Fogosa

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— Vai devagar Norte! Essa égua quer te acompanhar e eu não consigo! — Paraná quase gritava para o maior que trotava rápido na sua frente.

— E você que era o mais experiente nisso é? — Norte ria divertido desacelerando.

— Cala a boca jaguara. É-é que eu ainda não tinha montado nela. — Ambos voltaram ao passo e Paraná deu tapinhas em seu pescoço. Aos poucos se ajustava à ela e sua energia alta. — Tu e o Trovão se conhecem a mais tempo. — Deu língua para o cunhado.

— Isso é verdade visse. — RN também agradou o cavalo com um carinho no pescoço.

— Agora ela tá fogosa por sua causa. — O menor olhava feio pro outro.

— Que isso Paranazinho, cansa ela que vai dá tudo certo homi. — Se aproximou dele puxando novamente o movimento mais acelerado. — Vamos lá!

Com mais calma os dois novamente engatam no trote dando duas voltas no piquete. Atrevida já ensaiava que queria sair no galope, porém Paraná a manteve firmemente, não queria o susto anterior. Por outro lado Norte precisou atiçar mais Trovão para conseguir manter a velocidade que queria.

— Não pede demais que dali a pouco ele esquenta e tu não aguenta! — Sul gritou para o irmão, ele e Sergipe chegaram na pista a passo tranquilo.

— Aguento sim! Quer apostar galado?! — Norte gritou de volta puxando as rédeas e parando seu cavalo com uma pequena esbarrada. Finalmente se virando para ver os dois que chegavam. — Mas tu que és um exibido mesmo né maninho! — Debochou indicando a falta de encilha no cavalo que Sul montava.

— Tchê, eu falei que ia ser assim. Tu que não me escuta.

Enquanto os dois Rio Grande trocavam farpas e brincadeiras Paraná se aproximou de Sergipe.

— Tudo bem Gipe?

— S-sim. — O loirinho sorriu rígido.

— O Sul te explicou tudinho neh?

— Uhum.

O paranaense sorria divertido e alegre.

— Vem! Vamos dar uma volta na pista.

— T-tá bom.

Paraná beijou e cutucou a égua para que andasse, ela deu um leve pinote e começou querendo já sair no trote, imediatamente o menor a freia, ajustando para que fosse ao passo. Já o nordestino timidamente deu uns beijinhos para que Raio saísse acompanhando a Atrevida. O cavalo mais velho parecia entender que sua montaria era inexperiente e saiu devagar, parecendo ajustar-se a ele com tranquilidade, mesmo assim a sensação do surfista ali em cima era de que estava andando a vários quilômetros por hora.

Vendo aquilo Norte e Sul se juntam ao exercício, mantendo o passo mais lento.

— Gostando Gipe? — O maior perguntou sorridente.

— S-sim. O Raio parece que entende o que tá fazendo.

— Mas é claro que ele entende tchê! — Sul exclamou. — Ele sabe que é pra se comportar. Ele sente que tu não sabe montar ainda.

— Não precisa preocupar Gipe. — Paraná também comentou. — Tu tens bom equilíbrio, dá pra ver.

— Tem mesmo. — O gaúcho também elogiou. — O surfe deve ajudar bastante nisso.

— Eu consigo enxergar isso visse. — O sergipano comentou. — Quando eu tô em cima da prancha é só isso que me segura. — Riu lembrando da sensação de estar no mar. — Mas em cima de um cavalo a sensação é complemente diferente entendesse.

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