Capítulo 27 - Câmeras

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Ketlyn

De noite

Essa ficha com certeza pode ser descrita como uma enciclopédia sobre Henry White.

Me pergunto o que leva uma pessoa a fazer uma ficha tão detalhada e específica, para no fim das contas dar o trabalho para ser feito por mim.

Folheando calmamente me deparo com uma sessão com tudo sobre a casa, ou melhor sobre o palácio em que mora.

Tem uma planta que parece ser uma cópia perfeita da original, em outra está marcado os pontos em que guarda-costas costumam ficar, assim como os vigilantes de segurança.

Há um post-it azul no canto da folha, leio rapidamente o escrito no pequeno papel.

"O programa já foi instalado no seu celular, basta procurar.

Senha: 2060-9595"

Um programa no meu celular? Isso quer dizer que invadiram meu celular para instalar?

Se bem que isso não seria uma surpresa.

Arrasto o fichário para o canto e retiro meu celular do bolso. Realmente instalaram algo novo, se não estivesse curiosa para saber o que era estaria questionando minha existência vigiada por um chefe maluco.

Abro o aplicativo e a senha é solicitada, digito os números, eles me parecem familiares mas não há tempo para teorias.

A pequena seta roda na tela cinza, e me surpreendo com o que encontro.

Não é possível.

As imagens das câmeras. Eu tenho acesso as câmeras. Posso mudar o número da câmera e assim cômodos diferentes aparecem.

Isso é muito errado, estou invadindo as câmeras dele.

Ah, se bem que eu vou ter que fazer pior, ou melhor dizer já fiz coisas piores.

Mas mesmo assim me sinto invadindo a privacidade dele. Eu sei como é se sentir vigiada e não gosto disso.

Saio do aplicativo sem motivação para ver mais, voltando ao fichário novamente, folheio mais um pouco e me deparo com uma série de "curiosidades" sobre o herdeiro.

Pelo visto ele tem algum toc com limpeza, e sempre usa luvas. Não havia reparado nisso.

Pesquisando no celular percebo que sempre está de luvas nas fotos, um terno e as luvas finas nas mãos, um casaco e as luvas, uma blusa de mangas longas e as luvas como sempre.

Quando o vi na fonte, ele não usava luvas. Pelo visto só usa em situações formais e para fotos.

Uma matéria na internet me chama a atenção.

"O herdeiro da fortuna White é dificilmente visto, faz poucas aparições. Conseguir uma entrevista ou foto com ele é tão difícil que ficou conhecido como o ouro da mídia e paparazzis."

Me sinto surpresa, pensei que fosse do tipo que adorava aparecer, mal sabem os paparazzis que almejam uma única foto que eu tenho as câmeras da casa.

Foco Ketlyn Amber!

Eu estou aqui para matar ele. Matar. Não ficar lendo matérias idiotas, e me aproveitando da situação como se fosse divertido.

Meu coração tropeça e prendo a respiração bruscamente. Alguém bateu na porta.

Puta merda. Eu quase morri de susto.

- Ketlyn! Sou eu, seu amigo preferido. - A voz de Carlos vem acompanhada das batidas na porta.

Fecho o fichário e caminho até a porta, vejo um Carlos completamente sorridente. Usando uma blusa branca e um jeans.

- Pensei que era pra eu arrombar. - Disse fazendo cara de chateado.

Reviro os olhos com sua paciência curta de sempre.

- Quem te disse que é meu amigo favorito, ein? - Abro o caminho para ele entrar.

Fecho a porta e vou até a mesa onde o folgado já se acomodou.

- Eu disse preferido, e não estou querendo te humilhar, mas sou seu único amigo. - Responde com um sorriso convencido.

Me viro em choque com sua afirmação, e faço uma cara de quem foi profundamente ofendida.

- Você tem amigos além de mim? - Digo brava.

- Minhas plantas são bem mais legais que você, elas também não são tão chatas e ficam me amolando. - Entre risos ele me responde.

Meu amigo tem uma certa paixão por plantas, eu acho incrível isso, mas quando começa a falar sobre elas ele não para mais.

- Você não vai me dar café não é? Você já foi melhor senhorita Amber. - Balança a cabeça em decepção.

- São nove horas da noite florzinha, é sério isso? Aliás o que veio fazer aqui? - Respondo com a mesma decepção que ele.

Ele pega o fichário e começa a alisar, logo está folheando.

- Esquece o café, eu vim fofoc-

Ele corta sua própria fala, e faz uma expressão confusa.

- Eu vim te ajudar a espionar o herdeiro rico. - Corrigiu sua fala.

Ele só veio fofocar mesmo.

- Isso é uma planta da casa?!?! Aqui tem de tudo, até o número de fios de cabelo do coitado deve estar aqui. - Pronuncia impressionado assim como eu fiquei.

Arrasto a cadeira logo a frente, e me sento oferecendo um copo de água. Mas ele nega com a cabeça.

E queria café né?

- Eu também tenho acesso a todas as câmeras da casa! - Falo com a sombrancelha erguida, e nariz empinado.

- Você já pensou em como vai matar ele exatamente? - Sua pergunta me pegou desprevenida.

Mas sou cortada por seu telefone tocando.

- É mensagem da minha mãe perguntando se tem leite na geladeira. - Deu de ombros.

Espera um pouc-

- Marianne está na sua casa e você nem me falou?!?! - Grito inconformada com a insensibilidade do Carlos por não ter me avisado.

Ele se encolhe na cadeira se dando conta do que fez.

- Pega a chave do seu carro, e leva essa sua bunda até o banco do motorista, eu vou dormir na sua casa hoje. - Me levanto e vou em direção ao quarto pegar minha escova de dentes e minha dignidade que deixei na cama quando acordei, isso é tudo que eu preciso.

Faz bastante tempo que não vejo ela, não me querem na mansão nem pintada de ouro.

Me sento animada ao lado de Carlos, e agora já saímos da garagem do antigo prédio.

- Põe o cinto pequena, eu não quero tomar multa!

Sorrindo coloco o cinto e vejo a cidade escura, iluminada apenas por luzes de casas onde cada um vive uma vida diferente de uma forma diferente.

Ver Marianne novamente é como um ponto de luz nestes últimos dias escuros.

Notas da autora

Oi gnt estou demorando postar os capítulos, por causa da escola 😔

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