Penelape cruzou os braços sob o rosto para se defender, e uma parede de chamas azuis se ergueu em volta da besta. Ela se arrastou para trás e se levantou incrédula.
Olhou para suas mãos, mas não havia nenhum sinal de que as luvas haviam feito isso.
O cão do inferno queimava a sua frente. E a suas costas algo brilhava com a mesma cor das chamas. Ela olhou em direção a saída do beco, piscou atônita, processando a presença do homem.
Ele brilhava com as chamas azuis. Ela ficou de queixo caído, pois as chamas pareciam uma serpente o envolvendo. Olhos de chamas azuis a fitavam.
Vanguard, pensou penelape.
Ele deu um meio sorriso.
– Olá de novo, só Penelape. – sua voz profunda ecoando através das chamas, misturando-se ao crepitar do fogo.
A besta se debatia, rugindo desafiadoramente e resistente em meio às chamas, chamando a atenção dos dois. O cão do inferno não iria morrer tão fácil, Penelape precisava agir, e rápido.
Ela se recompôs, e foi chegando mais perto da besta.
– Vanguard, você poderia só abrir um espacinho? – Disse, talvez com um pouco de medo na voz. Não queria ser queimada viva. Poderia viver mais que um humano normal, mas ainda poderia se ferir gravemente e morrer. – Eu meio que não quero ser queimada e tal. Mas preciso chegar mais perto... – Ela apontou em direção ao Cão do Inferno.
Ele a olhou incrédulo, não entendendo qual era o objetivo de Penelape, mas deu de ombros e afastou as chamas da região traseira da criatura.
– Sério? A bunda?
– Achei que seria mais fácil chegar por trás, de surpresa.
– Pelos Deuses, me lembre de nunca deixar meu traseiro desprotegido perto de você. – Ela se virou resmungando.
A besta parecia perceber a movimentação de Penelape, e se virou para atacá-la. Ela recuou no exato instante em que uma mandíbula mordeu o ar onde sua mão estava em instantes.
– Vanguard. – Ela soou sem fôlego, o olhando desesperada – Eu não sei lutar porra.
Vanguard riu, as chamas dançando ao redor dele atraindo a atenção da besta que rosnou.
Penelape tomou este momento para atacar. Chegou mais perto da traseira e estendeu as mãos. Seus braços sentindo o calor do fogo de Vanguard. Tocou a pelagem da besta no mesmo instante em que o fogo se extinguiu.
Em um momento o Cão do Inferno estava a sua frente e no outro... nada. Uma fina camada de poeira era extinta pela chuva nojenta da cidade.
Um cheiro de sangue e esgoto se misturando era de embrulhar o estômago. Isso porque Penelape já estava acostumada a passar muito tempo com o cheiro de morte a rodeando.
Ela se aproximou do corpo no fim do beco. O tórax completamente aberto. Sangue se espalhava por toda parte. A carne estava dilacerada em alguns pontos. Era o cadáver de uma mulher, aparentava não ser muito velha, talvez na casa dos quarenta anos.
A cabeça pendia fazendo com que o cabelo cobrisse partes do rosto. Ela se ajoelhou. Arrancou o par de luvas, pois não queria pulverizar o cadáver ao tocá-la. Afastou os cabelos do rosto e algo chamou sua atenção.
Dos olhos vidrados, saiam pequenas lágrimas azuis, assim como nariz e os lábios manchados com o mesmo líquido.
Vanguard se ajoelhou, analisando a vítima.
– SynthX.
Penelape assentiu.
Ele calçou as luvas, e Penelape teve um vislumbre de pele queimada. Desviou o olhar e voltou a focar no cadáver à sua frente.
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Demônio de Néon
Science FictionVOL. I "Em algum lugar entre os arranha-céus uma criatura de olhos vermelhos uivou, e uma garota de cabelos azuis olhou em direção a janela assustada. Uma raposa de olhos brilhantes como o fogo era enjaulada ao lado de uma garota que foi enganada. O...