Capítulo 58

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O outdoor era largo o suficiente para caber os três sem que sofressem uma queda fatal.

Penelape estava sentada, seus pés balançavam despreocupadamente pela beirada. A propaganda pixelada mostrava uma mulher de cabelos escuros, olhos claros e um meio sorriso no rosto. Ela olhava por cima do ombro para um homem loiro de semblante fechado segurando um gatinho. Eles estavam presos no mesmo looping de movimento. Em baixo, escrito em letras vermelhas vibrantes, estava o anúncio do novo filme que iria estrear dali a umas semanas.

Eles estavam longe dos arranha-céus de QuantumBurg. Poucos Aes passavam sobrevoando aquele lugar, e a estrada abaixo era iluminada muito raramente por algum carro.

A aeronave que eles usaram para chegar até ali estava estacionada abaixo do outdoor. Penelape a odiava com todo seu coração, mas não havia outra alternativa a não ser usar aquela lata de metal.

Em direção oposta a QuantumBurg, para onde Penelape estava virada, a lua refletia no mar escuro. O vento gelado soprava as mechas de seus cabelos prateados para longe dos olhos. Suas bochechas deviam estar vermelhas, mas Penelape não estava nenhum pouco interessada em se levantar. Para qualquer lugar que fosse na estrutura de metal sentiria o vento gelado. Então ela preferiu ficar sentada ali, esperando. Seus olhos perdidos na construção minúscula em meio a paisagem.

– Fuzilar aquele lugar não vai fazer com que seus problemas se resolvam, princesa.

Penelape desviou o olhar, focando nos de Max. Com a meia luz seus olhos pareciam duas bolas completamente escuras. Ele se sentou ao seu lado. Suas mãos descansavam sobre o metal da arma, a mira virada para baixo.

– Ajuda quando você pensa em formas de colocar aquele lugar abaixo.

– Violenta e explosiva.

Penelape curvou o canto dos lábios em resposta.

Ela olhou para o outro rebelde andando de um lado para o outro observando atentamente QuantumBurg. Max o havia chamado de Krylos mais cedo. Penelape não fazia ideia de como era sua aparência, ele usava o casaco cheio de bolsos a prova de balas que Max fez ela usar da última vez em que precisaram lutar pelas suas vidas. Seus dedos estavam cobertos por luvas pretas, e a touca cobria seu rosto. Na parte dos olhos o tecido parecia uma rede do mesmo tom, o suficiente para que ele conseguisse enxergar.

– Ele é sempre caladão assim? – Penelape sussurrou bem próximo de Max.

Ele espiou Krylos por um momento e deu de ombros.

– Skylar consegue ser bem assustadora quando dá ordens para suas missões.

– E ela não consegue te assustar por quê? – Levantou uma sobrancelha em provocação.

– Quando você descobre até que ponto uma pessoa pode ir e mesmo assim decide ficar ao lado dela. Nada que ela faça consegue te assustar.

Penelape ponderou por um momento, abriu os lábios para dizer que nunca ficaria ao lado de alguém assim, mas os fechou rapidamente.

O único lado sombrio que ela havia presenciado foi o de Mavie e mesmo assim ela quis ficar pela sua amiga.

Mavie, Mavis. Onde você está?

Desde que FP havia a pressionado para que entregasse sua amiga, Penelape não recebeu nenhuma mensagem dele, era como se tivesse desistido da ideia, mas ela sabia que FP não desistia das coisas tão facilmente, alguma ele estava tramando.

– Ficou quieta de repente, princesa. Parece que quem te deixou assustada fui eu no fim das contas.

– Não. Não é isso. Eu... – Hesitou. Não sabia como conversaria com Max sobre aquilo, então decidiu mudar o foco da conversa para outra coisa. – Você chegou a notar algo estranho em Sky nos últimos dias?

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora