Capítulo 35 - Chuva

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Stalkear

O pequeno apartamento está vazio, cercado pelo silêncio, porém inundado pelo cheiro marcante de rosas vermelhas, por isso sempre deixo uma para ela, mas no fundo ainda posso sentir um cheiro de algo forte e amadeirado, algo que ainda não cheguei perto o bastante para descobrir.

O prédio antigo estava tomado pelo breu, a luz havia ido embora, isso facilitou minha entrada sem ser notado, porém, tive de usar as escadas.

Tudo aqui tinha o toque dela, por mais escuro que estivesse ainda era possível ver com a pequena lanterna em minha mão, e além do mais, eu já havia memorizado como era o ambiente.

Estou no meio da sala de estar, logo a frente está a mesa e consecutivamente a cozinha. Ao meu lado, em um aparador, está o único porta retrato da casa, uma foto dela abraçada ao amigo.

A chuva bate constantemente contra as janelas, em gotas leves e sincronizadas, o barulho é relaxante, como uma sinfonia única. Se eu pudesse passaria horas apenas sentindo o cheiro perfeito dela perdido por estas paredes, enquanto ouço a chuva.

Mas infelizmente não tenho todo este tempo, acho melhor ir antes que ela volte.

Eu já me adiantei demais por culpa da minha obsessão por ela, não era para ter sido visto assim tão cedo, isso só deve ter aumentado sua curiosidade, e ainda não é hora para as respostas que ela busca, aliás ainda faltam mais de dois meses para o dia.

Eu a prometi esperar até o dia que escolheu, no entanto, não é nada fácil tentar se distrair e manter-se distante sabendo que minha caixinha de mistérios está morando fora daqueles portões, fora da proteção que me empedia de descobrir sobre ela.

Quanto mais eu descubro a seu respeito, mais eu fico querendo saber. Talvez os outros considerem eu como um fissurado, um obstinado, um maníaco, um stalkear incessante, mas posso garantir que é algo muito mais profundo do que isso.

Uma obsessão?

Acho que isso seria muito simples, estar obcecado pode ser visto, interpretado e julgado de diversas formas. O que eu tinha era exato, era preciso, e era muito além de um único sentimento.

Me ponho a andar em direção ao quarto, em busca da minha missão original, deixar uma rosa. Desta vez era apenas a rosa, não havia uma carta com uma pista a respeito de tudo isso, apoio a rosa na pequena cômoda ao lado da cama.

Às vezes, o medo de que ela não se lembre de mim ou de nossa promessa me consome. Mas tenho esperanças de que ela possa se lembrar.

Olho para a janela iluminada pela pouca luz que vem de fora, minha blusa que eu a emprestei está pendurada ao lado, como se ela soubesse que eu viria.

Poderia deixá-la, mas se ela decidir abrir uma investigação com minha blusa vai acabar com a surpresa.

Eu tenho que ir, agora. Eu consegui perder o infeliz do rastreador que mostra onde ela está, então não posso arriscar ficar aqui por mais tempo.

~🥀~

Ketlyn


Finalmente, estou em casa.

Molhada e com frio, isso foi por escolha minha, mas foda-se mesmo assim. E pra piorar, sem energia.

Acendo a lanterna do celular e uso para pegar outra mais forte em uma gaveta. Vou direto para o banheiro, em busca de água quente. Tiro as roupas encharcadas e ligo o chuveiro, mas aí a minha ficha caí.

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