Capítulo 4

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Penelape cruzou os braços sob o rosto para se defender, e uma parede de chamas azuis se ergueu em volta da besta. Ela se arrastou para trás e se levantou incrédula.

Olhou para suas mãos, mas não havia nenhum sinal de que as luvas haviam feito isso.

O cão do inferno queimava a sua frente. E a suas costas algo brilhava com a mesma cor das chamas. Ela olhou em direção a saída do beco, piscou atônita, processando a presença do homem.

Ele brilhava com as chamas azuis. Ela ficou de queixo caído, pois as chamas pareciam uma serpente o envolvendo. Olhos de chamas azuis a fitavam.

Vanguard, pensou penelape.

Ele deu um meio sorriso.

– Olá de novo, Penelape. – sua voz profunda ecoando através das chamas, misturando-se ao crepitar do fogo.

A besta se debatia, rugindo desafiadoramente e resistente em meio às chamas, chamando a atenção dos dois. O cão do inferno não iria morrer tão fácil, Penelape precisava agir, e rápido.

Ela se recompôs, e foi chegando mais perto da besta.

– Vanguard, você poderia só abrir um espacinho? – Disse, talvez com um pouco de medo na voz. Não queria ser queimada viva. Poderia viver mais que um humano normal, mas ainda poderia se ferir gravemente e morrer. – Eu meio que não quero ser queimada e tal. Mas preciso chegar mais perto... – Ela apontou em direção ao Cão do Inferno.

Ele a olhou incrédulo, não entendendo qual era o objetivo de Penelape, mas deu de ombros e afastou as chamas da região traseira da criatura.

– Sério? A bunda?

– Achei que seria mais fácil chegar por trás, de surpresa.

– Pelos Deuses, me lembre de nunca deixar meu traseiro desprotegido perto de você. – Ela se virou resmungando.

A besta parecia perceber a movimentação de Penelape, e se virou para atacá-la. Ela recuou no exato instante em que uma mandíbula mordeu o ar onde sua mão estava em instantes.

– Vanguard. – Ela soou sem fôlego, o olhando desesperada – Eu não sei lutar porra.

Vanguard riu, as chamas dançando ao redor dele atraindo a atenção da besta que rosnou.

Penelape tomou este momento para atacar. Chegou mais perto da traseira e estendeu as mãos. Seus braços sentindo o calor do fogo de Vanguard. Tocou a pelagem da besta no mesmo instante em que o fogo se extinguiu.

Em um momento o Cão do Inferno estava a sua frente e no outro... nada. Uma fina camada de poeira era extinta pela chuva nojenta da cidade.

Um cheiro de sangue e esgoto se misturando era de embrulhar o estômago. Isso porque Penelape já estava acostumada a passar muito tempo com o cheiro de morte a rodeando.

Ela se aproximou do corpo no fim do beco. O tórax completamente aberto. Sangue se espalhava por toda parte. A carne estava dilacerada em alguns pontos. Era o cadáver de uma mulher, aparentava não ser muito velha, talvez na casa dos quarenta anos.

A cabeça pendia fazendo com que o cabelo cobrisse partes do rosto. Ela se ajoelhou. Arrancou o par de luvas, pois não queria pulverizar o cadáver ao tocá-la. Afastou os cabelos do rosto e algo chamou sua atenção.

Dos olhos vidrados, saiam pequenas lágrimas azuis, assim como nariz e os lábios manchados com o mesmo líquido.

Vanguard se ajoelhou, analisando a vítima.

– SynthX.

Penelape assentiu.

Ele calçou as luvas, e Penelape teve um vislumbre de pele queimada. Desviou o olhar e voltou a focar no cadáver à sua frente.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora