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2007

—Já terminou Matilda? — Ouço Georg perguntar do outro lado da porta.

—Desculpa Georg, mas nem comecei. — Respondo aproximando um vestido sobre meu corpo para ver como ficaria.

A porta se abre bruscamente revelando a face de três garotos que entram com desespero estampado em suas faces.

—Como assim nem começou? — Pergunta Bill entrando no quarto.

—Gente, privacidade por favor. — Digo os olhando indignada.

Estamos todos em um hotel nos preparando para uma entrevista que teremos em algumas horas. Nossa banda, Tokio Hotel, estourou e está sendo citada em todos os lugares. Bill Kaulitz, o vocalista; Tom Kaulitz, o guitarrista; Georg Listing, o baixista; Matilda Müller, a tecladista e Gustav Schäfer, o baterista. Criamos tudo isso através de Bill, a mente brilhante entre nós.

—Você não está pelada, Matilda. — Diz Tom com ironia sentando em minha cama. — E mesmo que estivesse, o que você tem de tão interessante para mostrar?

Suspiro com esse comentário. Tom consegue acabar com o mínimo de autoestima que possa existir nos meus ossos.

Conheci os garotos quando por coincidência do destino, esbarrei em uns babacas que planejavam dar uma surra em Bill. Ele não é o mais ameaçador entre nós, então as pessoas acabavam tirando vantagem disso. Desde então não nos separamos, mas meu castigo é ter que conviver com o irmão gêmeo de Bill. O cara é um escroto, arrogante no nível máximo, não suporto nem ao menos olhar para ele... mas esse é o preço que eu tenho que pagar se quiser continuar nessa banda.

—Eu poderia estar, Tom. — Digo fuzilando o gêmeo mais velho.

—Acha que se Matilda estivesse pelada eu estaria aqui? Me poupe cara. — Gustav se defende por estar aqui dentro há mais tempo.

—Chega de falar sobre eu estar pelada ou não. — Digo revirando os olhos.

Tom solta uma risada nasal, passando a mão sobre a aba de seu boné e me olhando através do espelho e por um instante, me sinto envergonhada. Todas as vezes que ele me encara dessa forma, já espero que uma provocação ou um insulto salte de sua boca em seguida, mas dessa vez ele permaneceu em silêncio, o que me leva a opção número dois: ele está julgando algo em minha roupa ou pensando no quanto meu corpo é sem graça para uma menina de 15 anos.

Desvio meu olhar do seu, focando em meu corpo no espelho. Qualquer outra pessoa diria que eu tenho um corpo bonito para uma garota de 15 anos, e para ser sincera, não ousaria dizer que não, seios firmes e do tamanho certo em relação ao corpo, barriga chapada e coxas minuciosamente grossas. Mas é difícil manter um padrão convivendo com uma pessoa que tem como objetivo principal fazer eu me sentir péssima.

—Por que não usa isso? — Bill pergunta me jogando uma muda de roupas que eu não me lembro de ter visto antes.

—Nada mal, onde estava? — Pergunto analisando a calça e o cropped de mangas longas em minhas mãos.

—Você é tão burra que nem viu quando jogou isso aqui. — Tom diz apontando para as roupas no chão.

Mostro o dedo para ele e entro no banheiro para me trocar, suas provocações me tiram do sério.

Me visto e saio do banheiro ajeitando as mangas de meu cropped, levanto a cabeça e os meninos não estão mais ali, menos mal, temos apenas 40 minutos para chegar até o estúdio onde será feita a entrevista, preciso me apressar.

Saio do quarto e peço por um elevador, assim que ele chega no andar dou de cara com Tom.

—Pensei que fosse demorar mais. — Diz bufando.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora