo e não a procuraria de novo.

       Meu coração estava em pedaços e eu sabia que o de Maria também, mas ao menos eu esperava que ela tivesse a chance de se reconstruir longe de mim, longe dos meus problemas. Talvez eu tenha atingido o ápice do amor que tanto dizem, eu a deixaria de bom grado se isso significasse que ela seria feliz longe de mim.

𝗪𝗛𝗘𝗡 𝗜 𝗟𝗢𝗦𝗘 𝗠𝗬𝗦𝗘𝗟𝗙 | 𝗧𝗢𝗠 𝗞𝗔𝗨𝗟𝗜𝗧𝗭Onde histórias criam vida. Descubra agora