Capítulo 55

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A tempestade havia se transformado em ventos congelantes. Os raios de Sol se infiltravam entre as nuvens, mas não era o suficiente para manter as pessoas aquecidas.

Sair pelas ruas de QauntumBurg era voltar com lábios rachados e os ossos rígidos. Ainda não estava nevando, mas em breve os arranha-céus ficariam com uma fina camada branca.

Penelape estava com uma caneca fumegante entre as mãos frias, um cobertor grosso sobre os ombros. Ela observava os raios de Sol refletindo nos arranha-céus ao longe, o barulho do trem entrava pelas frestas das portas fechadas de sua varanda.

Levou a caneca aos lábios, e torceu o cenho quando o líquido queimou sua língua.

– Cuidado, está quente.

Ela virou o rosto para o holograma de Megs que estava sentada na outra extremidade do sofá. Seus pixels tremeram quando ela se remexeu nas almofadas, como se estivesse com algo a pinicando.

– Se você não me falasse, juro que não teria notado.

Penelape deixou a caneca sobre a mesinha de centro, puxando as bordas do coberto para perto do rosto, esquentando as bochechas.

Havia se passado algumas semanas que eles invadiram a casa de Dominic, e Penelape ainda não sabia como absorver tudo o aquilo que descobriu.

De alguma forma, existia uma cópia de Atlan feita por Dominic carbonizado entre os escombros de sua casa.

Se um já era o bastante para deixar de cabelo em pé, imagina dois.

Pelo menos agora que uma boa parte da pesquisa de Dominic havia sido comprometida, eles talvez tivessem um pouco mais de tempo, antes de pensar o que fazer.

– Penelape? – Megs a chamou com sua voz monótona de inteligência artificial. Penelape encontrou seus olhos – Faz tempo que não vejo Mavie.

Megs fez um comentário inocente, mas Penelape sentiu o bolo se formando em sua garganta. Ela vinha pensando muito em Mavie, principalmente depois que FP a ameaçou.

Ela não via a Demônio a semanas, e isso que procurou por Mavie. Toda vez que saía de casa, Penelape ficava observando o topo dos arranha-céus em busca de qualquer corvo, qualquer coisa. Mas nunca tinha nada lá.

Cogitou ir até a casa de Sune, mas talvez não fosse uma boa ideia ir diretamente na cova dos Demônios. A verdade era que Penelape sentia muita falta dela. Tentava não pensar em Mavie quando estava com Daxton, mas ela sempre estava ali em seus sonhos.

O que aconteceu na biblioteca na casa de Sune, gostava de ficar se repetindo em looping na sua mente toda vez que fechava os olhos. Se Mavie ao menos tivesse deixado ela explicar. Precisava confiar que sua amiga iria se acalmar, Mavie iria procurá-la.

– Mavie está passando por um momento... difícil.

Penelape suspirou quase se engasgando na última palavra. Apoiou o cotovelo no encosto do sofá, e descansando a cabeça na mão.

– Compreendo.

Meg virou o rosto para observar os arranha-céus em QauntumBurg. Penelape ficou encarando seus pixels um pouco translúcidos. Uma ardência conhecida borbulhando em sua nuca.

– Achei que não iria mais vê-la. – Disse para Faye Talorix que se materializou no sofá ao lado de Megs.

Uma inteligência artificial pixelada e um fantasma, ambas com os corpos translúcidos encarando Penelape.

Ela havia programado Megs para que não oferecesse internação na ala psiquiátrica toda vez que um fantasma aparecia em sua casa, e ela começasse a falar sozinha.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora