Capítulo 59

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Penelape tentava não perder Faye de vista em meio ao caos instaurado nos corredores do laboratório, e da ondulação das sombras nos cantos de sua visão.

Por cima dos gritos de ordens dos soldados correndo por todos os lados, alguns soluços das mulheres e crianças algemadas sendo empurradas pelos corredores chegavam até ela.

Algumas vezes Max precisou alertá-la para não se meter, ela precisava terminar o que veio fazer, então Penelape fincava as unhas na carne de suas palmas e ignorava os soldados tratando aquelas pessoas como se fossem nada.

Depois que o sinal dos raios de Zoe foi disparado, interrompendo a energia, eles chegaram rapidamente ao laboratório. Penelape achou que seria necessário apagar alguns soldados antes de conseguir adentrar o caos do lugar, mas eles pareciam distraídos demais com problemas nos geradores para notar duas pessoas invadindo. Se olhassem duas vezes para eles saberiam que suas roupas eram um pouco diferentes dos demais.

Penelape sabia que o lugar estaria enfraquecido depois que Skylar havia criado o caos com os rebeldes. As gravações passando nos noticiários por semanas a fio havia dado de bandeja o que ela precisava ver. Os rebeldes causaram um grande buraco em suas defesas e demoraria muito tempo até que conseguissem fazer os novos contratados se familiarizar com o local. No pior dos cenários eles esperariam um ataque muito maior que cinco pessoas e um fantasma invadindo.

Idiotas pretensiosos.

Ela ajeitou o capuz escondendo a luz fraca de seu dispositivo, os óculos em seu nariz, que Max havia lhe entregado para que conseguisse enxergar no escuro, protegia seu olho violeta de brilhar.

O dispositivo funcionava ajustando a escuridão diante de sua visão, fazendo com que Penelape visse tudo em tons de cinza e branco. Seu fantasma era uma camada de cinza bem claro, se ela se distraísse com as pessoas ao redor poderia perder Faye e colocar ela e Max em perigo.

Faye virou a esquerda e Penelape puxou a manga do casaco de Max o guiando para o caminho certo.

– Isso continua sendo esquisito toda vez que você me puxa. – Comentou.

– Só é esquisito porquê precisa confiar em mim para te guiar.

Ela curvou os lábios apertados em um sorriso sem mostrar os dentes.

Faye parou no fim do corredor que se dividia para os dois lados, seu rosto virando para a esquerda, depois para a direita. Algo naquela direção a fez estagnar no lugar e Penelape entrar em estado de alerta. Ela levou a mão ao peito de Max o fazendo parar.

– Tem alguma coisa errada.

Assim que as palavras saíram de sua boca, o som de algo sendo arremessado contra o concreto chegou até eles. Faye deu um passo para o lado, e um soldado se arrastou pelo corredor deixando o rastro de algo que Penelape julgou ser seu sangue no piso frio. Logo atrás vinha duas crianças. A menor agarrava fortemente o braço da outra que encarava o soldado como se estivesse ponderando como iria matá-lo. Ela usava o dispositivo dele sobre os olhos para conseguir ver no escuro. Nenhuma das duas olharam em direção a eles.

– Pelos Deuses.

A voz de Max a tirou do torpor. Ela correu para perto de Faye observando a criança torturar o soldado, os lamentos dele se perdendo entre os gritos.

– Qual o poder dela?

– É isso que a deixou mais impressionada? – Max encarava boquiaberto as pequenas silhuetas se afastando no corredor.

Penelape desviou o olhar, o puxando em direção contrária onde Faye tornou a seguir.

– Na verdade, o que me impressiona é aquela criança possuir magia em um estado avançado ao ponto de derrubar uma pessoa muito maior que ela. – Penelape desviou do corpo caído em um ângulo estranho do outro soldado – Corrigindo, derrubou dois muito maiores que ela.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora