CAPÍTULO 3

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ARUNA

Enquanto ando pelo o lixão catando lixo para vender e ajudar a sustentar a minha família, com o dinheiro, da venda. Sinto o sol quente queimar a minha pele de um jeito que me fez arrepender de ter vindo trabalhar durante o dia. Minha me disse para vim apanhar o lixo somente a noite, mas opitei por vim nesse horário, e agora quase não me aguento mais em pé, por não está suportando o calor horrível, que está fazendo aqui na minha cidade. Sou indiana e moro na Índia desde que nasci. Nunca sair do meu país por motivo algum, e às vezes tenho pressentimento de que nunca vou para longe. Embora eu ame esse lugar e não me veja indo embora daqui, tenho noção de que as condições de vida em outros países, são melhores que o meu. O que me faz pensar em pegar os meus pais, e os meus irmãos, e ir embora daqui se eu pudesse mesmo fazer isso.

- Aruna, olha lá! Mas uma tevê jogada fora. - Olho para onde minha amiga, está apontando, mas continuo em silêncio. Pois estou me sentindo mal, e talvez seja melhor eu permanecer calada. Quem sabe assim, não volto a me sentir bem de novo.

- Já sei, você não vai falar nada como das outras vezes. Vou catar lixo ali do outro lado. Aqui onde estou tem aquelas revistas que só você sabe ler. Por que não vem pra cá, ficar no meu lugar.  - Sugeri dando a volta e indo em direção oposta a minha.

Infelizmente eu não consegui concluir a escola devido a ter que ajudar meus pais a cuidar dos meus irmãos mais novos, e o trabalho. Mas aprendi a falar e entender a língua inglesa, através de uma missionária, que fazia trabalho voluntário no meu bairro. Não lembro qual país ela era, mas lembro que ela ensinou eu e outras meninas a falar o idioma. Por isso, entendo um pouco do que está escrito nas revistas em inglês que aparecem por aqui. Apesar de não focar muito em ficar lendo elas, por não ter tempo. Não nego que leio algumas páginas que não estão jujas. Pois assim posso treinar o que aprendi com a minha professora. Não temos contato e não sei por onde ela anda agora. No entanto eu sou agradecida ela, por ter me ensinado sua língua.

Caminho em direção as revistas e pego uma das que estão no chão, que mostra a foto de um homem loiro e bonito, que me parece ser um desses bilionários que nem sonha que um lugar como o que eu estou, existe. Já que homens como o que eu estou vendo nessa capa de revista, não conhece outra realidade se não a que o poder, pode lhe proporcionar.

Observo bem a imagem dele e fico impressionada com a sua beleza. Mas noto somos diferentes, pois diferente de mim que sou uma mulher negra, de olhos escuros. Ele é branco e tem olhos azuis, que me fascina.

Talvez ele seja americano...

- gorota por que está ai parada, olhando pra esse lixo? - Ouço alguém perguntar, atrás de mim.  Ergo a cabeça e vejo uma mulher vindo até mim.

Ela para na minha frente e olha para revista que eu estou segurando com uma cara de quem não gostou, muito do que viu.

- Esses daí, são sempre os mais bonitos. Cuidado! São eles quem nos fazem sofrer! - Alerta indo embora sem dar tempo de falar alguma coisa.

Acho que ela deve ser louca. Eu sempre olho as revistas que eu acho aqui. Não sei o porquê ela me disse essa bobagem.

Jogo a revistas de volta no chão. E vou em busca de objetos que realmente vale a pena catar, e trocar por dinheiro. Assim que vou me abaixar pra pegar um objeto eletrônico usado em cozinha. Sinto uma tontura na minha cabeça, que faz lembrar que ainda não comi nada.

Antes de sair de casa, não tomei café. E  também ainda não almoçei. Talvez daqui a alguns minutos eu vá comer alguma coisa. No entanto, agora não posso parar o meu trabalho.

Não posso! Preciso terminar aqui. Penso enquanto pego a velha cafeteira  coberta de lixo do chão.

Aruna No Âmago Do CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora