Sem-vergonhice

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— Ocê conseguiu Catarina?

Matinha viu a amiga retornar, haviam combinado de irem tomar café depois do almoço quando Brasília ligou pedindo a alteração do tal documento urgente.

A loira abanou o papel na mão, confirmando a pergunta. A morena estava informada do motivo da sala do sul estar ocupada no momento, sorriu marota.

— Í eles deixaro ocê entrar?

— Nem me lembre amiga. Norte e Paraná estavam de sem-vergonhice lá. Foi muito desconfortável! — Rumava para a sala da superior para entregar logo aquele documento, sendo seguida pela centro-oestina. — Horrível!

— Uai? Paraná?

A catarinense confirmou sem entender a dúvida da outra.

— É. Eu entrei e fui direto no computador, não fiquei olhando nada não pra saber. Só vi o Norte todo corado e nervoso sentado bem junto da mesa do Paraná e eu tenho certeza que ele não tava sozinho.

Falava rápido e levemente indignada, por isso não percebeu a linguagem corporal de Matinha. Chegaram na sala da capital, somente a sulista entrou e entregou o que lhe foi pedido. Confirmou que agora estava tudo certo e saiu aliviada de ter feito seu trabalho adequadamente. Finalmente viu a cara alterada da morena.

— Que foi?

— Amiga. — MT puxou a loira rapidamente para a copa, falando baixo. — Paraná saiu cum o Sergipe hoje no horário de almoço.

— Peraí..... — Parou para processar a informação e ajustar as coisas com o que vira. — Se Paraná e Sergipe saíram e Norte estava na sala, mas não estava sozinho.... — Olhou absolutamente chocada e constrangida pra morena. — Sul.... — Tapou a boca com as mãos. — E Norte!

As duas se apoiavam mutuamente procurando apoio moral para aquela descoberta. Se sentaram devagar digerindo a informação. Para Matinha era pior pois seu cérebro aplicava sem nem ela querer a teoria em si mesma e o irmão. Estava pálida e ao mesmo tempo completamente envergonhada com a ideia.

— Meu Deus....! — Catarina foi a primeira a quebrar o silêncio. — Eles são muito, mas muito pervertidos. — Esfregou o rosto com as mãos. — Preciso me benzer depois dessa. Pra purificar.

— Mi leva junto cocê quando fôr. — Matinha murmurou ainda chocada.

— Aconteceu alguma coisa? — São Paulo chegou naquele momento para fazer o refil de seu café.

Ambas olharam devastadas para ele.

— Ocê pode sabê disso. — Chamou com a mão para que se aproximasse. — Num vai di sê só eu í a Catarina ficá sabendo disso. Mi recuso. Preciso falá pra alguém. — Quando o paulista estava próximo o suficiente a morena puxa seu pulso e o trás para perto e fala bem baixo em seu ouvido. — O Norte e o Sul si pegam também, entre eles mesmos!

O moreno arregala um pouco os olhos sendo observado de perto pelas duas.

— Uai? Ocê num reagiu como eu isperava. — Arregalou os olhos também, batendo as mãos na mesa. — Ocê já sabia?!

O paulista suspira cansado massageando a ponte do nariz encolhendo os ombros.

— Mais ou menos. Esperava que fosse alucinação da minha cabeça mesmo. — Sentou derrotado numa cadeira se juntando à elas. — Já que eles são irmãos e tudo mais.

— Aparentemente isso não é barreira. — Catarina falou entredentes também se recostando no encosto.

— Credo. — Matinha se abraçava esfregando os braços. Sua mente não arredava, gerando imagens pecaminosas e amaldiçoadas dela e do MS. — Cruzes.

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