Capítulo 15

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As luzes amareladas dos postes iluminando as ruas enquanto Penelape perseguia um Cão do inferno. Suas luvas vermelhas vestidas prontas para fazê-lo virar pó.

Eles pareciam se embrenhar sempre nas cidades baixas. A chuva pútrida caindo sobre seu casaco. Ela odiava aquele lugar. Mas os Demônios pareciam gostar muito de procurar suas vítimas ali.

Ela virou a esquerda em uma rua pouco movimentada parando no meio dela. A besta parecia aguardá-la. Seus dentes à mostra, um rosnado ameaçador preencheu os ouvidos de Penelape fazendo um arrepio correr pela sua espinha. Seus olhos como fogo prontos para atacar. Penelape arrumou a postura e correu em direção a besta.

As duas a menos de um metro de colidirem, Penelape se desviou no último segundo o pegando de surpresa, aproveitou a oportunidade para tocar sua pelagem com as luvas. No exato momento em que suas mãos o tocaram, ela sentiu sua bochecha arder. A besta a havia arranhado antes de se desintegrar.

O cheiro da chuva de esgoto se misturou com o cheiro de sangue, embrulhou seu estômago. Penelape respirava pesadamente com a adrenalina percorrendo seu corpo. Levou as costas da mão até sua bochecha e limpou o sangue ali, não era muito grave, mas ardia.

A rua estava completamente silenciosa naquela hora da noite. Silenciosa até demais para as cidades baixas. Olhou ao redor em busca de alguma alma viva, mas só havia ela ali. As estruturas de ferro grotescas ao seu redor se misturando às construções de prédios antigos.

Ela levou a mão para dentro de seu capuz tocando no dispositivo em sua cabeça checando as horas. Números luminosos apareceram à sua frente, eram quase três horas da manhã de uma segunda-feira. Piscou e os números desapareceram.

Penelape estava em seu apartamento se revirando na cama quando decidiu parar de tentar buscar o sono que não vinha. Vestiu suas roupas e desceu comprar salgadinhos na conveniência a poucos quarteirões de seu apartamento. No meio do caminho um Cão do Inferno passou como um furacão por Penelape, parecia ir em busca de algo. Por sorte colocou as mãos nos bolsos de seu casaco e as luvas de Nagi estavam ali. Não pensou duas vezes e o perseguiu parando ali.

Começou a caminhar de volta pelas ruas, mas talvez estivesse um pouco perdida. Não lembrava se havia virado à esquerda ou à direita em uma das bifurcações. Decidiu usar o mapa em seu dispositivo, mas antes de ligá-lo uma borboleta azul chamou sua atenção.

Ela sobrevoava pelas ruas, suas asas azuis brilhando em contraste com a má iluminação. Não fazia sentido nenhum haver borboletas ali. Elas geralmente apareciam pelas cidades altas. E aquela em específico parecia muito brilhante para uma borboleta comum.

Penelape esticou o braço e ela pousou em seu punho fechado. A levou até a altura dos olhos e analisou suas asas. É, definitivamente havia alguém ali igual a ela. Pensou.

A borboleta se dissipou no ar e outra apareceu mais a frente. Curiosa, ela a seguiu.

Quanto mais andava mais borboletas azuis pareciam aparecer ao seu redor. Aquilo deveria deixá-la com medo, mas algo ali lhe transmitia uma certa sensação de paz.

Distraída com a beleza criada por alguém, não notou uma menina a observando ao outro lado da calçada. Penelape parou quando percebeu que a garota estava envolta por borboletas azuis. Ela sorria parecendo reconhecer uma igual a si.

Se aproximou da garotinha a uma distância não muito perto para não afugentá-la. E abriu um sorriso acolhedor.

– O que faz aqui a essa hora da noite? – Penelape olhou ao redor – Onde estão seus pais?

A menina tirou os cabelos pretos dos olhos e balançou a cabeça em negação.

– Você não sabe? – Ela negou novamente.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora