Capítulo 23

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 A primeira coisa que notou, foi que não estava em sua cama. Nada novo no inferno.

A segunda era que ela não fazia ideia de onde estava. Também não era novidade.

Penelape já havia acordado em mais camas diferentes em menos de um mês, do que no período da faculdade.

E os sintomas do dia seguinte eram quase os mesmos de quando se enche a cara.

Sua cabeça latejava. Ela sentia seu estômago nauseado. E acrescenta uma dose de vergonha e humilhação por ter precisado ser cuidada como um bebê.

Olhou ao redor, e se espantou quando percebeu que o quarto era enorme. E tão... verde?

Trepadeiras se entrelaçavam nas vigas de madeira da cama de dossel. Criando, em alguns pontos, uma cortina de folhas em volta da cama.

Uma janela ao lado direito deixava a luz do luar entrar no cômodo, iluminando mais vasos de plantas espalhadas por todas as partes.

Penelape se sentou na cama cuidadosamente, seus movimentos lentos, como se estivesse embaixo d'água.

Seu corpo parecia que havia sido espancado, todas as partes doíam. Ela grunhiu de dor quando sua mão tocou levemente a pele de seu braço. Parecia tão sensível ao toque, como se tivesse sido esfolada várias vezes.

Ela agarrou o edredom e puxou para longe de seu corpo, notando o pijama que usava, e definitivamente ele também não era seu.

Bem, pelo menos estava vestida dessa vez. Ironizou.

A calça de flanela vermelha xadrez parecia um pouco gasta, deveria ser a roupa favorita de alguém. A blusa branca continha uma manchinha amarelada bem na altura do estômago. Certeza que era molho de tomate. Mavie costumava sujar suas roupas assim...

Penelape levantou uma sobrancelha, os pontos se conectando em sua mente.

– Mavie.

Ela se levantou com um movimento rápido, e se apoiou em uma das vigas, as folhagens sendo amassadas em baixo de sua palma, a fazendo grunhir.

O tapete branco macio envolveu seus pés, ela caminhou até a porta, e girou a maçaneta.

Penelape precisou piscar algumas vezes para seus olhos se acostumarem com a luz. Uma enorme sala de jantar com cadeiras de couro branco confortáveis, um jarro com rosas e peônias estava ao centro da enorme mesa de carvalho. Parecia um lugar onde pessoas se reuniam para fazer um grande banquete.

Lembrava um pouco o salão de Jas, a diferença é que o dono dessa casa gostava muito de plantas. O lugar parecia uma selva. Para todos os lados que Penelape virava haviam trepadeiras, jarros com costelas de adão, e uma enorme quantidade de rosas e peônias.

Penelape não conseguia imaginar Mavie morando em um lugar assim. Nunca havia conhecido a casa dela, mas sabia que Mavie não era uma pessoa muito boa com plantas. Muito menos na cozinha para ter uma sala de jantar enorme.

Se ali fosse a casa de Mavie, Penelape de fato não a conhecia direito. Independente se as duas fossem amigas a incontáveis anos.

Penelape ouviu uma risada feminina, atraindo sua atenção. Contornou a mesa e seguiu o som.

Entrou em um corredor que continha quadros enormes de paisagens. As imagens piscavam e mudavam conforme passava. Todas elas repletas de vales verdejantes, florestas, e castelos.

Penelape já havia lido sobre um mundo muito antigo, onde tecnologia era inexistente. Carros sobrevoando os céus, nem se passavam pela mente humana.

Olhando aquelas paisagens, Penelape não conseguia imaginar como era viver sem recursos tecnológicos. Estremeceu só de pensar em não conseguir controlar seus poderes.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora