Capítulo 47 - Perdendo o controle

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Dois dias depois

Ketlyn

Carlos não teve melhoras, mas também não piorou.

Estou há dois dias junto com a Sara, mas acho que já é minha hora de sair. Eu preciso lidar com as coisas sozinha, e agora eu acredito que eu esteja um pouco melhor.

O hospital é mais perto do prédio do que dessa casa, assim vai ficar mais fácil de ajudar Marianne.

Mas confesso, que tudo que eu queria era receber uma ligação dizendo que ele acordou.

Os dias estão ficando pesados, o tempo passa se arrastando, e não consigo pensar em algo bom por dois segundos.

Me culpo por ter confiado na esperança, por ter acreditado no final feliz.

A vida para mim era como um livro, como uma história. E por mais trágica que fosse, o final feliz tinha que existir.

Não exatamente feliz, mas o tormento tinha que ter acabado.

Era assim que eu me via, uma história trágica. Durante anos eu acreditei que o fim do tormento estava próximo, eu torcia para que a desgraça da minha vida tivesse fim.

Em um certo tempo, o desespero era tão grande como agora. E tudo que eu pedia, não era por um final feliz, apenas por um fim, eu precisava que aquilo acabasse.

Por um momento, eu me deixei levar, e acreditei no final feliz.

As histórias me iludiram, sempre com um final bom. A menina se apaixonava, ou realizava seu sonho.

Mas percebo que foi tolice minha, pois há uma enorme diferença entre eu e as meninas contadas por livros.

Elas eram a mocinha da história, e eu sou uma a vilã.

Eu não tenho uma história, sou a vilã da história de outras pessoas. Eu mato pessoas, não por minha vontade, mas acredito que isso me torna uma vilã na vida de quem não me conhece.

Eu não tenho final feliz, porque simplesmente não tenho uma história.

O mundo e as pessoas não ligam para o que sofri, e me forçam a sofrer mais.

Se soubessem por tudo que passei, me culparia por seus problemas, e me acusariam merecedora do meu sofrimento.

Passei a minha vida inteira agarrada a uma falsa esperança, para no fim das contas sempre tomar no cu.

E agora cá estou eu, depois de mais uma merda acontecer na minha vida, e de longe essa é a pior.

- Ketlyn, sabe que não precisa ir. - Sara diz se recostando ao batente da porta.

- Eu agradeço por ter me acolhido, foi muito bom ficar aqui com você Sara - digo suavemente - Mas eu preciso ir.

Mais tarde

Eu estava em casa novamente, já havia mandado entregarem comida para Marianne que tem ficado diariamente no hospital.

Passo a mão por meu pescoço, sentindo a falta do meu colar.

Não posso fazer visitas no hospital, eu fiquei muito abalada com isso. Mas Marianne me deu uma ideia antes de sair de lá, pediu para que eu deixasse algo meu.

Infelizmente tudo que eu tinha, era a roupa que estava em meu corpo e o celular, então deixei meu colar.

Com a promessa de que quando Carlos acordar, vou contar sobre toda essa loucura.

Giro a rosa que encontrei na minha cama entre meus dedos, eu não tenho tempo para joguinhos. A vida do meu melhor amigo está a um fio, e de alguma forma preciso ajudar ele.

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