Capítulo 61 - Cicatrizes

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Henry

Forço a porta suavemente para não fazer barulho, e ela se abre revelando uma Ketlyn bem nervosa.

Seus olhos, tão escuros feito a noite banhada por estrelas, me prenderam onde eu estava. Ela me olhava com raiva por interromper sua sessão de interrogatório.

Encosto a porta de volta ao seu lugar e cruzo meus braços me escorando na parede, afinal, não adianta eu tentar impedir ela.

Se eu tentar, vou terminar amarrado como o sujeito no canto da sala.

- O que ele faz aqui?! - questionou Nick parecendo se dar conta da minha presença.

- Não te interessa. Ele nem devia estar aqui - disse, com a mesma rispidez e ignorância da noite passada.

Alguém voltou ao normal.

- Vocês se conhecem? - perguntou com certo desdém.

Ketlyn estava pronta para responder, mas tomei frente no assunto.

- Temos algumas pendências a serem resolvidas - digo, alfinetando Ketlyn com um olhar de reprovação.

Eu estava aqui, pois alguém com uma mania inexplicável de plantar o caos a todo momento, fugiu.

E, certamente, tenho motivos suficientes para la coloca em cárcere privado por um bom tempo.

- Mas...

- A conversa é comigo - impõe Ketlyn, cortando o que Nick ia dizer.

Os olhos verdes do jovem me atingiram com intensidade, mas logo voltou sua atenção à mulher que apontava um revólver para sua cabeça.

Ela usava uma roupa qualquer de Karol, mas, impressionantemente, ainda era capaz de causar medo. Seus cabelos estavam bagunçados e escorriam por suas costas e rosto, dando contraste a sua pele pálida.

Suas sobrancelhas estavam franzidas em desconfiança, e seus lábios desenhados em concentração, assim como seus olhos.

Ela apontava a arma com desdém, como se estivesse segurando um mísero brinquedo. E seria capaz de atirar sem sentir qualquer remorso ou sentimento além de um certo fascínio pelo sangue.

- Como descobriu? - ela questionou com certa amargura.

Descobriu o quê?

- Não fui eu, Charles descobriu. E Nickolas já desconfiava. - explicou, e aí percebi seus olhos marejados - Nem ele e muito menos eu, fizemos isso. Mas, agora você sabe um ponto que se você quiser pode te favorecer.

Ele respondeu, lançando uma proposta com um olhar convincente.

- Não - respondeu ela, negando sem mais nem menos.

Ela parecia distante enquanto brincava com o gatilho e com os desenhos na arma que portava. Mas, Nick, simplesmente abaixou a cabeça.

- Amber? - ele chamou e imediatamente ela o olhou.

Amber?! Disso eu não sabia.

Então esse era o "A" na ficha.

- Por favor, eu passei por tanta coisa aqui, talvez não tanto como você. Mas esse lugar está me matando por dentro, essa merda de sobrenome é um castigo - disse se lamentando - Pega a herança. Faz o que quiser com ela. Gaste. Doe. Ponha fogo. Destrói a casa. Mas eu te imploro, faz isso acabar antes que acabem comigo.

E por um segundo eu vi...

Vi aquele olhar brilhar novamente. Carregado de tantas emoções que não sabia descrever. Aquele olhar transmitia tudo o que ela era, um mistério, um belíssimo
mistério.

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