Não de graça

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— Dai será que demora muito pra eles voltarem?

Paraná estava sentado na mesa do Rio Grande do Norte, o cutucava com o pé no joelho.

— Eles acabaram de sair daqui hômi. — Afastou o pé alheio de si. Não estava gostando da atenção que o menor inevitavelmente atraia por estar no escritório do Nordeste. — E eu não vi o carro do Brasil no estacionamento. Aposto que ele se atrasou. — O paranaense continuava a lhe cutucar. Norte agarrou seu tornozelo, avisando. — Pode para com isso por favor?

PR estreitou os olhos e sorriu maroto.

— Não de graça néh. — Apontou safado para a própria boca fazendo um biquinho discreto. — Tudo tem seu preço.

O maior suspirou pesado, corando um pouco. Não é como se não quisesse beija-lo, mas ali não dava. Tinham que ser discretíssimos. Qualquer coisa virava fofoca naquele lugar. Ainda mais com certas figuras que convivia. Olhou em volta. Pernambuco já tinha chegado e trabalhava em sua mesa, Ceará e Piauí ainda não estava ali, graças a Deus. Os piores estavam mapeados, mas outra pessoa que era importante não saber era a Bahia. Ela trata Sergipe como filho, se descobrisse o que eles estavam planejando não sabia prever o que aconteceria.... Ou se ela interpretasse aquilo ali como traição ou qualquer coisa assim. Afinal sua desculpa tinha limites. RN sentiu um frio na espinha, agarrando mais forte a perna do cunhado.

— Você venceu Paraná. Sai primeiro. Te encontro na copa visse.

Imediatamente o outro sorriu, pulando de seu lugar.

— Não demora mais de cinco minutos daí.

O menor saiu serelepe. Viu Bahia chegar, desviando educadamente do sulista. Cruzou olhares sem querer com a morena, grato por ter tomado uma atitude logo. Ela se aproximou, com uma expressão curiosa.

— Meu rei, sabes dizer o que que o Paraná estava fazendo por essas bandas?

— Ele veio me ajudar com uns documentos.

— Mar minino se era só isso podia ter pedido ajuda entre a gente mesmo, não precisava fazer ele vir até aqui só pra isso.

— É que a gente tá planejando tirar férias juntos. — Complementou rápido. — O Sul convidou eu e Sergipe pra fazenda dele e é claro que Paraná vai também.

— Mas o que que isso tem a ver?

Não gostava muito mas teria que expor um pouco o namorado, mas pra Bahia não deveria ter problema, ela ia descobrir de um jeito ou de outro, mãezona do jeito que era.... Coçou a cabeça por cima da bandana.

— O Sergipe tem uns serviços acumulados e o Sul vai ajudar. Eu também tenho algumas pendências e o Paraná ofereceu ajuda também. Então acabamos meio que formando uma equipe....

— Ah, entendi. Mas não se avexe de falar com a gente também visse. — Apertou a bochecha dele. — Te vejo como família minino. Inda mais agora que namoras Sergipe.

O maior tirou educadamente a mão dela de sua bochecha e lhe beijou os dedos.

— Obrigado mainha. Vou manter isso em mente visse. Mas por agora já estamos bem resolvidos nisso.

A morena abriu um sorriso, já se afastando, dando a conversa por encerrada.

— Eu entendo. Tenha um bom dia Norte.

Finalmente ela foi embora. Rio Grande do Norte confere o horário, o limite de tempo que Paraná havia lhe dado estava quase no fim. Daqui a pouco ele apareceria de novo ali para lhe atazanar. Se levantou apressado e saiu da sala. Não queria que o menor voltasse ali com suas ideias deturpadas e criasse motivo de fofocas. Iria dificultar demais as coisas. Chegou na copa com pressa, quase trombou com o cunhado. De fato ele estava prestes a sair.

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