Capítulo 17

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 Os três estavam agachados no topo de um arranha-céu, os braços apoiados no minúsculo parapeito. Skylar usava óculos de sol, apesar de estarem sob as estrelas. Mas ele funcionava como binóculo – e pelo que tentou explicar para Penelape, muitas outras coisas. Daxton estava ao lado esquerdo de Penelape. Seus ombros tensos esperando o momento de atacar.

Depois da conversa deles no banheiro, Daxton acabou cedendo sua cama para Penelape passar a noite. De manhã quando acordou e foi procurá-lo, percebeu que estava sozinha. Mas pelo menos havia deixado seu café da manhã preparado na bancada.

Ele mal havia trocado duas palavras com Penelape dês que a viu. Os três estavam mortalmente quietos, focados em seus objetivos. Ela segurava um bastão em uma das mãos bem colado ao corpo, como se fosse sua boia salva-vidas. As luvas de Nagi estavam seguras no bolso de seu casaco, estava pronta para queimar alguns desgraçados.

O plano era o seguinte, observar e seguir, bem simples. Mas pelo visto Penelape estava começando a ficar impaciente com a movimentação que não acontecia.

Abaixo de si, a mais de cem andares, na divisa entre o deserto e a cidade, um carro estava estacionado à espera de algo. Já havia se passado uma hora e nada de movimentação suspeita. Quem passasse por ali só perceberia que era algo suspeito se prestasse atenção, pois estava mais para um carro parado com três pessoas ao redor conversando.

 Penelape ajustou a lupa de seu dispositivo tentando achar o cara mascarado, Fyris, que o homem dedurou para ela, mas ou ele estava escondido na areia, ou não havia chegado ainda.

– Tem certeza que este é o lugar certo? – Sussurrou para Skylar, apesar de que ninguém poderia vê-los ou ouvi-los naquela altura.

– Estou de olho desde ontem – ela sussurrou de volta – E foi nesse exato lugar em que vi a garota ser entregue.

– Então por que nada acontece? – Penelape se remexeu entediada.

– Paciência Penelape.

– Por mim já teríamos metido o cacete neles – deu de ombros.

Daxton balançou os ombros em uma risada silenciosa.

Penelape voltou a prestar atenção aos Aes que sobrevoavam ao longe. Nenhum deles iam em direção aos desertos.

Olhou para a imensidão de areia, ela brilhava banhada pela luz da lua. Aquela noite estava completamente sem nuvens, mas um vento gelado vindo do deserto fustigava suas bochechas. Realmente o inferno consegue ser gelado quando quer.

Penelape se pegou pensando na ideia de existir algo além das dunas de areia.

Será que existia mesmo um cassino em algum lugar ao longe? E se não fosse apenas histórias? E se realmente algo existisse lá?

E se todo esse tempo essas histórias de pessoas se aventurando por lá e nunca mais voltando fosse algo relacionado aos desaparecimentos, quem sabe até houvesse uma ligação com os corpos aparecendo pela cidade.

– Pessoal, lembrei de uma coisa.

 – Agora não Penelape – Skylar a repreendeu – Temos sinal de movimentação.

Ela olhou novamente para o carro estacionado, e um outro pousou. Dentro dele saíram três pessoas, um deles usava uma máscara que ocultava absolutamente todo o seu rosto, seu terno preto estava imaculado, luvas pretas em suas mãos, nenhuma parte dele à mostra. Mesmo assim, sua presença transmitia um ar de que ele era mais poderoso do que eles esperavam.

Os outros que o aguardavam, arrumaram a postura com a chegada de Fyris, ninguém chegou muito perto. Os dois homens que saíram de seu carro, estavam a dois passos às suas costas o escoltando, parecendo dois cachorros prestes a atacar. Os homens pareciam não se importar em esconder seus rostos.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora