Capítulo 34

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 Penelape sentia o calor de Daxton irrompendo do corpo dele para o seu. Seus braços a agarrando firmemente como se o simples fato de a soltar, pudesse fazer com que se desfizesse.

O corpo de Penelape ardia em cada canto que ele encostava, mas a dor era só um sussurro distante comparado ao aperto em sua garganta de todos os sentimentos contidos, ameaçando irromper pelos seus olhos.

Havia ido para o inferno e quase não conseguiu sair dele. Queria só ficar agarrada a Daxton e chorar até as lágrimas secarem, mas eles precisavam sair das cidades baixas. Ela lidaria com sua confusão depois.

Relaxou o aperto no pescoço de Daxton se afastando o suficiente para encostar sua testa na dele. Fechando os olhos, sentindo o calor de sua pele.

– Você está bem? – Baixou a voz para que apenas os dois ouvissem. Não que Mavie conseguiria escutá-los com toda aquela chuva.

– Só alguns machucados, nada muito grave. Você está bem? – Devolveu a pergunta. Sua voz sombria, carregada de preocupação e algo mais que Penelape não conseguiu identificar.

– Só alguns machucados, nada muito grave.

Ela puxou os lábios em um sorrido, se afastando de Daxton. Ele soltou um rosnado baixo em protesto, fazendo o sorriso de Penelape se alargar mais.

Seus olhos analisaram os machucados de seu rosto, descendo pelo seu tronco, percorrendo até o joelho machucado. Daxton ergueu uma sobrancelha quando notou sua arma amarrada ao joelho.

– Interessante.

– É, fiquei com medo dela destravar no cós da calça, e levar um tiro sem querer na bunda. – Deu de ombros.

– Então você preferiu amarrar no joelho... – Ele juntou as sobrancelhas, vendo que o pente da arma estava fora dela. Seus olhos voltaram para os de Penelape, uma sombra de divertimento pairando neles – com o pente fora da arma.

– Exatamente, precaução.

Daxton repuxou os lábios, uma risada baixa saindo de sua garganta.

Penelape não iria contar sobre seu joelho machucado, pelo menos não agora. Não queria deixá-lo mais preocupado do que já estava. Ele ficaria carrancudo, bem capaz de jogá-la sobre o ombro e trancá-la em seu apartamento.

Assim como Atlan tentou fazer com ela, no inferno. Estremeceu com esse pensamento.

Por cima do ombro de Daxton, ela viu a sombra de Mavie.

Algo dentro de si se contraiu.

Sua amiga estava bem. Mavie estava viva, ela havia conseguido salvá-la.

Penelape se afastou de Daxton. Mordeu o interior da bochecha tentando não gemer de dor com a pontada em seu joelho que ameaçava derrubá-la a cada passo.

Mavie estava de costas para eles, parecia distraída com algo à sua frente. A rua iluminando o suficiente de sua silhueta. A camisa branca colada ao corpo, a sombra de uma tatuagem borrada sob a camisa despertou a curiosidade de Penelape.

Ela não sabia que Mavie possuía uma tatuagem, ainda mais nas costas toda.

Penelape se aproximou o suficiente para quase tocá-la, mas Mavie não prestava atenção em seus movimentos.

– Mavie? – Chamou sua amiga, a voz preocupada reverberando por cima da chuva.

Ela olhou por cima do ombro. Seus cabelos escuros caindo molhados sobre os olhos. Uma parte de seu rosto estava com um corte profundo na bochecha.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora