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TOM's POV

—Tom Kaulitz? — Ouço uma voz me chamar.

Abro os olhos e percebo que estou sentado no chão, com a cabeça encostada na poltrona que usei para cochilar ontem. Ontem? Olho para a grande janela de vidro do hospital e vejo que está claro lá fora. Uma noite inteira se passou.

Giro a cabeça com cuidado ao redor do pescoço. Estou com torcicolo, ótimo.

Olho para cima com cuidado e vejo um médico parado no meio da sala de espera, segurando uma prancheta nas mãos. Ele está com uma máscara embaixo do queixo e com uma touca cirúrgica na cabeça. Um avental cirúrgico estéril me diz que ele acabou de terminar alguma operação. Ele analisa o lugar e crava os olhos em mim, quando vê que me levantei em um pulo.

—Sou eu. — Ajeito a postura e limpo a garganta.

Ele faz um gesto com a mão pedindo para que eu me aproxime. Meus joelhos se enfraquecem à medida que dou passos largos até ele. Ele estufa o peito e me olha de forma segura e gentil enquanto caminho.

—Sou o Dr. Ethan Miles. — Ele estende a mão para mim. — Sou neurocirurgião.

O cumprimento, sentindo meu coração começar a errar as batidas.

—Acabei de operar Matilda Müller. — Ele abaixa o olhar para a prancheta, me confirmando o que suspeitava. — Aqui diz que você deu entrada no hospital juntamente com ela, vocês se conhecem?

Assinto rapidamente.

—Ela é minha namorada.

Ele não diz nada, apenas continua folheando o prontuário.

—Vocês sofreram um acidente. Você já foi avaliado? — Ele pergunta sério.

Passo os dedos pelo curativo em minha bochecha e assinto.

—Hm... sim.

Ele analisa meu rosto e pergunta mais uma vez.

—Chegaram a te examinar?

Bufo começando a ficar ansioso.

—Doutor, com todo o respeito, não quero falar sobre mim, preciso saber como Matilda está. — Cruzo os braços e respiro fundo. — Por favor.

Ele assente, parecendo compreensivo.

—Matilda teve um aneurisma, a força do impacto lesionou o cérebro. Ou seja, uma parte da artéria cerebral dela se enfraqueceu, tivemos que fazer uma craniotomia, tiramos parte do crânio para podermos acessar o cérebro. Normalmente conseguiríamos operar de forma menos invasiva, por via endovascular. Mas a lesão estava localizada em uma parte delicada, além de ter sido um dos maiores aneurismas que eu já removi... — Ele suspira e passa a mão sob o queixo. — Ela reagiu bem a anestesia, e agora está no quarto. Está desacordada, é claro. Agora temos que observar como ela reage nas próximas 24 horas, e torcer para que acorde sem nenhuma complicação.

Passo ambas as mãos sobre a cabeça, tentando absorver o máximo de informações que consigo. E tento não me incomodar com o fato de que essa cirurgia teve mais de 10 horas de duração e ainda tenho mais um dia de ansiedade para enfrentar daqui para frente.

—Torcer para acordar sem complicações? Como assim? Você não tem certeza? — Pergunto sentindo minha garganta se fechar cada vez mais.

Ele suspira e olha no fundo dos meus olhos.

—Sr. Kaulitz, eu sou o melhor neurocirurgião desse estado, já vi de tudo, já vi pacientes sobreviverem a coisas terríveis e outros morrerem por bobagem. E já fiz milhares de operações como a que fiz em sua namorada. É um procedimento ao qual já me acostumei. Sou muito seguro quanto ao meu trabalho. — Ele encaixa a prancheta debaixo do braço e continua falando. — Porém, existem situações que, por mais que pareçam simples, temos que agir como se fossem irreversíveis. O aneurisma que eu removi de Matilda era enorme, e por mais que seja um procedimento comum, eu ainda tenho medo de que algo saia dos eixos. Porque eu sou um médico, e devo me preocupar com ela da mesma forma que me preocuparia com alguém que perdeu metade do cérebro. Então, sim. Temos que torcer para que tudo esteja bem quando ela acordar.

Mordo o lábio inferior com força. Mal consigo respirar.

—Mas isso não quer dizer que ela... e-ela vai ficar bem, não vai? — Estou rezando para que sua boca se mova com as palavras "sim, ela vai" saindo dela.

—Correu tudo bem durante a operação, e só tenho boas expectativas para o pós-operatório de Matilda. É só preocupação médica, não quer dizer que ela esteja mal. Não quero te deixar nervoso, garoto. — Ele sorri de leve e dá um tapinha em meu ombro. Me esforço para sorrir de volta. O alívio que me preenche é tão intenso que quase perco o equilíbrio, e o doutor precisa segurar meu antebraço para me amparar. — Opa! Você está bem?

—Estou, eu só... estou feliz. — Sorrio fraco.

—Entendo, mas por precaução, vou chamar alguém para te avaliar melhor, estou preocupado que você tenha sofrido alguma concussão.

Ele diz e se afasta.

Não me importo se minha cabeça estiver ferrada, jorrando sangue ou partida ao meio. Ela está bem. Matilda está bem.

Isso é tudo o que importa agora.

Vou ter ela de volta.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora