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𝑺𝒂𝒓𝒂𝒉

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𝑺𝒂𝒓𝒂𝒉

⚠️ GATILHO: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.

Faz quase dez minutos que estou nua em frente ao espelho pós banho. Meus olhos não se desgrudam de minha tatuagem nem por um único segundo. É como se cada mínimo movimento que eu desse, meu corpo poderia desmanchar. Então fico estática, feito pedra. Talvez eu não seja mesmo uma narradora confiável. Omitir fatos por vergonha ou medo era minha especialidade.

Eu só tinha dezoito anos.

Eu só tinha dezoito anos quando o cara que eu achava que era o amor da minha vida tentou me matar numa crise de ciúmes. Ele havia perdido a cabeça. Eu me lembro da exata sensação dele me jogando contra a parede da minha cozinha com toda a brutalidade do mundo e afundando uma faca na minha pélvis. Não sei se é sorte a palavra certa, mas o vizinho que eu considerava como um pai entrou em minha casa no exato momento em que escutou os meus gritos de ajuda e numa fração de segundos, meu vizinho quase mata-lo de tanta porrada. Hoje em dia, o filho da puta está preso. Recorrentemente, eu tenho pesadelos com essa merda.

E quando ele tentou de novo fazer isso, sim! eu perdoei a primeira vez, por que ele tinha feito a porra de uma santagem emocional enorme comigo. Mas quando ele tentou fazer isso pela segunda vez, eu consegui correr pra casa do meu vizinho e pedir ajuda. E no outro dia voltei para são paulo. Totalmente magoada e traumatizada.

Apenas Paulo, meu vizinho sabe dessa história. Incluse, foi ele que me levou até o tatuador após eu pedir pra me acompanhar e segurou minha mão enquanto eu chorava na maca. Incrivelmente, não era dor. O desespero queimava todo o meu corpo por estar apelando à algo para tapar uma marca de minha quase-morte. Algumas pessoas usam isso como parte da minha história, mas eu não. Isso não faz parte de mim. Se possível, eu gostaria de apagar todo o terror que isso causou em mim. E até hoje causa em certos momentos de fraqueza.

Algumas horas atrás mesmo havia sido exemplo disso.

Parecia que Apollo sabia exatamente o que estava por baixo daquela tatuagem. Não sei se sua língua sentiu a textura de minha cicatriz, mas seus olhos estavam tão chocados sobre mim que me passou a exata certeza que talvez ele soubesse exatamente o que aconteceu. Nem mesmo as minhas amigas com tanto tempo de amizade notaram que eu tinha feito um desenho encima da marca que quase me matou um dia. Como eu quase fui assasinada com dezoito anos.

Meu irmão só sabe da quase tentativa que me fez voltar imediatamente para são paulo. como eu disse.. só meu vizinho sabia disso.

Lembro de sentir um pânico surreal. Na minha cabeça, eu sabia que iria morrer. Ninguém merecia passar por esse tipo de desespero, seja la qual fosse o caráter da pessoa. Eu ja conhecia bem o comportamento agressivo do tal ex, mas como uma menina que acabou de completar dezoito totalmente apaixonada e que se esforçava pra tudo dar certo no meu conto de fadas, eu aguentei tudo. O primeiro tapa, os primeiros xingamentos, aguentei até mesmo o dia em que ele quase me matou. E por fim, a segunda tentativa de assasinato.
No geral, convivi com a pessoa que tentou me matar durante quase dois anos.

Falar sobre isso não é um tabu pra mim, mas é uma memória que eu preferia que fosse deletada da minha vida. Na minha família e circulo de amigos, eu era conhecida por colecionar lembranças boas, também por fazer todo mundo passar por momentos incríveis ao meu lado, Bom, é o que minha mãe sempre repetia. Acho que esse caso é uma exceção. Meu ex namorado não deve ter uma boa lembrança de mim dentro da cadeia.

Eu respiro fundo enquanto penteio meu cabelo, coloco um pijama e destranco a porta.

Apollo bateu na porta acho que umas sete vezes ja. Porém, não estava preparada para lidar com ele. Falei que não queria conversar com ninguém e ele respeitou. Mas o mesmo não saiu da porta desde quando entrei no quarto.

Achei que ele estava curtindo a resenha, ou bebendo com os caras. Mas ele estava em frente a porta, sentado no chão, mechendo no celular.

Meu celular não parava de vibrar um segundo. Mandei uma mensagem falando que estava bem e falei pra ele aproveitar a resenha. Ele me mandou mais algumas mensagens que eu preferi não ler. Só entrei logo no banho e me perdir em meio ao choro e lembranças daquele dia em que eu quase morri.

Destranco a porta e meu celular vibra mais uma vez. Decido não ler, então escuto Apollo do outro lado da porta.

—— Posso entrar?

—— Pode.

Ele entra e me vê deitada de costas para ele na cama. Logo sinto o mesmo chegar perto de mim e me dar um beijo na cabeça.

—— Eu não vou te perguntar nada hoje e nem vou encher seu saco. Você me conta quando quiser, só quero que cê entenda que eu to aqui do seu lado e nunca vou sair. — Dou um sorriso de lado e o mesmo me dar mais um bejjo na cabeça —

Sinto ele se levantar, escuto o barulho da porta sendo trancada, ele liga o ar-condicionado e apaga luz. Apollo se deita na cama novamente e me abraça em baixo do edredom.

Retribuo o abraço e me viro para encara-lo, mesmo que estivéssemos no escuro, consigo enxergar suas íris castanhas claro olhando preocupado pra mim. Dou um selinho nele e coloco a cabeça em seu peito. Logo adormecendo abraçada em apollo.

E é nesse momento que eu percebo que vai ser difícil pra caralho me desapegar.

[...]

2/2 hojeee 🙌🏻🙌🏻🙌🏻 amém deus. O plot veio vidass, votem muuuuito e interagam ao decorrer 🩷 até dia três.

𝐒𝐀𝐔𝐃𝐀𝐃𝐄𝐒, apollo mc.Onde histórias criam vida. Descubra agora