Capítulo 28 - Marianne

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Ketlyn

- Por que eu tinha que te trazer, ein? Agora como você vai voltar de manhã? - Carlos questionou indignado.

- Você vai me trazer de volta. - Respondo dando de ombros.

- O quê? Você podia ter vindo sozinha. - Franziu o cenho ainda mantendo o foco na estrada.

- Primeiro, eu não tenho carro, tenho uma moto e hoje eu queria vir de carro. Segundo se eu viesse sozinha como eu iria encher a sua paciência durante o caminho? - Alfinetei.

Ele revira os olhos e solta o ar demonstrando cansaço.

- Ei! Assim parece que eu sou uma criança insuportável sentada ao seu lado que só te dá trabalho - falo indignada me ajeitando no banco - Eu sou uma criança insuportável que te dá trabalho?

Olho desafiadora na direção do meu amigo, mas ele apenas me olha e dá um sorriso.

- Pra ser sincero-

- Não precisa responder! - Cuspo as palavras depois de cortar o que ele iria dizer.

Carlos explode em uma risada debochada e eu apenas reviro os olhos.

Engraçadinho.

- De onde é o colar? - Desvia o assunto, pensando que não vou perceber.

Me encosto no banco procurando uma posição confortável, pego o pingente de coração na mão e rodo devagar.

- Eu comprei. - Mentirosa discarada.

Olho em sua direção.

- É bonito, combina com você. - Diz de forma sincera.

- Você está tão linda hoje, sabia? - Ele deu um sorriso fofo, mas eu conheço esse sorriso.

- O que você quer? - Reviro os olhos rindo de sua atitude.

Me viro para seu rosto encontrando um Carlos ofendido.

- Está me chamando de interesseiro, logo eu que sou seu amigo a tanto tempo - levanto a sombrancelha em deboche - Ok, eu preciso de um favor.

- O que seria? - Respondi convencida.

- Lembra que o chefe me deu um trabalho? - balanço a cabeça em compreensão - Bom, envolve um certo tipo de exigência que eu preciso de ajuda.

Um sorriso desajeitado brota em seu rosto e eu percebo que lá vem encrenca.

- Ele precisa que corte a cabeça, ou seja o pescoço, e eu não corto pescoços por questões sérias. Questões de que eu não gosto, tenho fobia. - Ele diz de forma mansa, tentando me convencer.

- Arrume algo decente para cortar, e me mande detalhes depois. - Me dou por vencida.

- Você sabe que é minha amiga preferida né! Eu não podia ter uma amiga assassina, doida com sentimentos duvidosos melhor do que você! - Sua fala soa carinhosa, mas prefiro não comentar e retribuo com um sorriso.

Me perco olhando pela janela mais uma vez.

Logo chegamos, finalmente chegamos.

A porta se abre e eu vejo a mulher que me amou feito mãe sentada no sofá.

- Marianne! - Grito e corro ao se encontro.

Ela se levanta em uma expressão surpresa e sou acolhida em seus braços, encosto minha cabeça a sua sentindo seu cheiro e sua presença. Como eu senti falta dela.

- Oh meu bem! Faz tanto tempo que não te vejo, depois que você se foi aquela mansão horrenda ficou pior ainda. - Disse passando a mão suavemente por meu cabelo.

- Eu senti sua falta todos os dias, mas não podia voltar para lá, me perdoe por não te visitar. - Falei com a voz carregada de tristeza.

Abracei mais forte, e soltei um suspiro com todo o cansaço que estava sentindo.

Me afastei de seu abraço, mas permaneci olhando em seus olhos tentando guardar esse sorriso dela para sempre em minhas memórias.

- Eu me demiti! Foi difícil, mas consegui, já tenho até um novo trabalho que começa amanhã mesmo. - Sua voz era animada, mas o silêncio após sua fala fez com que seu sorriso sumisse.

Como assim?!?!?

- Você se demitiu mãe? - A surpresa de Carlos era tão imensa quanto a minha.

Logo estávamos todos abraçados e comemorando.

- Agora aqueles filhotes de cruz credo vão comer comida congelada! - Carlos cantarolou feliz.

- Eu consegui uma vaga de emprego em um restaurante cinco estrelas no centro de Boston, como auxiliar de cozinha! - Ela disse em meio a animação do momento.

Era maravilhoso saber que estava livre daquele lugar, e que melhor ainda conseguiu um ótimo emprego novo.

- Isso é perfeito! É maravilhoso Marianne! Agora vou poder te visitar sempre que quiser e você também vai me visitar viu. - Pronuncie em meio a um sorriso orgulhoso.

Ela se afastou e esticou os braços, ainda sorrindo.

- Ok, eu entendi que está todo mundo muito feliz, mas eu vou trabalhar amanhã! Por isso quero todo mundo na cama agora. - Sua fala me encheu de nostalgia, me lembrando de quando eramos criança e ela expulsava eu e Carlos da cozinha.

Vou rindo em direção ao quarto de hóspedes, ao abrir a cômoda me deparo com meu pijama que sempre fica aqui.

Após o banho coloco o pijama de calça cinza com corações brancos espalhados, e uma blusa de mangas curtas branca, mas com uma tiara de princesa desenhada. Foi um presente do Carlos, óbvio.

Deito na cama, ainda com um sorriso.


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