Um arrepio gelado acariciou sua nuca.
Penelape olhou por cima dos ombros, e as sombras dançavam, sussurrando seu nome, a chamando.
Ela deu dois passos cambaleando para trás, seus pés se embolando a desequilibrando.
Se apoiou em uma das paredes do corredor recobrando o equilíbrio. A palma de sua mão ardeu em contato com a parede fria.
Penelape recolheu a mão, seus dedos brancos devido ao gelo do concreto. Ela os massageou em uma tentativa falha de aquecê-los, mas o problema era que a única forma disso se concretizar, era se afastando das sombras.
Olhou em direção a penumbra, elas ainda chamavam pelo seu nome, fazendo-a estremecer.
Penelape tentou fechar os olhos fortemente. Tentou fazer com que o sonho terminasse. Mas quando tornou a abri-los, continuava no mesmo corredor, com as mesmas sombras sussurrando pelo seu nome.
Ela grunhiu em uma forma desesperada de tentar expulsar a tensão que crescia em seus ombros.
– Vão embora! – esbravejou, sua voz ecoando desesperada pelo corredor – Me deixem em paz! Fiquem longe de mim!
Os sussurros pararam.
O silêncio que se seguiu fez o coração de Penelape bater mais rápido.
As sombras nunca a obedeciam, elas nunca a ouviam. Mas algo estava diferente.
Elas se afastaram de Penelape abrindo caminho pelo corredor, para que passasse.
Uma luz fraca ao longe, vinda de uma das portas entreaberta, chamou sua atenção.
"Não vamos tocá-la, Penelape. Mas você precisa chegar até ele." As sombras pareciam implorar para ela.
A frase, reverberando várias vezes pelo corredor, se entrelaçando em suas vísceras.
Penelape deu um passo para a frente incerta, seu coração martelando em seus ouvidos. As sombras se aquietaram novamente, esperando seus próximos movimentos. Elas pareciam se espremer ao máximo para longe.
Cuidadosamente, caminhou pelo corredor das sombras, sua pele ficando gelada a cada passo que dava. Sua respiração queimando cada vez que puxava o ar.
Ela parou em frente a porta. Um número seis de metal encravado na madeira indicava o quarto.
Olhou para as sombras, elas haviam fechado a passagem de volta pelo corredor.
Penelape encostou a palma na madeira, sentindo a aspereza ao toque. Aguçou os ouvidos para ver se havia alguém ali, e escutou um grunhido seguido pelo barulho de alguém se levantando da cama.
Empurrou a porta apenas alguns centímetros e espiou pela abertura.
Ela só conseguia ter uma visão da janela que ia do chão ao teto, conhecia aquele quarto. Já havia estado ali mais de uma vez, deslumbrando aquela vista.
Penelape empurrou a porta delicadamente revelando mais do quarto. Apenas uma esfera de luz brilhava fracamente ao lado da cama, deixando muitas partes na penumbra.
Na enorme cama de dossel, havia um homem deitado em meio aos lençóis vermelhos.
Penelape conseguia ver apenas um pouco de seus braços descansando acima de sua cabeça. Seus cabelos tão escuros como suas sombras.
Ele se sentou de costas para ela, na beirada da cama. Suas costas estavam rodeadas por cicatrizes, algumas pareciam recentes.
Marcas escuras como raios negros, manchavam sua pele palida, como se sombras estivessem correndo em suas veias.
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Demônio de Néon
Ficção CientíficaVOL. I "Em algum lugar entre os arranha-céus uma criatura de olhos vermelhos uivou, e uma garota de cabelos azuis olhou em direção a janela assustada. Uma raposa de olhos brilhantes como o fogo era enjaulada ao lado de uma garota que foi enganada. O...