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—Como assim? — Tom cruza os braços e se recosta na porta do quarto.

Uma das piores sensações que existem, com certeza, é a insegurança. A sensação de que algo está fora dos eixos. Eu sei bem que o que fiz com Tom não fez eu me sentir arrependida, mas o que minha mãe disse parecia tão verdadeiro, que me fez duvidar se estou sentindo alguma culpa em relação ao nosso "relacionamento" ou não.

—Olha, eu acho que faz sentido. — Abraço meu próprio corpo me sentindo desprotegida. — Quero dizer, essa sensação de que algo está errado apareceu assim que nós...

—Matilda, cala a boca. — Tom sussurra e olha para o chão. — Está me dizendo que está arrependida?

Sacudo a cabeça rapidamente.

—Claro que não. — Digo firme. — Tom, você entendeu o que eu quis dizer?

Ele ri de escárnio e continua sem olhar para mim.

—Entendi.

—Então me diz.

—Entendi que você está se sentindo uma merda por ter transado comigo, e que não devíamos ter feito aquilo... — Ele revira os olhos. — Porra, Matilda. Já passamos por isso uma vez, quer repetir a fita? Que merda.

Bato uma mão na testa e bufo exasperada.

—NÃO! Errado, você entendeu tudo errado.

Ele levanta as mãos e olha para cima como se pedisse uma ajuda divina.

—Então me explique outra vez. Por que acha que o que fizemos está te deixando assim?

—É esse o problema. Eu não sei se é isso que está me deixando assim, por isso vim aqui, quero descobrir se esse pressentimento realmente tem a ver com a gente.

A expressão dele se suaviza enquanto ele se desencosta da porta.

—Matilda.

Apoio as mãos na cintura e levanto a cabeça irritada.

—O que? — Explodo.

—O que você sentiu? De verdade.

Arqueio uma sobrancelha e dou de ombros.

—Uma palpitação no peito, como se algo ruim fosse acontecer. — Respiro fundo. — Ou tivesse acontecido.

Ele caminha lentamente até mim.

—Matilda, você se sentiu culpada por ter transado comigo? Busque isso na memória, acha que se fosse contar para alguém sobre isso, você se sentiria envergonhada?

Nego com a cabeça.

Ele assente.

—Então isso não é culpa.

Mordo o interior da bochecha.

—Então o que é essa palpitação que estou sentindo? Como se algo ruim tivesse acontecido, e que em breve serei castigada por tê-lo feito.

Ele suspira.

—Mat, sua família sempre foi bem religiosa, não é?

—Sim, e daí?

—Eles sabem que estamos juntos? — Ele pergunta e se inclina para me olhar bem fundo nos olhos.

Penso por um instante. Um longo instante.

—Não... acho que não. — Não tenho recordações de dizer a eles sobre mim e Tom, então não, eles realmente não sabem de nada.

—E você acha que se você contasse a eles sobre nós... eles levariam numa boa?

Nossa. Apenas em imaginar já tenho vontade de morrer.

—Não. — Solto uma risada nasalada. Olho para Tom e de repente começo a ver as peças começando a se encaixar umas nas outras. — ESPERA UM POUCO.

Ele sorri de leve.

Meu Deus, como não pensei nisso antes.

—Acha que essa sensação se dá ao medo de contar a eles sobre nós?

Ele comprime os lábios e assente.

—Aposto que quando caiu a ficha que você havia acabado de perder sua virgindade, seu subconsciente formulou muitos cenários ruins de como seus pais reagiriam a essa novidade. Você passou a vida sendo repreendida por eles por todos os erros que cometeu, e você acha que se contar a eles sobre isso, eles vão continuar agindo assim. — Ele estala a língua. — Você ficou com medo deles e nem percebeu.

Meu sorriso vacila.

—Isso é triste, não é? — Suspiro. — Eu ter medo de contar para eles sobre minhas experiências pessoais porque eles querem controlá-las a todo custo. Sabe, eu sempre odiei a forma como eles me tratavam como um bebê. Mas agora eu percebi que tem a ver em como eles viveram a vida deles. Não sei muito sobre as histórias deles na juventude, mas sei que meus pais não eram assim tão certinhos. Eles querem que eu seja melhor do que eles foram. Mas me sufocam.

Tom ri e envolve os braços ao redor da minha cintura.

—Eles só querem uma vida boa para você. Mas posso imaginar a frustração.

Entorto o lábio inferior.

—Não imagina não.

—É, não mesmo. — Ele sorri e então adquire um brilho nos olhos, aquele brilho de quando ele tem uma ideia que acha que deve ser super legal compartilhar. — Sabe, você deve conversar com eles.

Bufo.

—Eu sei.

Ele estica a mão e belisca de leve meu lábio inferior.

—Mas... junto comigo.

Arregalo os olhos.

—Você faria isso?

Ele revira os olhos.

—Claro que sim.

Meu sorriso se alarga e dou um pulo até minhas pernas estarem enlaçadas ao redor de seu quadril. Tom agarra minhas coxas e as segura pela parte de trás. Seu olhar desce até meus seios e ele sorri de canto.

—Mas antes vamos transar.

Arregalo os olhos com sua casualidade em dizer essa frase.

—Mas sua mãe está em casa.

Ele assente.

—Eu sei, então vou ter que te comer por trás, assim você pode enterrar o rosto no travesseiro e gritar tão alto quanto quiser.

Minhas bochechas de repente estão doendo de tanta vergonha.

—Tom... que horror.

Ele ri e se inclina para depositar um selinho em meus lábios.

—É brincadeira. — Ele se vira e me joga de costas na cama. — Acho que se você morder o cobertor já vai ajudar.

Solto uma risada alta e aceno com a cabeça.

—Você é meio pervertido.

Seu corpo maravilhoso sobe por cima de mim e já consigo sentir uma ereção se esfregar no meio de minhas coxas.

—Relaxa, só sou assim com você e... — Ele deixa a frase suspensa no ar e começa a depositar beijos em meu pescoço.

Seguro sua nuca e o puxo para cima.

—E quem?

Ele sorri de leve.

—E minha guitarra. Achou que eu fosse dizer alguma outra coisa, pirralha?

Explodo em risos.

Ele é tão... tudo o que eu sempre quis.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora