Que desânimo é esse?

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— Bom dia Gipe! — Maranhão o abraçou pelas costas, se pendurando em seus ombros. — Vamos surfar no sábado? Também conhecido como amanhã.

— Bom dia Maranhão....

Imediatamente o moreno o solta indo para sua frente, o encarava preocupado.

— Que foi Gipinho? Que desânimo é esse?

O loirinho o olhou sem muita energia, tentava sorrir como de costume.

— Nada não visse.

— Como que nada não?! Tu estás estranho. — Se aproximou e falou baixinho. — Aconteceu alguma coisa com vocês quatro?

O surfista tentou negar.

— N-não. Deve ser imaginação minha só.

MA ia pressionar mais, porém estavam no escritório do nordeste e cada vez mais os outros chegavam ao local. O nordestino agarrou nos braços de Sergipe o encarando sério nos olhos.

— Vamos almoçar juntos hoje. Só nós dois visse. — SE não teve como recusar. Concordou com a cabeça. — Eu vou até lá te buscar. — O moreno olhou preocupado para a porta. — Agora abre um sorriso e vaza Bahia acabou de chegar.

O sergipano olhou assustado para trás. A morena ainda não havia percebido sua presença. Se virou novamente de costas, respirou fundo e melhorou a expressão. Não teria energia para conversar com ela naquele momento.

— Sergipe meu filho. Bom dia minino!

— Oi mainha. Bom dia! — Olhou para o amigo. — Vou indo lá Maranhão. Até mais tarde. — Acenou para ele sendo retribuído. — Até mais mainha. Já tava de saída.

— Vá lá que eu sei que o Sul é chato com horário.

Sergipe se afastou apressado, aproveitando bem a desculpa. A mulher imediatamente se virou para Maranhão preocupada.

— Aconteceu alguma coisa com Sergipe? Ele está desanimadinho hoje....

— Ele deve tá cansado né não? — Disfarçou, tentando elaborar uma boa desculpa. — Tá trabalhando num ritmo diferente a semana toda....

— É verdade né. Deve ser isso mesmo.

— Mas não se preocupe mainha, hoje vou almoçar com ele. Só nós dois. — Emendou rapidamente, fechando a possibilidade da morena querer ir junto. — Colocar o papo em dia.

— Boa ideia. Vê se anima ele um pouco.

— Podexá. Acho que vou arrastar ele pra surfar amanhã. Trocar energia com o mar sempre é bom. Pé na areia e sal na carcaça. Isso sim vai animar ele.

— Haha verdade. Esse minino é quase uma sereia de tão aquático.

_____ _____

— Sextou rapaziada! — Paraná chegou energético no escritório sulista. — Fim de semana tá aí e um dia a menos para as férias!

— Tuas férias tu quer dizer. — Catarina replicou com um sorriso contido. — Mas é sempre bom chegar no fim da semana.

— Fala aí Catarina. Muitos planos pra amanhã? — Se aproximou da mesa da amiga, apoiando-se espaçosamente no móvel. — Ou pra hoje à noite talvez, com um certo alguém. — A malícia escorria da boca do moreno.

— Isso não é da tua conta Paraná. — Empurrou a cara dele com a mão. — Sai.

— Ahhh, que isso! Eu aposto que tem alguma coisa! — O menor desviava das tentativas da mulher de o afastar.

— Deixa a guria em paz paixão.

Sul chegou na sala e já precisou agarrar a gola do namorado e o afastar da loira. Ainda carregava a cuia e a garrafa de água quente nas mãos, tanto é que agarrou Paraná com a mão que também carregava a garrafa térmica, que por inconveniência vazou um pouco do líquido na camisa alheia, daquelas gotas que sempre sobram no bico.

— Puta merda! — Paraná pulou para longe sentindo a água rapidamente gelar sua pele. — Tua térmica vazou em mim!

— Ah tchê deixa de frescura que logo seca.

— Porque não é tu! — O menor finalmente foi para sua mesa ainda resmungando sobre o incidente.

— Pelo menos não foi a erva. — O gaúcho respondeu divertido, também se acomodando em sua escrivaninha.

Era estranho que Sergipe ainda não havia chegado.... Assim que pensou isso viu o loirinho entrar no escritório.

— Bom dia.

— Oi Sergipe. Bom dia! — SC foi a primeira a cumprimentá-lo. Notou que ele não estava tão energético como de costume, mas todo mundo tem seus dias melhores e piores, decidiu não chamar atenção pra isso. Mas não gostava de vê-lo daquele jeito.

— Gipe! — Paraná se levantou novamente de seu lugar se aproximando do surfista. — Tu não acredita no que o Sul fez comigo!

— Ai lá vem. — O barbudo murmurou e revirou os olhos. Paraná estava para drama hoje.

— Ele derramou água em mim! Tu acredita nisso?!

— Ah piá vai-te à merda que não foi isso que aconteceu! — RS levantou de seu lugar se defendendo no mesmo nível de energia do moreno. — Conta a história direito!

Paraná virou pro namorado e deu língua, estava investido naquela implicação com ele.

— Olha aqui! Ainda tá molhado! — Virou de costas pro nordestino na intenção de mostrar o "estrago" feito.

Tinha uma pequena mancha molhada no meio das costas do menor. Sergipe riu espontâneo daquilo, era simplesmente ridículo demais todo aquele nível de energia pra algo tão pequeno. Os três sulistas pareceram suspirar aliviados, todos tinham percebido a flutuação de humor do loirinho.

— Viu como tu fica ridículo reclamando disso paixão. — O gaúcho sorria mais relaxado agora, suavizando um pouco a voz. — Logo seca que tu vai nem perceber piá.

O menor torceu a cara contrariado.

— Pelo menos pede desculpas néh!

O gaúcho se aproximou dele e puxou sua cabeça pra lhe depositar um selinho.

— Desculpa paixão. Vou tomar mais cuidado da próxima vez.

— Agora sim. — O moreno se virou e retribuiu o contato em sua boca. Se afastou e deu dois tapinhas no peito alheio. — Dai agora podemos começar o dia bem.

O paranaense voltou para a própria mesa satisfeito, deixando o namorado e um Sergipe mais alegre para trás. Rio Grande do Sul olhou de lado o surfista, feliz em vê-lo um pouco mais radiante, rapidamente voltou para seu lugar sem perceber que o menor o observava parecendo esperar algo. Quando viu que não aconteceria nada o surfista se contentou em puxar sua cadeira e começar a trabalhar.

— Ah é. Sul, o Maranhão pediu pra almoçar comigo hoje visse.

SE ia continuar a falar, mas foi interrompido sem querer pelo maior.

— Tudo bem. Pode ir. — Levantou o olhar sorrindo fracamente. — Já disse que o horário de almoço é livre piá.

Sul voltou a ler o que tinha em mãos. Se olhasse muito pra ele iria pedir para que ficasse consigo. Não viu a expressão dolorida que passou no rosto dele, logo sendo mascarada com um sorriso falso e dissipado pela concentração na papelada. 

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