Caçada

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Paraná e Norte desmontaram rapidamente, tirando os sapatos, arremangando as calças e molhando os pés.

Enquanto isso Sul desmonta e auxilia Sergipe, segurando seu cavalo e instruindo sua descida.

— É bom se alongar piá. — Sugeriu ao loirinho enquanto amarrava seu cavalo na árvore. — Tá sentindo muito as pernas?

— Até que não. — Sorria brilhante, deslumbrado pela paisagem.

— Gostou do passeio Gipe? — Paraná se aproximou alegre. Sem nem titubear se esticou e lhe roubou um selinho sorrindo maroto em seguida. — Eu vou roubar o Norte um pouquinho pra mim tá bom? Te aconselho a fazer o mesmo com o Sul daí. — Sorriu malicioso e se afastou.

O surfista corou lentamente, à medida que entendia os planos dos outros dois e os via realmente se afastarem para dentro da vegetação.

Paraná avançava casualmente para um determinado lado e olhava para trás como quem não quer nada, mas esperava e observava o potiguar o acompanhar, também casual. Para olhares desavisados não tinha nada de mais, porém era bem claro suas intenções para quem sabia. No caso Sul e Sergipe acompanhavam essa "caçada" ao longe.

Rio Grande do Sul bufou chamando a atenção do loirinho. Sorria divertido.

— Nem disfarçar eles sabem. — Se abaixou e começou a tirar as botas. Percebeu o sergipano o observando estático. — Não quer molhar os pé guri? A hora é agora. Dali a pouco temos que voltar.

— Hã? S-sim, pode ser. — Procurou um lugar para sentar e fez o mesmo, tirando o próprio calçado e meias.

Enquanto isso viu Sul molhar o rosto para se refrescar e se sentar numa pedra bem posicionada.

Um pouco incerto acabou ocupando o espaço ao lado do gaúcho à beira d'água para molhar os pés. Era inevitável tocarem as coxas sentados ali. E também era inevitável do menor não reparar no cunhado.

A luz que refletia na água fazia reflexos hipnotizantes e sem perceber estava encarando profundamente o barbudo. Nunca tinha reparado em como ele tinha cílios longos, talvez por serem loiros e só com aquela luz conseguia enxergar bem.

Sua íris dourada realmente era parecida com a do namorado, impressionante, considerando que não eram gêmeos nem nada assim. Sua pele clara era um pouco castigada do sol e, no momento, estava molhada e tinha aquele brilho bonito. Sua barba também, com reflexos quase ruivos revelados por aquela luz. Sua boca certamente não era das mais carnudas que já vira, mas definitivamente lhe era atraente.

Sergipe não viu, mas era observado de volta discretamente pelo outro. Sul percebeu que era encarado de forma muito óbvia, logo viu que o loirinho tinha se perdido em pensamentos e devia estar em outra dimensão. Não achava ruim. Nem um pouco. Se virou devagar para o surfista e se aproximou dele, seu rosto inocente e distraído parecia implorar para ser beijado.

Conseguiu se aproximar do nordestino sem assusta-lo, mas o menor ainda parecia bastante distraído por seus pensamentos. Somente quando o tocou na bochecha com a mão e em seus lábios é que pareceu despertar. Prontamente correspondeu, suave, se derretendo aos poucos.

Sul avançou tranquilo com a mão em sua nuca, sentindo o undercut dele com gosto. O puxando para cima de si com cuidado e destreza, devagar. Sergipe mal percebia toda essa movimentação, muito bem distraído pelos lábios dele nos seus. Seu calor contra si. Seu cuidado.

Apoiou a mão em seu peito, se equilibrando e sentindo sua respiração. Era inegável que começava a aquecer, o barbudo sabia seduzir. Concluiu o pensamento e sentiu sua mão o tocando a bunda. Podia até entender que era para dar suporte, podia se enganar com aquilo, mas a consciência pesou, não se sentia confortável mais. A lembrança da decepção de Bahia lhe assombrava.

Empurrou o maior devagar, desencostando dele sem sobressaltos. SE se sentia mal em frustrar o gaúcho, mas não conseguia, não havia realmente superado aquela briga. Olhou-o dolorido.

— Desculpa. — Sentia seus olhos marejarem e logo o escorrer de suas lágrimas. Desviou o rosto, não conseguia mais encara-lo. — Desculpa.

Sul suspirou, depois daquele comentário sobre a briga com a negra já esperava alguma reação daquele tipo. Puxou o cunhado para seus braços o abraçando forte.

— Tudo bem Gipe. Não vamos fazer nada agora. — Sua fala saiu suave e compreensiva, mas fervia de raiva por dentro.

Sentiu o soluçar suave do menor contra seu peito, ele estava muito conflitado, apesar de todas as conversas que certamente tivera, tanto consigo como com Norte e até com Maranhão. Esperou que o nordestino se acalmasse antes de sugerir.

— Vamos voltar guri? — Tentou suavizar e demonstrar que estava tudo bem. — Ainda tem o almoço pra fazer. Tu pode me ajudar?

Viu-o desencostar de si e secar as lágrimas com as mãos. Lhe ofereceu o melhor sorriso que conseguiu no momento.

— Não acho que Paraná e Norte vão terminar muito cedo. — Lançou um olhar para onde os dois tinham sumido.

Conseguiu fazê-lo sorrir também, não muito animado, mas conseguiu. O gaúcho se levantou de seu lugar e ofereceu a mão.

— Vamos?

Sergipe aceitou a ajuda e ambos calçaram novamente os respectivos sapatos. Quando Sul o auxiliava a montar no cavalo o sergipano conseguiu o olhar nos olhos de novo.

— Obrigado Sul.

Aquilo derreteu os pensamentos frios que rondavam a mente do maior. O gaúcho o ajudou a montar e assim que ele estava em cima do cavalo bateu carinhoso e sua perna o olhando profundamente nos olhos.

— Tudo no seu tempo guri. Quando tu tiver pronto vem até mim. — Deu mais dois tapinhas e se afastou para a própria montaria.

Se aproximou novamente do nordestino, agora em cima do Faceiro.

— Vamos?

— Vamos! 





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A cara de pau do Paraná e do Norte~ ai ai

Sul seduzindo sem nem fazer força~ (ou é a mente poluída do Sergipe? hahaha) 

Ai véi, essa briga com mainha ainda tá rendendo -.-' affe

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