Repeteco

Não entra ali

— Ah que maravilha!

— Que foi Buco? — Maranhão perguntou curioso.

— Acabou de chegar um documento que eu preciso que o Norte assine e é meio urgente entendesse.

— Eita.... Norte agora tá ocupado com Gipinho.... — Comentou com um toque de malícia.

— Exatamente! — Se empurrou da mesa afastando-se do móvel frustrado. Coçava a cabeça pensativo. — Eu não sei o que eu faço visse. Não queria atrapalhar eles, logo agora que estão se entendendo de novo....

— Mas é trabalho homi. Não tens muita escolha, ainda mais sabendo que o Norte ainda está no prédio.... — Maranhão também não gostava da ideia. A chance dele descobrir qualquer coisa era até que pequena, pois bateria na porta, mas não era nula. — Só tenha certeza de bater na porta antes visse.

— Absolutamente homi! Não quero ver os dois não....

— E tá esperando o que? Vai lá antes que eles aprofundem mais a coisa. — Falou com total duplo sentido recebendo um olhar preocupado e desdenhoso do mais velho.

PE suspirou fundo e se levantou, precisaria interrompê-los. Foi até a copa, parou com a mão levantada para bater na porta, não teve realmente coragem para aquilo. Sabia que os amigos tinham passado por algum estresse no relacionamento e agora pareciam estar voltando pros trilhos. Não queria atrapalhar. Se afastou novamente.

Andava nervoso de um lado para outro no corredor tentando decidir se interrompia ou não quando viu Rio Grande do Sul chegar no andar sem nem lhe notar, visto que estava longe, e ir diretamente para a cozinha compartilhada. Pernambuco correu e o interceptou antes que ele se aproximasse demais da porta.

O susto que o gaúcho teve foi espetacular, mas o nordestino estava mais preocupado em não atrapalhar os outros dois lá dentro. O puxou para longe preocupado.

— Não entra ali agora cabra! — Falou baixo mas nervoso.

— Tchê! Não me mata do coração! Que foi?

— Norte e Sergipe estão lá dentro!

Sul sabia que precisava desviar o assunto.

— E o que que tem? — Mas tinha que admitir que era divertido ver as reações dele.

Pernambuco o puxou para perto falando baixo.

— Eles estão se pegando homi!

O de bigode liberou de seu toque, os dois se olhavam um pouco confusos, um esperando a reação do outro. O gaúcho precisou abrir um sorriso maroto.

— E como que tu sabe disso? Tava ouvindo atrás da porta?

— Porque eu converso com o Norte! — Respondeu rapidamente. — Mais isso não é o importante! — Suspirou cansado. — Eu preciso que o Norte assine uma coisa pra mim mas eu não quero atrapalhar.... Eles tiveram alguma coisa entre eles e só agora estão se entendendo sabes.

— Quer que eu peça pra ti?

— Não!

Tarde demais, Sul já avançava decidido para a porta e lançou mão na madeira sem nem pensar duas vezes. Quanto mais cedo fizessem aquilo mais cedo poderia entrar e participar também. Sabia que o namorado já estava lá devorando os dois.

— Norte! É o Sul.

— Ah mas não é possível um negócio desses! — Paraná começou a reclamar alto, porém rapidamente foi interrompido pelo gaúcho do outro lado.

— Pernambuco precisa falar contigo e não queria atrapalhar vocês dois. — Enfatizou o dois. — Aí dentro, mas ele precisa ir embora logo. Pode vir aqui um momento?