Abraçou a árvore?

127 14 49
                                    

— A gente tem que lavar os cavalos e depois dar feno. — Paraná comentou por cima do ombro enquanto ele e Norte chegavam nos estábulos.

Ambos desceram e já começaram a desencilhar os bichos.

— Eu sabia que eles tinham voltado antes. Provavelmente a louça é nossa visse Paranazinho.

— Com certeza. — O menor passou pelo cunhado puxando a égua para a área de banho. — Nada mais justo também.

Rapidamente deram banho dos animais, ajeitaram-os nas baias e foram para a casa. Já podiam ver a fumaça saindo da churrasqueira e o cheiro de carne assando.

— Mas que barbaridade tchê! Demoraram pra chegar. — Sul os recepcionou da frente do braseiro enquanto inspecionava os espetos.

— É que a gente se distraiu entendesse. — O potiguar foi diretamente no namorado lhe dar um beijo na cabeça o cumprimentando.

— Eu mostrei aquele lugar lá pro Poti. — Paraná se aproximou do loiro o abraçando para cumprimentar, sendo retribuído com um selinho carinhoso.

— Abraçou a árvore foi paixão? — RS perguntou com um sorrisinho de canto, sabia que o namorado entenderia muito bem o que estava perguntando.

— Hoje não, mas durante a semana ainda vai acontecer. — O menor respondeu igualmente malicioso. — E vocês? Fizeram alguma coisa? — Lançou olhares para Sergipe fazendo-o corar e, sem querer, pesando o auto julgamento e culpa do surfista.

— A gente se beijou. — O gaúcho respondeu sucinto e verdadeiro, aliviando a pressão do cunhado. Logo se virou e ofereceu pão de alho cortado numa travessa. — Querem?

— Opa! Quero sim! Tô morrendo de fome cabra! — Norte exclamou alegre se aproximando do que era oferecido.

O outro nordestino imitou o namorado e se aproximou também, um pouco tímido por causa de toda a situação com o gaúcho, mas o mesmo o tratava normalmente.

— Hum! Tu não perdeu a mão pra isso paixão. — Paraná elogiou brincalhão. Sendo do jeito que era o gaúcho não ia perder a habilidade para aquilo tão cedo. — Vai bem com uma cerveja neh. — Olhou para os outros. — Querem?

— Com certeza homi. — O potiguar foi o primeiro a responder.

— Sim — SE confirmou em seguida.

— Trás outra pra mim também paixão. — RS complementou finalizando a lata que tinha em mãos.

— Não bebe demais paixão. — O menor passou por ele e lhe deu um tapinha leve na barriga fazendo o barbudo encolher o tronco. — Não queremos comprometer hoje à noite.

Sul sorriu de canto e retrucou convencido.

— E quando que eu deixei de transar por causa do álcool?

— Nunca. — Norte e Paraná responderam cansado e divertido respectivamente.

Sergipe olhou curioso para o namorado, de onde ele sabia daquilo? Até onde era informado os dois irmãos só tiveram intimidades aquela uma vez ano passado e naquelas duas semanas anteriores, onde ninguém realmente bebeu. Então como que ele sabia esse tipo de informação e ainda respondeu entediado?

O potiguar notou os olhares do surfista sobre si e perguntou gestualmente o que era que o estava incomodando. O loirinho não teve muita escolha senão falar sua dúvida, com uma tentativa de tonalidade brincalhona.

— Como que tu sabes disso Poti? — Os dois irmãos sorriram amarelo, não querendo realmente responder. — Vocês se pegaram alguma outra vez?

— Não, não! — ambos responderam rápido demais, deixando o clima estranho.

RepetecoOnde histórias criam vida. Descubra agora