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As pessoas gritam conforme nossos passos se aceleram em direção ao hotel. Não o nosso hotel. Mas sim o hotel que fomos convidados a visitar, o lugar que está empanturrado de pessoas glamourosas e bêbadas. A festa não estava nos planos, mas era óbvio que não recusaríamos.

Bem, eu recusaria. Mas estou tão agitada depois do show de hoje que sinto que posso lutar contra um leão.

O hotel é mais moderno e de um estilo bem mais despojado do que o que estamos hospedados, esse transmite um ar inconsciente de fama. O piso laminado é brilhante o bastante para que eu consiga ver meu reflexo perfeitamente de onde estou. E aproveitando a deixa, arrumo a jaqueta enorme que Georg me emprestou assim que saímos correndo para a van.

Entramos no salão quase como se estivéssemos em outro planeta. As pessoas aqui dentro não deixam transparecer a riqueza do lugar. Todos estão bêbados. Não sou experiente ou muito menos acho que reconheceria o cheiro de maconha, mas tenho certeza que aqui não está circulando apenas cerveja. Os olhos vermelhos do primeiro garoto que aparece se jogando até estar preso ao batente da porta deixa claro que estou certa.

O teto é alto, e quando olho para cima posso ver que existe um segundo andar. Um corredor que dá a volta pelas laterais do lugar, os corrimões são de vidro, o que deixa tudo ainda mais sofisticado. As luzes de led azul penetrantes em nossas visões e o som alto da música quase estourando nossos tímpanos e vibrando em nossos pulmões. É doideira, mas sinto que posso gostar da noite.

Quando olho para os meninos, me sinto ainda mais confiante. Todos estão animados, então me sinto segura para ficar também.

Desde que saímos do estádio, Tom não fez questão de me olhar nos olhos, nem por um segundo sequer. E estou me sentindo vitoriosa por isso. Não esperava que ele realmente fosse se enraivecer por causa daquilo. Considerando a discussão que tivemos horas antes do show e o jeito como ele expressou que não sentia mesmo nadinha por mim. É, ele está sendo meio incoerente. Mas isso é bom.

—Querem algo para beber? — Gustav agita as mãos e abre um meio sorriso.

Todos se entreolham em aprovação.

Inclusive eu.

—Você não bebe. — Tom afirma com os olhos frios como gelo.

Estalo a língua e tombo a cabeça de lado.

—Eu posso beber se quiser. — Dou de ombros. — Todo mundo começa por algum lugar. E além do mais... beber álcool faz parte da lista.

Bill franze as sobrancelhas com mais pressa que o esperado.

—Que lista? — Ele questiona se virando para o irmão.

Tom não o responde, mantém o olhar gélido e intimidador fixo em mim. Forço um sorriso, mas manter a postura com esse olhos julgadores sobre mim está sendo muito difícil.

—Uma listinha idiota. — Digo casualmente e me viro para a multidão. — Vamos dançar?

Puxo Bill pela mão e conforme andamos começo a perder Tom de vista. E tento não transparecer o alívio que deixo escapar em um suspiro pesado. Isso é quase tão constrangedor quanto contar um segredo obscuro sobre si próprio. Quero dizer... ninguém espera estar sentindo e fazendo ciúmes em alguém que já foi um absoluto nada em sua vida, não é? Tom e eu éramos quase como dois animais, ansiando pela morte brutal um do outro. E agora, o que eu quero é que ele veja que quando beijou aquela fã, eu senti ciúmes.

Não percebo que já estamos na pista de dança, apenas quando sinto Bill segurar em meus braços e me puxar próximo ao seu corpo. Abro um sorriso e passo as mãos por seu pescoço, fecho os olhos e balanço os quadris lentamente até quase estar totalmente agachada, ainda me segurando em Bill. Me levanto lentamente e esfrego as palmas das mãos sobre o peitoral do garoto.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora