Capítulo 32

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 Penelape curvou o corpo, as mãos espalmadas nas coxas, sentiu uma risada brotando em sua garganta.

Seus ombros chacoalharam, quem olhasse de fora poderia jurar que estava convulsionando. Sua risada amarga, histérica, fez eco pelo salão do trono, ricocheteando afiada pelos três homens envoltos por sombras ali.

– Sabe – ela secou uma lágrima que escorreu pela bochecha. Voltou os olhos para o homem à sua frente. O capuz de sua capa estava puxado sobre o rosto, apenas seus olhos, de puro fogo, brilhavam fortemente nas sombras. Suas roupas pareciam tão antigas, com manoplas de aço escurecido envolvendo os antebraços, botas de couro grossas com ponteiras de aço sobre os pés, tiras de couro com fivelas afiadas envolvia seu peito formando uma armadura elaborada como se tivesse parado no tempo. – Uma parte de mim não quis acreditar quando simplesmente só apareci aqui. No começo pensei: Não, nem fodendo que poderia estar em outro inferno. Acabei de conhecer um, afinal. – Penelape começou a mancar de um lado para o outro, por mais que seu corpo estivesse doendo, implorando para que parasse, era melhor do que se permitir chorar e mostrar o quanto estava apavorada. – Mas então uma coisa terrível, esquisita e... Tenho quase certeza que aquela... aquela coisa que vive entre as paredes de pedra... – sua voz saiu esganiçada, um tremor ameaçando escapar de seus lábios. Apontou em direção aos paredões, o eco do calafrio ainda fresco em sua mente – Eu pude jurar que se aquilo me pegasse, estaria completamente fodida. Fodida para um caralho. Se já estou toda fodida agora, imagina se aquilo chegasse perto de mim o suficiente para...

Ela parou de andar, seu corpo todo tremia involuntariamente com a força para conter a enxurrada de sentimentos que estavam ameaçando transbordar para fora de si. As lágrimas arderam atrás de seus olhos, fazendo-a piscar algumas vezes para contê-las.

A figura encapuzada em frente ao trono a observava com olhos calmos e antigos, esperando que se acalmasse. Ele transmitia uma sensação de tranquilidade reconfortante.

Droga. Ele era capaz de esperar em silêncio que chorasse e nem ficaria um clima estranho.

Balançou a cabeça, tentando desanuviar os sentimentos, os mandando para um lugar longe de si, os contendo. Depois lidaria com eles.

Penelape endireitou os ombros, inclinando o queixo. Seus olhos queimaram nos dele. Não demonstraria fraqueza.

– O que realmente quero saber – continuou. Sua voz saindo afiada, sem hesitar. – Como vim parar aqui?

– A gente te trouxe, Penelape.

Ela se virou em direção a voz. O primeiro homem perto da porta saiu das sombras. Ele era exatamente igual àquele em frente ao trono de obsidiana.

– Para te ajudar.

Completou o outro entre as pilastras, dando um passo hesitante para o meio do salão. Para mais perto dela.

Penelape alternou o olhar entre os três homens. Eles eram iguais. Mesmas roupas, mesmos olhos de fogo brilhando nas sombras do capuz.

 – Para me ajudar... – murmurou cética. Como eles a ajudaram afinal? Tirando de QuantumBurg e deixando-a à mercê de almas e coisas malignas no meio do inferno. Penelape sentiu a raiva borbulhar em seu estômago. – E como vocês acham que me ajudaram? Olhem bem para mim – fuzilou cada um deles com o olhar, sua voz se alterando – Vocês acham que me trazer para o inferno, me largando no meio dele me ajudaria como? Como vocês me ajudariam assim?

Ela berrou a última frase, todo o cansaço acumulado em seus ombros se transformando em raiva.

Eles a encararam, nenhum deles pareceu abalado por suas palavras.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora