Sentiu a mulher às suas costas se levantar.
Penelape usou a parede do elevador para ajudá-la a ficar de pé.
– Qual é a porra do seu problema? – Urrou, se virando para encara-la.
Ela estava de costas para Penelape, seus ombros curvados para frente. O casaco estava caído no canto do elevador, em suas costas nuas despontavam os ossos da coluna sob a pele fina. Um grunhido baixo vinha de sua direção. Fazendo algo gelado despontar dentro de Penelape.
– Mas que merda é essa? – sussurrou para si.
Ela colou as costas no metal frio do elevador, tentando ficar o mais longe que conseguia. Desviou o olhar para ver se tinha algum botão no elevador, mas achou apenas um painel de acesso, e precisava de um cartão para liberar o andar. Os números acima das portas indicavam que elas estavam subindo.
Merda.
Não tinha como sair dali. Precisava torcer para que alguém chamasse o elevador para conseguir libertá-la, mas assim que as portas se abrissem e vissem Penelape, a mataria.
Ou seja, se saísse dali morreria, e se ficasse ali, aquele troço iria pular nela de novo.
Assim que esse pensamento passou pela sua cabeça, as luzes do elevador piscaram. As deixando na penumbra por alguns segundos, voltando a se acenderem novamente.
Penelape ainda encarava as costas nuas da mulher, seus ombros agora tremiam violentamente, como se estivesse tendo uma convulsão.
As luzes se apagaram.
Penelape sentiu algo bem próximo de si, como se quisesse devorá-la viva. Só poderia ser a mulher no elevador. Mas assim que a luz retornou, continuava no mesmo lugar de costas para ela.
Sentiu sua respiração acelerar. O medo crescendo na boca de seu estômago. Parecia que as paredes do elevador estavam se fechando sobre ela.
As luzes piscaram novamente. Dessa vez, quando a escuridão tomou conta, Penelape sentiu o grunhido bem perto de si. A lufada de ar quente em sua bochecha.
Ela ficou encarando o breu a sua frente, em busca de alguma coisa. Era igual da primeira vez que sonhou com Atlan, a diferença era que ela não sentia o frio de suas sombras. O que sentia era o medo se contorcendo em suas entranhas.
As luzes piscaram, se acendendo novamente e Penelape arfou.
O elevador parou, as portas de metal se abriram. Ela deu um passo cauteloso para trás, tentando não fazer nenhum movimento brusco.
A mulher olhava para ela, entre os cabelos ruivos caídos como filetes de sangue sobre o rosto. Seus olhos estavam completamente escuros. Marcas como raios negros, manchavam sua pele palida, como se tivesse sendo tomada por algo sombrio correndo em suas veias. As unhas de sua mão estavam afiadas, prontas para arrancar a carne do corpo de Penelape.
Ela parecia vinda diretamente do inferno. O que era aquilo afinal? O que estavam fazendo com as pessoas naquele lugar?
Uma pontada fraca cutucava sua nuca, era a mesma sensação de quando tinha algum fantasma por perto. Não era uma boa hora para ter fantasmas por perto. Mas eles nunca a respeitavam, sempre apareciam em horas inconvenientes.
E afinal, onde estava o fantasma da mulher que sempre a acompanhava?
Ela conseguiu sair do elevador. Suas botas ecoando pelo corredor atrás de si. Estava com muito medo de se virar e perder o contato visual e a mulher atacar suas costas.
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Demônio de Néon
Science FictionVOL. I "Em algum lugar entre os arranha-céus uma criatura de olhos vermelhos uivou, e uma garota de cabelos azuis olhou em direção a janela assustada. Uma raposa de olhos brilhantes como o fogo era enjaulada ao lado de uma garota que foi enganada. O...