Capítulo 18

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Penelape estava com os punhos cerrados sobre o colo, os nós de seus dedos brancos de tanto os apertar. Seus olhos colados atrás do banco de Skylar. Suas pernas tremiam involuntariamente.

Ela ao banco do motorista seguia de longe Fyris. Ao seu lado, no banco do passageiro, um cara encapuzado chamado Max controlava um drone. No painel à sua frente um holograma mostrava a paisagem ao redor. Volte e meia Penelape ousava dar uma espiada para ver onde estavam indo, porém apenas as areias se via por quilômetros a fio.

Daxton estava relativamente quieto ao seu lado, prestando atenção às ordens que Skylar ditava para Max.

Penelape se sentia um completo peso morto por estar tão em pânico andando em latas voadoras. Sabia que havia movimentação ao seu redor, só não conseguia ouvir o que era dito do tanto que seus batimentos pulsavam em seus ouvidos.

Tentava respirar o mais calmamente possível, tentando desacelerar seu coração. Sem sucesso.

Ela não conseguia entender como as pessoas faziam isso, como as pessoas lidavam com seus terrores.

Penelape preferia enfrentar leões usando apenas roupa íntima que precisar andar nessas coisas. Não entendia quando esse pavor, por qualquer coisa que voasse, começou. Ela só dava graças aos Deuses por não ter sido agraciada com poder de voar.

Suas axilas estavam molhadas, sentia que sua testa produzia gotículas de suor ameaçando escorrer para seus olhos.

 – Penelape? – Ela ouviu seu nome ao longe, parecia tão distante que se sentia embaixo d'água – Penelape?

Ela olhou assustada para Skylar, depois para Max, e por fim para Daxton que a olhava com as sobrancelhas unidas em preocupação.

Ele levou uma das mãos até sua testa.

– Você está gelada Penelape – abaixou a mão agarrando as dela unidas sobre o colo, e deu um aperto reconfortante às segurando.

Penelape tentou falar alguma coisa, mas seus lábios pareciam colados, sua garganta estava seca como se não tomasse nada a dias. Ela começou a ter uma ideia muito forte de que iria morrer se ficasse ali dentro por mais um pouco.

– Falta pouco – Daxton falou suavemente tentando tranquilizá-la – Já estamos chegando.

Ela sabia que era mentira, mas o simples fato dele estar tentando trazê-la de volta a deixava grata.

Daxton à encarava alheio a conversa entre Skylar e Max. Ele deveria estar em alerta ao seu entorno, mas a única preocupação era com Penelape, em fazê-la se acalmar, e ela não conseguia desviar dos olhos azuis dele.

– Você nem percebeu – ele voltou a falar sorrindo para ela – Mas naquele dia em que levei um tiro, você ficou tão preocupada com meu estado que esqueceu que estávamos sobrevoando a cidade. Será que preciso estar gravemente ferido para fazê-la ficar tranquila? – Provocou.

Penelape ficou com vontade de dar alguma resposta engraçadinha, ou pelo menos retribuir seu sorriso, mas não conseguia.

 – Hm... gente, temos um problema – Skylar falou apreensiva, chamando a atenção dos dois.

Ventos fortes fustigavam a lataria levantando enormes quantidades de areia ao redor. O holograma sumiu fazendo Max soltar um palavrão. O carro começou a chacoalhar e a dar pequenas quedas de altitude.

Penelape que já estava apavorada sentia que sua alma iria abandoná-la ali mesmo.

– O que está acontecendo Skylar? – Daxton perguntou, tentando olhar pela sua janela, mas a tempestade havia se intensificado, não dava para enxergar absolutamente nada mais.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora