Capítulo 24 - O Colar

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Ketlyn

A risada escandalosa do Carlos preenchia o silêncio da sorveteria. Combinamos de boa encontrar aqui para conversar sobre ontem.

- Você vai ter que ser babá de um riquinho por quase três meses! - Disse recuperando o fôlego, após rir do meu trabalho.

- Eu sei, é péssimo. Vou ter que vigiar ele e planejar a morte dele. - Digo abaixando a cabeça em sinal de derrota.

Carlos volta a tomar seu sorvete, que sinceramente, é um pouco de todos os sabores que tinham aqui.

Enquanto a mim, estou me consolando com um milkshake de chocolate. Eu sou sem sombra de dúvidas, um alvo para o azar. Como escreveu meu stalkear, um raio não cai duas vezes na mesma árvore, mas em mim caiu umas trinta e sete vezes.

Eu preciso ir embora logo, afinal tenho que trabalhar na morte de um babaca. Tomo o resto do milkshake, deixando o copo vazio e meu cérebro congelado.

- Eu preciso ir, tenho que começar a trabalhar no meu plano. Te vejo mais tarde florzinha. - Digo dando um curto sorriso, pego meu copo e levanto em direção a saída.

Carlos franze o cenho, provavelmente estranhando o apelido novo.

- Por que florzinha? - Perguntou indignado se levantando da mesa, e me seguindo.

Ele não reparou que está com uma flor presa na blusa? Se bem que quando se trata do Carlos, poderia ter uma bomba grudada nele que não reparava.

- Por causa disso. - Falei tirando a pequena flor roxa do ombro de sua camiseta verde musgo.

Coloco a flor apoiada atrás de sua orelha, e ele me oferece um sorriso.

- Tchau florzinha! - Sigo em direção a minha moto.

Essa era uma das minhas aquisições depois que comecei a trabalhar, eu não renovei o apartamento ou me mudei, apenas poupei dinheiro o suficiente para comprar uma moto, que eu nem sabia que gostava até pilotar pela primeira vez.

Em pouco tempo cheguei em casa, e agora estou sentada analisando a ficha mais uma vez.

Eu ainda não entendi o porquê de eu ter que planejar isto! É menos empolgante do que imaginava ser.

A brisa gelada da noite que acaba de cair, entra pela janela e faz carinho em minha pele. Olhando em direção a ela, percebo o céu em um perfeito tom de azul escuro acinzentado, não vai chover hoje.

É entediante, não poder ir a qualquer festa ou evento público, sem autorização do Sr. Brown. Com o tempo eu me acostumei a ter que me divertir sozinha,

Mas sem diversão eu não iria ficar, quando tenho tempo livre. Enquanto todos estão fora de casa, em alguma festa, passeio ou viagem. Eu estou lendo em casa, ou pilotando em uma estrada deserta.

Realmente é lamentável que Carlos não topou a ideia do clube do livro apenas comigo, ou apostar racha em uma estrada vazia a noite.

Vou ter que me virar sozinha mais uma vez, me levanto e sigo até meu quarto.

Este é bem maior que o antigo, tem uma cama de casal e um guarda roupas grande, mas a casa continua sem cor.

Antes eu queria decorar a casa com alguma cor, mas acho que não mereço viver em um ambiente alegre, apenas pessoas alegres vivem em casas coloridas, mas quando matar pessoas alegres é literalmente seu trabalho, você começa a entender que as pessoas com casas coloridas não são tão alegres quanto imaginou. E que as cores da casa não importam.

Abro o guarda roupas, e retiro rapidamente minha calça preta e a jaqueta preta de couro. E também em preto, meu coturno sem salto.

Troco as roupas e pego o capacete apoiado na colcha cinza da cama.

A adrenalina corre por minhas veias antes mesmo de sair, este é o único momento em que me sinto viva de verdade, é como se com a velocidade, tudo de ruim simplesmente ficasse para trás.

Me estico pegar minha adaga, não saio sem ela.

Claro! Não posso esquecer as chaves.

Alcanço as chaves, mas percebi um colar cair em cima das minhas botas, me abaixo e vejo do que se trata.

É uma corrente tão fininha e delicada que parece um fio de cabelo, é toda em prata tão reluzente quanto a lua e suas estrelas piscando no escuro. Na ponta há um pingente, um coração pequeno e delicado como o resto, ele foi entalhado em um cristal vermelho, que não faço ideia do que seja. O coração é segurado ao cordão por uma argolinha, e apoiado em uma base de prata.

É simplesmente lindo! E não faço ideia de como veio parar aqui.

No seu fecho observei um pequeno papel pendurado, como uma etiqueta.

"W"

Era tudo o que dizia o papel, então isto é um presente do meu stalkear?

O sorriso e as bochechas queimando foram perceptíveis por mim mesma, me sinto uma boba, mas me sinto feliz também.

- Obrigada. - Sussurro para o silêncio.

Coloco o cordão em meu pescoço, e finalmente estou no elevador. Eu ainda não confio nessa lata de metal, mas fazer o que né.

Quando me dou conta, consigo sentir o vento contra meus cabelos, mas intercepto a ação parando a moto, preciso garantir que não há ninguém na velha estrada.

Procuro por algum barulho, mas sou contemplada com o silêncio.

Rasgo o silêncio com o som da moto, e logo estou tão rápido quanto as batidas do meu coração. Não há câmeras nesta área, e de qualquer forma, Carlos havia cobrindo a placa com um plástico especial para que não corresse perigo.

O som alto que vem apenas de mim em meio a todo este silêncio, faz com que me sinta única de uma forma especial. É como voar, sem asas.

Mas meu som único começa a ficar muito alto e diferente. E pelo retrovisor vejo que não estou sozinha.

Em segundos a moto está ao meu lado e então na frente. Eu posso não entender muito sobre motos, meu hobby é apenas pilotar, mas sei que aquela ali com certeza humilha a minha, em questão de velocidade e de preço.

A sua sorte é que estava realmente procurando alguém para correr. Logo a moto do meu adversário é largada para trás. Onde essa corrida começou? Eu não sei, em algum ponto sem luz deste caminho, mas ela vai terminar no único poste de luz que tem no caminho, ele fica no fim da pista onde uma árvore bloqueou e quebrou a estrada há muitos anos.

Meu adversário, quem não tenho ideia de quem seja, começa a tentar me ultrapassar. Eu vou deixar, logo ele está a minha frente provavelmente se vangloriando, mas é melhor não abaixar a guarda.

Não conte vitória cedo demais.

O fim está logo à frente, e este é o momento perfeito para fazer a ultrapassagem. Preciso de foco.

Quase lá... Quase... E... Consegui! Passei a frente.

Posso ver a luz logo à minha frente, e agora estou abaixo dela.

Notas da autora

Oi gnt, farei de tudo para continuar postando capítulos todos os dias!

Mas preciso que vocês comentem e votem na minha história, para que mais gente possa ler, acreditem não é fácil divulgar kkkk

Bjjs💓

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