Cavalo esfogueteado

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Sul e Sergipe tiveram a resposta do paranaense logo antes dele sumir na esquina atrás do potiguar.

O silêncio prevaleceu novamente no estábulo sendo quebrado por um relincho e bufada tanto do Faceiro como do Raio. Sul olhou para o cunhado, via que ele estava nervoso.

— Tá pronto Gipe?

O loirinho teve um sobressalto e não teve como esconder.

— N-não. — Respondeu sincero.

— Relaxa guri, é só um passeio a passo. O Raio aqui é de confiança, jamais te colocaria num cavalo esfogueteado piá.

Acariciou sua cabeça. Ele estava muito fofo com aquelas reações, mas não se deixou distrair. Guiou-os para a baia da montaria de Sergipe, colocando-se ao lado do animal, que simplesmente os olhou e ficou onde estava, manso.

— Primeiro de tudo, tu sabe montar Gipe? — Tímido o surfista negou com a cabeça. — Tudo bem guri. Eu vou primeiro te mostrar e depois tu tenta tá bom?

Sul se colocou na posição.

— Primeiro tu coloca o pé no estribo, assim. — Mostrava o passo a passo. — Depois abraça o cavalo desse jeito, mirando na diagonal da cernelha tah. Daí tu dá o impulso com a outra perna. — Fez o esforço e subiu com graça em cima do cavalo. — E sobe. — Sorria animado pro menor. — Simples.

Sergipe foi obrigado a soltar uma risadinha de nervoso.

— Simples de ver só.... — Murmurou encabulado enquanto o gaúcho descia.

— Pronto? Tua vez.

Indicou o local ao lado do cavalo enquanto o puxava suavemente pela cintura o posicionando.

— Antes de subir abraça o cavalo guri. — SE lhe deu um olhar interrogativo. — Abraça o cavalo. Ele não vai te morder. Perde o medo piá.

Ainda receoso o loirinho obedeceu, envolvendo os braços no pescoço do animal. Quentinho, macio e forte foi o que o surfista percebeu. Um animal tão grande, nobre e poderoso daquele jeito, mas tão dócil. O menor processava o próprio nervosismo em relação aquilo. De certa forma se acalmava um pouco. Gostava de animais e podia ver que aquele ali era amigo e manso. Se afastou, pronto para tentar subir nele.

Sul continuou dando as instruções ao mesmo tempo que gesticulava.

— Pé no estribo. Abraça ele. Mira na diagonal e dá o impulso. Lembra de bolear a perna pra não chutar a bunda dele.

Sergipe respirou fundo e fez o instruído. Se agarrou e impulsionou com o outro pé. Parecia tudo bem, até que percebeu que não tinha impulsionado o suficiente, se sentia perdendo o equilíbrio. Quase caiu para trás, mas no último momento o gaúcho lhe deu uma mão na bunda e conseguiu subir.

Definitivamente nem um pouco parecido com o que Sul lhe demonstrara, sentiu que subiu todo desengonçado, ainda bem que os outros dois estavam lá fora e não viram aquilo.

— Tudo bem guri? — Foi tirado de seus pensamentos. — O menor assentiu timidamente. — Fala piá! Quero ouvir tua voz.

Sul cobrou divertido, conseguia ver que o cunhado estava nervoso, mas parecia animado.

— S-sim! É que eu tô concentrado entendesse. — O nordestino murmurou entredentes rígido no lugar.

— Olha pra mim quando fala comigo Sergipe. — RS mandou um pouco ríspido. O loirinho assim o fez, receoso. O gaúcho abriu um sorriso largo para ele suavizando a voz. — Agora olha pro outro lado. Te equilibra e sente o animal em baixo de ti.

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