Capítulo 58 - Segredos

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Ketlyn

- Um segundo, como vocês sabiam onde eu moro? - questiono.

Eu não faço ideia do porquê da pergunta, talvez seja o álcool fazendo efeito.

- Você mora naquele lugar medíocre desde que saiu da mansão em outubro.- Karol responde resmungando.

Henry sabia que eu vivia na mansão, mas eu sempre disse que trabalhava lá. Mas, nunca disse sobre minha casa atual, sua localização nem nada.

E muito menos, quando saí...

- Ah sim, com um pouco de dinheiro não deve ser difícil descobrir a atual localização de alguém. Mas, como sabe quando saí de lá? - Pergunto fingindo desinteresse.

Vejo o olhar de Henry vacilar, eu definitivamente estou chegando a algum lugar nessa conversa.

- Bom, registros de trabalho. - diz encarando os pés.

Abro um sorriso.

- Eu atirei para o alto, mas parece que acertei um ponto interessante - digo rindo - Não existe registro algum de que estive lá, afinal, nunca trabalhei lá. Muito menos dei informações importantes sobre isso a Henry.

As bochechas de Karol estão vermelhas com nervosismo, Marc e Henry permanecem olhando para o chão.

- Eu quero saber, como? - questiono apontando o revólver para a testa de Karol.

- Hum... Contatos, obviamente. - sua voz vacila.

- O finado Nickolas Hamilton, eu acredito. Certo? - jogo a pergunta.

Ela apenas balança a cabeça em concordância, mas logo entende o que fez.

- Nickolas nunca teria dito nada sobre mim, nada. A maior missão dele era me esconder, e ele não diria sobre mim para um dos seus melhores investidores e, consequentemente, maior inimigo. - concluo olhando para Karol.

Ela tem bochechas vermelhas e seus olhos brilham em lágrimas, entendendo a merda que fez.

- Acho que vocês sabem mais sobre mim do que imaginava. - digo, rodando meu dedo pelo gatilho - Explique, o que Nickolas disse.

Karol começa a gaguejar e, de repente, chora.

- Olha, eu não consigo mais - diz em um soluço olhando para Henry.

- Eu poderia achar que vocês apenas tiveram acesso à informação. Mas o nervosismo dela mostra que tem algo a mais - digo frustrada.

- Para, você já fez ela chorar, não se dá por satisfeita?! - diz Henry, evidentemente impaciente.

Viro meus olhos para ele, mas não vejo raiva. Vejo dor.

- Por que?! Me digam para quê, o que vocês fazem com uma informação de uma pessoa tão insignificante quanto eu?! - digo, sentindo meus olhos queimarem - No que importa saber que sou filha de Nickolas Hamilton e que passo a minha vida toda me escondendo disso? Eu não tenho motivos para importar.

Vejo os olhos dele brilharem, o acúmulo arriscando a formar lágrimas.

- Junte as peças e terminei o raciocínio você mesma! Nem nós sabemos exatamente o porquê. Mas algo é importante sim. - ela pausou, engasgada em soluços - Passamos anos tentando descobrir. Mas, simplesmente não entendemos, Ketlyn. Você era importante de alguma forma para Laurel, e então, se tornou para Henry. E caramba, descobrimos que você era filha de Nickolas.

Vejo ela vacilar e parar de falar, puxando ar para si e tentando controlar o próprio choro.

- Estamos há anos procurando respostas, vigiando você. - Ela diz por fim.

Por um momento minha visão se embaça, mas levo as mãos para secar as lágrimas que ameaçaram sair.

- Não consigo acreditar. - assumi, vendo todos fazendo um silêncio absoluto.

Me levanto sentindo uma leve tontura, mas me agacho ao chão mesmo assim. Procuro pela mão de Henry trazendo-a para perto de mim, evito seus olhos enquanto o faço.

As cicatrizes estão ali, todas as que em um dia reparei.

- Inferno...

Largo a mão dele e me jogo no chão , e então, quando menos me dou conta, estou chorando. Lágrimas escorrendo em meio a soluços baixos.

Estou sentada no chão, perto deles, meus joelhos estão dobrados juntos ao meu rosto. Minhas costas estão apoiadas na poltrona. A arma continua comigo, em uma das minhas mãos.

Prendo meus olhos aos dele, que se mantém firme em mim. Mas as lágrimas só escorrem mais.

- Por que? - pergunto baixinho.

- Ketlyn...

- Eu perguntei, eu quero saber. - digo, tentando afastar as lágrimas com minha mão livre.

- Você está bêbada. - diz Marc, afirmando o óbvio.

- Ah, não me diga. - resmungo.

- Para com isso, ninguém aqui vai te machucar. Você pode voltar para casa...

Karol começa a dizer, mas suas palavras morreram assim que meu olhar a atingiu.

- Ketlyn, por favor, você claramente está um pouco fora de si. Se acalme, durma, então depois conversamos. - ouço Marc dizer.

Eles estavam com medo, com medo de que eu reaja agressivamente.

- Ketlyn? - Ouço a voz calma de Henry me chamando.

Levanto meu olhar apenas o suficiente para encontrar o azul de seus olhos.

O sono, misturado com o álcool, estava bagunçando todos os meus pensamentos. Eu senti minha visão embaçada pelo choro, e minhas pálpebras pesadas.

- Me perdoe por tudo isso. Essa confusão é minha culpa, afinal, se eu tivesse tomado alguma medida quando notei que era você, isso teria sido evitado. - diz.

- Se eles não tivessem aparecido eu teria morrido, então foi bom de certa forma. - respondo, dando de ombros.

- Enquanto ao que quer saber, nem nós entendemos muito bem. Mas, eu prometo explicar o que sei. - ele pausa, procurando minha mão livre e a segurando - No entanto, terá que se acalmar primeiro.

Desvencilho minha mão da sua, escondendo minha cabeça em meio aos meus joelhos e cruzando os braços por cima.

Ok, eu vou ter minhas respostas.

Mas, preciso me acalmar primeiro. Eles já não confiam em mim normalmente, então, estando bêbada, com sono, chorando e nervosa, menos ainda. Talvez contar ajude.

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