Capítulo 2

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Acordei cansada, dormi mal e ao me olhar no espelho do banheiro, me senti um lixo. Hoje vou ser humilhada na frente do meu avô e do meu pai, aposto que Rudolf vai me olhar e vai querer sair correndo.

Mesmo me sentindo chateada e querendo ficar na cama desci para o café. Meu pai e meu avô já estavam sentados comendo e só me juntei a eles, dei bom dia, me sentei e olhei para as comidas pensando que eu nem deveria comer, assim emagrecia um pouco.

- O pão de queijo está bom. - Meu avô diz e assinto.

Me sirvo com um pouco de café e pego um pão de queijo. Como me odiando, se eu controlasse a boca não seria tão gorda e feia, mas não é tão simples deixar de comer, quando a comida é a única coisa que te traz conforto e te deixa feliz, é difícil simplesmente deixar de lado.

- O senhor vai morar aqui na Pensilvânia quando se casar? - Pergunto para o meu pai.

- Sim, já estou vendo algumas casas, talvez eu fique um tempo aqui e um tempo em Portugal, minha namorada é de lá. - Meu pai diz e assinto.

Sei que ele não vai me convidar pra morar com ele, afinal eu ia atrapalhar.

- Kimberly, hoje se você quiser pode ir arrumar os cabelos e fazer coisas femininas, como as unhas. Use o seu tempo ocupando a mente para não ficar pensando besteira. - Meu avô adverte.

- Tudo bem. - Falo baixo.

Eu não queria conhecer o tal de Rudolf, se um dia, em algum momento, algum louco gostar de mim e eu gostar dele, podemos namorar e casar, claro que isso seria um milagre, mas vai que acontece.

Eu já fui tão humilhada, já passei por tantas situações de bullying, que o destino poderia mandar um homem bom para a minha vida, não precisaria nem ser bonito, sendo bom já estava ótimo, afinal eu não tenho condições de exigir muita coisa.

- O rapaz sabe que ele está vindo aqui para me conhecer? Digo, ele sabe da situação do casamento? - Sondo.

Talvez o rapaz venha achando que é só um jantar, quando ele perceber no que estão o metendo, ele pode surtar.

- Sim, ele sabe. - Meu pai diz e bebo um gole do meu café.

- Se eu não quiser me casar como fico? - Pergunto corajosamente.

- E por qual motivo você não ia querer? O rapaz é bom, ele é trabalhador e educado. Não há motivos para você não querer! Logo eu morro e você vai acabar sozinha. - Meu avô diz e não tiro a razão dele, em 20 anos nunca tive nem um ficante.

- Mas... mas e se eu não gostar dele? - Ele pode ser rude e até me bater.

- O rapaz é de boa família. Ele não é um desajuizado! Nós não íamos falar de casamento se o homem fosse um porcaria. Você já tem 20 anos, vai poder terminar a sua faculdade e se quiser pode trabalhar na empresa. O casamento vai te fazer bem, você vai ter companhia, vai poder sair com o seu esposo, quem sabe até viajar. - Meu avô argumento.

- Isso é muito complicado. Casamento não é assim... eu só acho que deveria conhecer alguém, e se eu gostar, caso. - Sou sincera.

- É exatamente o que vai acontecer. Você vai conhecer o rapaz e se der certo, você se casa. A diferença é que já sabemos que ele é de boa família. O Rudolf é um homem caseiro, o avô dele me garantiu que o neto não tem comportamento vulgar. - Meu pai fala sério.

- Você precisa pensar no seu futuro. Seu pai está se casando e vai viver a vida dele, e você? Quando eu me for vai ficar só nessa casa? Um companheiro vai te fazer bem. - Meu avô fala e resolvo calar a boca.

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