10.

422 34 15
                                    

—E ele parece ser tão legal... — Mordo o canto do lábio tentando impedir um sorriso de surgir.

—Até eu estou começando a achar isso. — Paolla ri enquanto despeja suco de laranja em dois copos.

Nos tornamos realmente bem amigas. Não paramos de nos falar desde que nos vimos pela primeira vez. Paolla é a única amiga que já tive depois de Jane na primeira série. E não vou negar que senti falta de ter uma amiga. Passei anos tendo apenas os meninos como amigos. É ótimo ter uma amizade feminina para poder conversar.

—Mas Tom foi tão... tão... UGH! Eu nem sei explicar o que foi aquilo. — Grunho e esfrego as palmas das mãos no rosto frustrada.

—O que ele disse mesmo? — Ela pergunta se sentando na ilha da cozinha e empurrando um dos copos com suco na minha direção.

—Que eu não devia conversar com o Austin. — Reviro os olhos. — E que ele só quer uma coisa de mim, algo que eu não posso dar... eu nem sei do que ele estava falando.

Ergo o copo e tomo um longo gole de suco.

—Espera, Austin? — Paolla estreita os olhos. — Austin Dunkler?

—Ah não, você também não... — Arquejo enquanto observo a garota pensativa à minha frente.

—Eu não conheço ele, mas já ouvi falar nesse nome. Acho que ele é bem popular. — Ela parece intrigada. — Ouvi falar que ele já namorou duas meninas ao mesmo tempo.

Cruzo os braços e a fuzilo com o olhar.

—Quero dizer, pode não ter sido ele... — Ela disfarça com um meio sorriso e um gole em sua bebida.

—Sabe, eu entendo que vocês só estão me alertando para caso ele for um babaca... mas eu não sinto que ele seja assim. — Confesso.

—Eu entendo Mat, de verdade. — Paolla diz com um olhar conselheiro. — Eu também tenho medo de gostar da pessoa errada.

Franzo a testa.

—Você está gostando de alguém? — Essa pergunta faz seu tom de pele mudar para um vermelho vivo.

—Eu não "gosto", sinto uma atração e acho ele bem legal e... lindo. — Ela enrola um dos cachos dourados e desvia o olhar por uns instantes. — Olha, eu não faço ideia se gosto dele ou não. Ele é simpático mas as vezes parece bem fechado...

Sorrio sem mostrar os dentes.

—Por que eu sinto que conheço essa pessoa? — Inclino a cabeça para o lado. — Está falando do Georg, não está?

Ela está tão vermelha agora que tenho medo que esteja fritando por dentro.

—Sim. — Diz de uma vez e engole o resto do suco.

Solto um riso.

—Eu aprovo. Conheço ele a tempo o suficiente para confirmar que é uma boa pessoa. — Também dou um gole em minha bebida. — E ele parece gostar de você.

Seus olhos brilham diante da minha frase.

—É sério?

—Eu não costumo mentir nem dar falsas esperanças, então sim, ele gosta de você.

—Puta que me pariu. — Ela se levanta do banco parecendo perplexa. — Onde ele está agora?

Arregalo os olhos.

—Está pensando em falar com ele agora? Não acha meio estranho? Sem ofensas, mas ele vai achar que você é maluca se aparecer de repente no meio do dia se declarando para ele. — Explico.

Ela suspira e pensa por uns instantes.

—Quando você disse que vai ser aquela festa? — Ela se vira para mim ansiosa.

—Semana que vem. — Digo me lembrando da informação que Austin me passou.

—E acha que posso ir?

—Sem dúvidas que sim.

—E Georg vai estar lá?

Sorrio abertamente.

—Com certeza.

—Então ótimo. Vou pegar ele. — Ela murmura mas parece se assustar com as próprias palavras. — Eu disse isso em voz alta?

Solto uma gargalhada alta o suficiente para ecoar pela cozinha.

—Disse sim.

—Mas espera aí... e você? — Ela faz uma pausa e põe as mãos na cintura. — Pretende conversar com Austin de novo, não é?

—Acho que sim.

—Então acho que você também devia cogitar a opção de... você sabe. — Ela sorri maliciosamente.

Franzo as sobrancelhas.

—Não, não sei.

—Pegar ele, Matilda. — Ela sussurra como se tivesse alguém mais na casa além de nós duas. — Beijar ele na boca, com língua, pegada...

A interrompo com a mão estendida.

—Já entendi. — Abaixo o braço. — Acha que eu deveria fazer isso?

—Não tenho dúvidas. — Ela dá uma piscadinha e se vira para a pia da cozinha.

Enquanto ela põe os copos na lava-louças, me permito pensar na possibilidade de beijar um garoto pela primeira vez. Só de imaginar consigo sentir o coração batendo na garganta.

É assustador, mas a ansiedade que está me corroendo no momento me diz que estou pronta para correr o risco.

Mas a sensação de que a ideia de fazer isso é errada também está presente.

Algo parece estar querendo gritar para que não o faça. Gritando a plenos pulmões "NÃO BEIJE AUSTIN DUNKLER".

E não sei dizer se essa voz é meu subconsciente sentindo um medo bobo ou... se essa voz pertence a outra pessoa.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora