Capítulo 52

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Os gritos roucos de Daxton se perderam quando a porta foi fechada, trancando-a nas sombras.

Penelape chutou o focinho metálico, e ela sentiu quando soltou sua perna, caindo com um baque surdo, o som sendo engolido pelas sombras.

Assim que sua perna foi libertada dos dentes afiados, Penelape rastejou em direção onde julgava estar a porta secreta. Ela não conseguia ver muito mais do que um dedo diante de seu nariz, a luz violeta de seu dispositivo projetava um pouco de iluminação.

Ela sentiu seus dedos batendo em algo, subindo pela extensão da parede. Usou o concreto frio de apoio, e impulsionou o corpo, conseguindo se levantar. Sua perna queimava, sua mão ardia, mas nada daquilo era tão gritante quanto o medo gélido tocando sua espinha, se agarrando aos ossos de seu corpo.

Penelape não fazia ideia de como acharia a saída daquele lugar, muito menos se estava na direção certa. Ela fechou as mãos batendo na parede torcendo para que Daxton a ouvisse.

– Daxton? Me tire daqui – sua voz foi engolida pelas sombras – Me tira daqui. Me tira daqui.

Penelape continuou batendo na parede, pedindo para que a salvasse, mas nenhum som se conseguia ouvir do lado de fora. Nem poderia dizer se estava sendo ouvida.

Ela encostou a testa no concreto, precisava se acalmar, sabia disso, mas conforme os minutos se arrastavam, seu corpo se sentia completamente o oposto.

Me tira daqui.

Já não sabia dizer se sussurrava ou falava com sua própria mente, mas algo em meio às sombras ouviu seus lamentos.

Um gemido fraco a fez virar para a penumbra, suas costas coladas contra o concreto. Ela se sentia como das primeiras vezes em que Atlan a visitava. Não importava para onde olhasse, nada se via, mas sabia que seja lá o que estivesse ali, estaria a observando de volta.

Sentiu uma vontade de rir histericamente quando o pensamento de perguntar quem estaria ali surgiu em sua mente.

Ela engoliu em seco, precisava achar a faca que estava no metal do cão robô, pelo menos conseguiria dar um pequeno trabalho antes de morrer. O problema era que ela não sabia exatamente como iria se mover em um ambiente onde não conseguia ver absolutamente nada.

Ela não fazia ideia como se manipulava as sombras de Atlan, só sabia que elas tinham a tendência de querer se manifestar em momentos extremos. E mesmo que conseguisse manipulá-la não saberia se daria certo contra seja lá o que estava ali dentro.

Então Penelape se agachou, ficando de quatro. Seus dedos trêmulos tateavam em completo desespero. Ela conseguia ouvir o som de sua respiração pesada, lutando para sorver o ar. Aquele lugar estava frio.

Seu mindinho encostou em algo no chão, ela levou as mãos para a protuberância. A princípio achou que havia encontrado sua faca, mas seus dedos continuaram tateando pela extensão.

Ficava difícil interpretar o que poderia ser na penumbra, mas seus dedos encontraram mais das mesmas protuberâncias pelo chão. Penelape se viu passando por cima delas, eram todas do tamanho da palma de sua mão, e pareciam não ter fim.

Ela soltou um resmungo baixo quando sua cabeça bateu em algo duro. Com o tato, conseguiu distinguir que era outra parede, acabou voltando pelo caminho que julgou ter vindo. Assim que passou pela última protuberância no chão, ela demorou apenas algumas rápidas batidas de seu coração antes de enfim encontrar o metal frio.

Engoliu o suspiro de alívio. Procurou pela faca, até que seus dedos tocaram no cabo. Penelape puxou, mas a faca não se soltou.

O som do corpo metálico sendo arrastado no concreto, fez seus dentes rangerem.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora