Capítulo 46 - Chances

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Você é como um pedaço de mim mesmo, e eu não vou deixar você ir, não importa o que aconteça.” – Heathcliff, O Morro Dos Ventos Uivantes.

Ketlyn

Sinto uma luz excessivamente branca invadir minha visão, tudo diante dos meus olhos é um borrão branco.

Abrindo e fechando os olhos, posso sentir minha vista se adaptar à claridade.

Ao meu redor posso ouvir sons, diversos beeps, e também uma voz.

Me levanto, ficando sentada em onde quer que o esteja, as coisas começam a desembaçar. Posso ver máquinas apitando e com luzes com luzes coloridas piscando, um cenário branco, paredes, portas e teto.

Mas ao virar de lado, vejo um senhor moreno de jaleco.

Merda, por que estou no hospital?

- O que aconteceu...

- Ah, que bom, até que enfim acordou! - O senhor diz me cortando com um sorriso.

Olho para mim mesma, me vendo coberta por um manto de hospital.

- O que estou fazendo aqui?! - Protesto sem me lembrar muito bem das coisas.

- Você teve um colapso nervoso, desmaiou 3 vezes, agrediu um enfermeiro e um paramédico, surtou de vez. - Responde com um sorriso torto.

- Eu?... Ah, merda! - Digo me levantando enquanto me recordo de tudo.

Ao parar em pé, percebo que estou tonta. Caindo sentada de volta a maca, vejo o médico surgir ao meu lado, com o rosto contorcido em tristeza.

- Cadê ele? - Pergunto sentindo lágrimas brotarem.

- Ketlyn, médicos tem uma conduta a ser seguida, nesses casos. O paciente não pode ter o estado informado, apenas para família. - Posso ouvir decepção em sua voz enquanto me olha.

- Só me diz uma coisa, é tudo que preciso ouvir, ele é minha única família. - Suplico com lágrimas teimosas caindo.

- Eu sei disso, não existem registros de familiares seus vivos. Procuramos com seus documentos, não encontramos nenhum vivo. - Ele fala.

Mas é claro, minha identidade feita por meu pai, era falsa. A minha suposta família morta, era falsa. Tudo para me esconder de ser uma pessoa real, sou apenas falsa.

- O problema Ketlyn, é que a resposta que eu posso te dar, você não vai querer ouvir. - Sua fala me traz desespero.

- Apenas diga. - Falo sentindo o tremor tomar conta de minhas mãos.

- Está vivo, mas é instável. - Suas palavras me cortam.

Eu não sei se isso me alivia, ou piora tudo.

- O que quer dizer instável? - Pergunto, e vejo seu rosto ficar sério.

Ele vai em direção a porta, olha pelo corredor, fecha a porta. Deixando apenas nos dois dentro desse quarto branco.

- Eu entendo sua situação, sua preocupação mostra que é da família, e você merece saber. - Diz se encostando a parede.

Eu seco as lágrimas que escorriam, e segurava minhas próprias mãos, tentando conter meu nervosismo.

- Foram três tiros - Meu coração dispara com sua resposta - Dois deles, não provocaram muita coisa, um pegou de raspão no pulmão, um órgao vital. O outro, foi no ombro, e não atingiu nada vital. Provavelmente se fossem só eles, seria tudo mais simples, mas...

Ele para de explicar, olho em sua direção esperando que continue.

- O terceiro atingiu uma artéria, ele perdeu muito sangue, está em coma induzido na UTI - Revela olhando uma ficha médica - Por isso, é instável, seu amigo está em uma fina linha entre a vida e a morte.

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