Capítulo 2

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 Penelape empurrou a porta de seu apartamento com um grunhido. As luzes acendendo com sua presença.

– Olá Penelape, você está ferida. – Megs se materializou em sua frente, as mãos juntas atrás das costas.

– Nada fora do comum, Megs.

Ela se arrastou para o banheiro, parecia que cada passo a perfurava mais e mais por dentro. Penelape se apoiou na pia, conseguiu abrir o casaco com dificuldade, se livrando dele.

Levantou a regata branca empapada de suor, retorcendo o cenho para o hematoma vermelho que surgiu ao lado de seu corpo na região das costelas.

Abriu o compartimento abaixo da pia pegando de lá uma seringa, arrancou a tampa de proteção e a injetou perto da ferida. Sua pele queimou, por onde percorria o líquido sua pele ardia. Suas mãos ficaram suadas, suas pernas fraquejaram. Com um grunhido dolorido escapando de seus lábios, ela deslizou para o chão, deitando sobre o ladrilho frio.

Foram os segundos mais longos de toda a sua vida, mas logo que a ardência parou, respirar já não doía mais.

Com uma longa puxada de ar, Penelape se levantou arrancando a roupa, entrou embaixo da água quente do chuveiro, observando todo sangue e restos de Rony escorrendo para o ralo.

Miau Félix, a aguardava pacientemente na sala. O gato branco e laranja soltou um miado quando a viu, correndo para suas pernas pedindo carinho. Ela o pegou no colo, aninhando contra o peito.

– Também senti sua falta, Miau – coçou atrás de suas orelhas o fazendo ronronar – Megs, pode me atualizar as últimas mensagens.

Penelape pegou a comida do Miau Félix, e colou em uma tigela em cima da bancada da cozinha. Pegou um pacote de salgadinhos para si e foi para a varanda

Uma namoradeira branca com um estofado macio a convidava para se sentar. A direita havia uma incubadora que ia do chão ao teto, dentro dela ficava sua hortinha, as gotículas de água escorriam pelo vidro.

Ela se aconchegou entre as almofadas, e apoiou os pés na mesinha à sua frente. O guarda corpo feito de grade, fazia com que conseguisse ter uma vista privilegiada da cidade.

Como ela não morava em um bairro muito rico, ao longe conseguia ouvir o barulho do trem passando. Os arranha-céus despontando muito além.

Comendo seu salgadinho, Penelape lia os últimos e-mails recebidos. Eles apareciam à sua frente em um holograma projetado por Megs. A maioria deles eram sobre trabalho, aos quais respondeu rapidamente.

As duas da manhã talvez não fosse um bom horário para responder e-mails corporativos. Mas às duas da manhã ela deveria estar dormindo, em seu décimo sonho, porém ali estava, respondendo a todos eles.

Recebeu uma mensagem da sua vizinha falando que iria chegar antes do previsto, e que poderia deixar Miau Félix na sua casa logo pela manhã.

Mavie havia deixado um recado perguntando se ela estava viva e que não era para comer salgadinhos. Penelape revirou os olhos com isso, enfiando várias bolotas crocantes de queijo na boca.

Seu dispositivo apitou com uma nova mensagem enviada.

Ela abriu e seu coração deu um salto, fazendo-a congelar.

Apenas uma frase. "Amanhã, no lugar de sempre. FP"

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– Nem fodendo, Nami! – Penelape bateu as duas mãos pesadamente sobre a escrivaninha. Alguns papéis se derramaram pelo chão – Eu não vou limpar as merdas de demônio nenhum.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora