Selvagem e brilhante

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Sem mais demora Paraná os guiou para os estábulos. Ouviram gritos de comando e barulhos de cascos vindo do outro lado da estrutura. Antes que fossem para lá o paranaense se aproximou de Sergipe e sussurrou baixinho.

— Repara como a bunda dele fica bonita em cima de um cavalo.

Não deu tempo pro surfista reagir, logo guiando-os para dentro, de onde podiam enxergar o gaúcho treinando um cavalo na pista. O menor estava longe de estar errado. Sul usava suas roupas de sempre, mas alguma coisa em sua figura o deixava extremamente delicioso aos olhos alheios.

Sua postura montado, sua camisa suada e aberta alguns botões, seu lenço no pescoço complementando a vestimenta. A atitude quase altiva que tinha, a dominância sobre o bicho. De repente parou e trocou olhares com o loirinho, selvagem e brilhante. Logo derreteu daquela dureza se aproximando dos visitantes.

— De nada. — Paraná cutucou o concunhado o despertando para a situação.

— Fala tchê! Chegaram! — Parou o cavalo na frente deles.

— Oi irmão. — Norte cumprimentou de volta.

— O-oi Sul. — Sergipe estava tímido com toda aquela imponência que o barbudo exalava em cima da montaria.

— Eu tava falando pra eles que tu queria mostrar a propriedade à cavalo com eles paixão.

O loiro sorriu largo descendo do animal.

— Contigo também piá. — Se aproximou do namorado lhe dando um selinho. — Vamos junto?

— Pode ser então.

— Mas tu vai na Atrevida. O Raio e o Trovão vão ser do Norte e do Sergipe. E eu vou no Faceiro. — Deu tapinhas no pescoço do cavalo ao seu lado.

— E tu tem encilha pra todo mundo?

— Não. — Respondeu simplesmente dando de ombros. — Tenho três, que vocês vão usar e eu vou no pelo mesmo. É só um passeio tranquilo.

— Raio e Trovão. Faz tempo que não escuto esses nomes. — Norte sorria nostálgico. — Eles estão bem?

— Claro tchê. Velhos e de confiança. — RS sorria orgulhoso. — Por isso vou deixar contigo e o Gipe. — Olhou terno para o cunhado que não conseguiu evitar de corar um pouco com o reconhecimento de sua presença ali. — Deixei eles prontos nas baias. Vamos lá.

Indicou a construção e saiu na frente puxando seu cavalo. Deixou Faceiro numa das baias e saiu novamente para apresentar os animais principalmente a Sergipe, que ainda não os conhecia.

— Vem cá piá. — Chamou o surfista com a mão e indicou um cavalo castanho encilhado à sua frente. — Esse aqui é o Raio. — Puxou o nordestino para perto visto que ele estava receoso de se aproximar. — Ele quer saber quem tu é. — Sorria divertido. — Deixa ele te cheirar guri.

Timidamente o surfista se aproxima do animal que o fareja o cabelo profundamente e bufa na sua cara. O sergipano dá um pulo para trás atento e um pouco assustado arrancando risadas dos outros.

— Ele é o meu cavalo, meu amigo de longa data. — Sul se aproximou de seu lado batendo carinhoso em seu pescoço. O cavalo pareceu gostar pois posicionou a cabeça em seu ombro, como que o abraçando. Nesse movimento o loiro esfrega a mão em sua testa. — Raio, meu velho.

Deu mais um chamego no bicho e se afastou, indicando que o surfista o acompanhasse. Foram para outra baia, onde Norte já estava postado.

— Esse aqui é o Trovão. — O potiguar que falou dessa vez, indicava o cavalo de igual porte e mesmo pelo do anterior. — Ele e o Raio são irmãos de mesma mãe e pai. — Sorria orgulhoso. — Foram os nossos primeiros cavalos né irmão.

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