Capítulo 42

97 12 11
                                    

 – Ela se matou logo depois que recebi a mensagem. – Um músculo em seu maxilar se retesou com a informação dita em voz alta – Nunca tive a chance de conversar com ela pessoalmente. Talvez se tivesse dado uma chance, conseguisse entender o seu lado. Não sei se conseguiria perdoá-la pelo que fez, ainda me dói. Mas uma parte minha se sente culpado por ter sido tão frio naqueles últimos dias. Eu simplesmente decidi jogar toda a culpa em cima dela como se aquelas pessoas no laboratório não tivessem uma grande parcela de culpa. Foram eles que a fizeram tomar tal medida desesperada.

Penelape mordeu o interior da bochecha pensativa.

Pela primeira vez não sabia como confortá-lo. Era muita coisa para absorver naquele momento. Ele havia perdido pessoas importantes em sua vida, agora fazia sentido ser tão protetor com ela. Mas ainda tinha coisas que a incomodava em tudo aquilo.

– Dax, eu sinto muito por tudo que tenha passado. – Ele meneou a cabeça – Mas você disse que estava procurando por alguém naquele lugar. Eu achei que pudesse ser Aeli, mas... agora estou confusa...

– Eu sei. Estou atrás da pessoa responsável por tudo isso.

– Você quer vingança?

– Em partes sim.

– Como assim? – Um vinco de confusão se formou entre os olhos de Penelape.

– Depois de tudo o que aconteceu, que fez minha vida mudar completamente. Comecei a investigar por conta própria. – Daxton juntou as mãos, entrelaçando os dedos. Os olhos de Penelape foram atraídos para as novas cicatrizes rosadas ali – No começo, estava completamente cego pela vontade de retaliação, então pensei muito em como faria aquelas pessoas pagarem pelo que tiraram de mim. Mas algo acabou mudando no meio do caminho.

– O que aconteceu?

– Conforme fui investigando, me embrenhando mais e mais no meio de tudo isso. Acabei descobrindo algumas coisas que gostaria de continuar na ignorância. – Ele fez uma pausa, pensativo. A ponta de seu dedão percorrendo distraidamente o lábio inferior. Penelape precisou desviar o olhar – Alguns anos depois fui chamado para investigar um corpo que havia sido encontrado em QuantumBurg. Esse foi o primeiro que tive contato, estava exatamente igual a esses que estão aparecendo, a única diferença...

– É que não tinha os cães para comê-los e destruir uma boa parte das pistas. – Penelape completou por ele.

– Exatamente. No começo achávamos que poderia ser algum assassino em série, ou algum tipo de culto secreto. Mas parecia que a pessoa estava sempre à frente de nós. Qualquer pista mínima que achávamos chegar a algum resultado, levava a algum beco sem saída. Então logo tudo caiu por terra quando os corpos simplesmente pararam de aparecer. Até aquele dia nas cidades baixas.

– Mas o que tudo isso tem a ver? Sinto como se tivesse deixado alguma coisa passar despercebido.

Penelape respirou fundo, sentia como se seu cérebro fosse explodir de tanto pensar nas palavras de Daxton e achar alguma ligação.

Ele havia ido até aquele lugar com Aeli anos atrás. Ela confirmou que sua gravidez era algum tipo de experimento doentio. Pelos seus relatos as manchas descritas eram parecidas com as da mulher que a atacou. Assim como as...

– Nem fodendo – Penelape se levantou em um pulo.

– O que aconteceu? Você está com uma cara esquisita. – A sombra de um sorriso pairava sobre os lábios de Daxton.

– Preciso falar com Mavie.

Penelape deu apenas um passo em direção às estantes lotadas de livros parando de supetão.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora