Infiel

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— Chegou atrasado Norte. — Pernambuco se aproximou da mesa dele. — Vejo que estás com a cara mais leve.... Fez alguma coisa divertida no almoço?

— Nada de mais Buco. — O potiguar estava concentrado no que fazia e respondia as coisas no automático estava cansado afinal de contas. — Almocei com o Paraná e depois levamos marmitas pro Sul e o Sergipe. Eles tinham um negócio pra resolver ainda por isso não foram junto.

Aquilo soou extremamente suspeito aos ouvidos do mais velho.

— Tu não estás muito junto do Paraná não?

— Sim. — Deu de ombros. — Normal. Ele tá me ajudando com umas coisas aí entendesse. — Finalmente olhou para o outro. — Coisas com o trabalho. Pra organizar tudo.

— Hum.... E o que que o Sul tá achando disso? — Precisava investigar e descobrir o que estava acontecendo! Não queria acreditar que o amigo era infiel, mas as evidências e aquelas respostas não estavam exatamente a seu favor.

— Do quê?

— Ah, sei lá.... Ele não tem ciúmes de tu com o namorado dele...?

Norte bufou divertido e respondeu automático.

— Moço.... É mais fácil eu ter ciúmes do Sergipe com ele do que ele com Paraná visse.

— E tu não tens?

— O que?

— Ciúmes!

— Ahhh.... Não. Eu confio no meu irmão. — Respondeu rápido demais, mas não conseguiu esconder sua expressão, Sul tinha pisado na bola e a coisa ainda estava muito fresca. Viu o olhar inquisitivo do mais velho sobre si. Suspirou, precisaria se explicar contornando toda a situação. — Mas ele fez umas merdas ai e só agora se consertou. — Sorriu cansado. — A coisa ainda tá fresca, por isso eu ainda não digeri tudo entendesse.

— Eita! E você levou tudo na boa?

— Claro que não galado. Tu me conheces.

Na cabeça do pernambucano a ideia que se formava era de que Norte estaria se vingando do Sul ficando com Paraná e a vítima da história seria Sergipe. Se fosse aquilo mesmo Bahia ia ficar mais do que furiosa com o potiguar em especial por machucar seu minino di oro.

Mas a coisa ainda não parecia encaixar.... Não queria correr o risco de dedurar erroneamente o amigo, seria uma dor de cabeça retificar tudo, fora que envolvia também os sulistas e seria mais uma pletora de problemas.

— Mas o que tu fizeste então? — Precisava investigar mais.

O maior corou um pouco e sorriu safado, mas logo escondeu a expressão.

— Ele ficou me devendo um favor.

— Já sabe o que vai pedir?

— Ainda não.... Mas nesse caso eu faço questão de pensar com carinho. — Sorriu satisfeito.

O do bigode precisou sorrir também, correspondendo à energia.

— Quando souber me conta.

— C-claro. — Se formou um silêncio desconfortável. — Desculpa mas eu ainda tenho muito o que fazer Buco. — Apontou genericamente para o computador.

— Ah sim, sim, claro. Tu vais sair de férias semana que vem nera não?

— Exatamente. Preciso adiantar algumas coisas aqui pra conseguir sair tranquilo.

— Vou lá então cabra. Até mais tarde.

— Até!

Pernambuco retornou para a própria mesa se sentando inquieto no lugar. Precisava falar com alguém sobre aquilo! Mas não podia ser Bahia, nem nenhum linguarudo. Isso excluía praticamente o nordeste inteiro.

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